Candomblé globalizado

Desde que os negros saíram escravizados da África, pela primeira vez um Congresso reúne orixás do mundo todo

Durante toda a semana passada, o I Congresso Internacional de Orixás realizado em Salvador, Bahia, reuniu mais de mil especialistas e religiosos do Candomblé. Também chamado de Alaiandê Xirê, o evento reuniu pela primeira vez os líderes da religião desde que os negros saíram da África, há mais de 350 anos, escravizados para várias partes do mundo. Além da forte presença no Brasil, a religião é também praticada nos Estados Unidos, Europa e América Central.

Candomblé não é como aquelas religiões em que os gurus saem pelo mundo a pregar o mais que podem e conquistar fiéis instantâ-neos. A religião dos orixás é resultado das lembranças de deuses ancestrais na cabeça de homens e mulheres das mais variadas etnias, sequestrados de sua terra pelos escravistas europeus.

É na sua prática que residia a esperança dos africanos e seus descendentes de se livrarem da escravidão.

Religião dos Orixás
Trazida pelos escravos africanos, nessa religião não existe a idéia de salvação, da corrupção do pecado, nem a busca de uma vida eterna no além. Seus deuses, os orixás, são dotados de sentimentos humanos, como ciúme e vaidade.

Cada pessoa tem o seu orixá, que define as suas qualidades e defeitos. Usar esta ou aquela roupa, deixar de comer isso ou aquilo, são rituais derivados dos seus deuses. Nessa religião, só o santo particular é que define o certo ou errado e o que é proibido para um pode não ser para outro.