Carro asiático terá 25% do mercado brasileiro em 2025
Montadoras asiáticas deverão abocanhar cerca de 20% do mercado brasileiro de automóveis até 2025, prevê estudo da Fundação Vanzolini, realizado a pedido de vários sindicatos de metalúrgicos. Essa projeção preocupa os trabalhadores do setor, porque evidencia avanço das importações no setor.
De acordo com a pesquisa “Competitividade e Futuro da Indústria Automobilística”, a atual concentração de 82% do mercado nacional nas mãos de Fiat, GM, Volkswagen e Ford será reduzido a 66% nos próximos 15 anos, com maior participação de fabricantes de origem chinesa, coreana e japonesa. O número de carros produzidos terá um salto de quase 100% no período, passando de 3,5 milhões de unidades em 2010 para 6,2 milhões.
Os sindicatos estão preocupados, porque as montadoras asiáticas, na avaliação deles, tradicionalmente fabricam seus carros nas respectivas matrizes, relegando às unidades no exterior apenas a montagem dos veículos. “No cenário atual, transmissão, motor, air-bag, tudo é importado pelas montadoras asiáticas, como Honda, Hyundai, Toyota. Se os carros fossem produzidos integralmente aqui, o país poderia gerar pelo menos 25 mil novos empregos diretos e 120 mil na cadeia todo o ano”, diz Fausto Augusto Junior, economista do Departamento de Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O diretor de recursos humanos da Volkswagen, Nilton Junior, argumentou que a indústria brasileira precisa de um ambiente mais competitivo para convencer matrizes a apostar em novos modelos e investimentos. “A questão é como respondemos a essa competitividade, o que faremos para ter condições de fazer parte dessa competição e manter os níveis atuais de emprego. A folha de pagamentos é extremamente onerosa, desonerá-la pode ser um fator importante para a indústria avançar.”
Diante do avanço das importações de produtos industrializados e de eventual risco de desindustrialização do setor automotivo, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, voltou a cobrar do governo a criação de uma câmara tripartite – formada por trabalhadores, empresas e governo – para a elaboração de políticas que fortaleçam a indústria nacional. “Isso não só para o setor automotivo, mas para toda a indústria, porque empregos de qualidade que conquistamos nos últimos 30 anos estão em risco. Não queremos seguir o mesmo rumo da indústria de calçados e têxtil, que passaram a ser meros importadores”, afirmou Nobre.
Do Valor Econômico