Capa|O desafio da informação

Há um ano, a Revista do Brasil é alternativa de informação. O desafio é ampliar com qualidade seu espaço no meio editorial e consolidar um projeto ousado de democratização do acesso à informação

O desafio está só começando

Há um ano a Revista do Brasil é alternativa para quem não gostava do que lia e oportunidade para quem gosta de ler e nem sabia. Seu desafio é ampliar com qualidade seu espaço no meio editorial e consolidar um projeto ousado de democratização do acesso à informação


Na sala de aula
A bancária com formação em Pedagogia Viviane Cristina Assôfra utiliza os assuntos da pauta da RdB na escola. Professora voluntária no projeto Sementes (SP), ela passa seus sábados e domingos com cerca de 35 alunos. “Sempre levo textos leves para estimular o interesse e o gosto pela leitura.” Na abordagem sobre políticas afirmativas, levou para a aula a edição de novembro de 2006, recheada de assuntos relacionados à questão racial

Com esta edição, a Revista do Brasil supera a marca dos 4 milhões de exemplares. Há 12 meses chega à casa de trabalhadores associados a dezenas de entidades sindicais participantes do projeto. E levou, até aqui, 608 páginas de informação com abordagens pouco vistas nos veículos de comunicação num universo de entrevistas, reportagens sobre a política nacional e internacional, economia, crônicas, dicas de cultura, arte, lazer, viagem, saúde, comportamento, história, meio ambiente, lições e desafios da cidadania.

Sem deixar de produzir os jornais e boletins que tratam de sua luta cotidiana, 23 organizações sindicais decidiram, há um ano, unir forças em torno de uma publicação popular com o objetivo de prestar mais um serviço a seus associados: uma alternativa de informação, para quem não tem acesso à leitura, e também uma informação alternativa, para quem tem acesso mas não se satisfaz com o que vê na mídia convencional.

O experiente jornalista Mauro Santayana, 73 anos, lembra que os grandes veículos de comunicação não têm interesse em apresentar o ponto de vista do trabalhador, mas sim de banqueiros e grandes corporações multinacionais. “Essa é uma tentativa importante de levar a palavra dos trabalhadores para a sociedade. O trabalhador tem uma visão que parte dele mesmo, de sua condição de oprimido. A redenção de sua classe só poderá se dar com solidariedade e informação. E nesse sentido a Revista do Brasil atingiu seu objetivo neste primeiro ano”, opina Santayana, que já trabalhou nos principais jornais do país, viveu alguns anos no exílio após 1964 e hoje mora em Brasília, onde é colunista do Jornal do Brasil e colaborador da RdB.

Na opinião do jornalista Juca Kfouri, que durante 16 anos dirigiu as revistas Placar e Playboy e hoje é conhecido também no meio eletrônico, a maior qualidade da publicação é sua postura editorial: “Gosto da revista e gosto mais ainda que entidades assumam posturas editoriais claras, com suas visões de mundo, e tratem de divulgá-las com veículos como a Revista do Brasil. Aliás, acho que a chamada grande imprensa deveria fazer o mesmo, sem disfarces. Porque o jornalismo tem lado, sim, e é muito salutar que a sociedade conheça o lado de cada veículo. A Revista do Brasil cumpre esse papel e o faz com qualidade e graça”.

Essa honestidade editorial rendeu à publicação uma tentativa de censura logo de seu lançamento, em junho do ano passado, quando a coligação PSDB-PFL entrou com representação no Tribunal Superior Eleitoral contra a CUT-SP. O TSE determinou que a central retirasse o acesso à revista de sua página na internet. Como é comum às tentativas de censura, a medida arbitrária acabou dando maior visibilidade ainda ao projeto e motivou um protesto público em defesa da liberdade de imprensa e da democratização dos meios de informação.

Hoje, este número 12 chega a todas as regiões do país graças ao esforço de 36 entidades parceiras, representantes de profissionais das mais diversas áreas – indústria, comércio, serviços, setor financeiro, educação, saúde, energia.

Projeto maior

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