Cantareira volta a ter queda; Alto Tietê fica estável com volume morto

 

O sistema Cantareira voltou a registrar queda nesta segunda-feira (15). De acordo com dados da Sabesp, o reservatório opera com apenas 7,2% de sua capacidade. No domingo, era 7,3%.

Já o Guarapiranga caiu de 44,8 para 35,8 de domingo para segunda.

No balanço divulgado diariamente pela Sabesp, o sistema Alto Tietê aparece sem indicação da quantidade de chuva e da capacidade do reservatório. Procurada, a Sabesp informou que o reservatório ficou estável em 10,7%. No domingo, o sistema operava com 4,1% e, como o volume adicional, estava com 10,7%.

A Sabesp informou no domingo (14) que obteve autorização do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo) para “captar mais 39,46 milhões de metros cúbicos da represa Ponte Nova, representando mais 6,6% ao volume útil. Esse acréscimo de volume não necessita de bombeamento, sendo possível a retirada através da descarga normal”, disse a estatal.

O reservatório Alto Tietê, que abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da Grande São Paulo, está em uma situação crítica. De acordo com especialistas, o Alto Tietê depende de chuva intensa nas próximas semanas para não entrar em colapso em janeiro, antes mesmo do Cantareira.

A Sabesp diz que foi realizada uma batimetria (medição da profundidade) que permitiu ajustar a capacidade do Alto Tietê aproveitando a estrutura existente.

Afirma ainda que bastou, para isso, a autorização do DAEE, sem ser preciso aval de órgãos federais, como a ANA (Agência Nacional de Águas).

Roberto Kachel, engenheiro especialista em hidrologia e membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, diz estranhar a utilização desse volume morto pela Sabesp sem a realização de nenhum tipo de obra.

Para ele, um ajuste feito só a partir da batimetria indicaria um erro grosseiro de cálculo sobre a real capacidade do reservatório até então.

“Não é possível um erro dessa ordem. Errar meio metro na batimetria é um absurdo em termo de engenharia. Isso seria uns quatro a cinco metros de erro de batimetria. Se fosse meu aluno, faria dependência por no mínimo três anos. É algo absolutamente impossível”, diz Kachel, professor da Universidade de Mogi das Cruzes.

Antonio Carlos Zuffo, professor da Unicamp, afirma que, diante do atual quadro, a Sabesp irá captar a “água que tiver”.

Da Folha de S. Paulo