Carro elétrico ajuda ambiente, mas bateria exige mineração, e é um problema
Passados sete anos do desastre ambiental de Mariana e três de Brumadinho, o setor da mineração pretende transformar as cicatrizes em uma nova etapa, a da mineração sustentável. Atividade de alto impacto ambiental e social, e ao mesmo fundamental em um cenário de transição energética e, portanto, alta demanda por baterias (tanto para veículos quanto para parques eólicos), a mineração brasileira investe na agenda ESG, tanto por parte do governo quanto da iniciativa privada.
Especialista no setor, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez tem uma visão crítica da forma como se minera o Brasil e é cético quanto à mineração sustentável. “Dentro da academia há quem considere a mineração sustentável uma contradição em termos, há uma série de críticas. O setor tem feito avanços [para reduzir impactos], mas o próprio setor reconhece que é impossível fazer mineração sem impacto ambiental.
Há grupos que falam em mineração responsável e não sustentável, que pode ser algo mais realista”, explica. Pela parte do governo, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, tem falado em eventos sobre o programa de estímulo a empreendimentos de mineração sustentável, o Empreendedor Verde, que inclui o combate à mineração ilegal, e é inspirado na mineração da Austrália e principalmente do Canadá.
A iniciativa privada também concentra os seus esforços na mineração sustentável. O Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) lançou no dia 30 de setembro uma consulta pública para receber contribuições ao processo de adaptação e tradução dos oito protocolos do TSE (Towards Sustainable Mining. Para Bruno Milanez, o debate da sustentabilidade na mineração não pode estar apartado da discussão sobre a quantidade de energia que se consome e da eficiência energética.
Do UOL