Carros da China dominam México com ajuda da GM
As montadoras ocidentais caíram em uma armadilha na China: após mais de duas décadas de lucro fácil e crescente em associações meio-a-meio com empresas estatais, a partir de 2020 empresas da indústria automotiva mundial, notadamente Volkswagen e General Motors, perderam a corrida tecnológica e a folgada liderança que tinham para fabricantes 100% chineses com seus carros híbridos e elétricos. Resultado: as vendas de marcas tradicionais entraram em queda-livre e as perdas dispararam.
Sem opção melhor para remediar a imensa ociosidade de produção e os prejuízos decorrentes a partir de 2020 a GM adotou a tática de exportar para países onde já têm presença, a começar pelo México, volumes crescentes de carros produzidos pela joint venture SAIC-GM-Wulling na China. O sócio chinês produz os veículos – principalmente modelos só com motor a combustão com vendas em baixa na China, a GM coloca neles o emblema Chevrolet e os embarca para sua já estabelecida rede mexicana de concessionárias.
A manobra está longe de compensar toda a queda no mercado chinês e a ociosidade das fábricas, mas produz lucros pelo baixo custo de produção chinês, segundo dizem executivos graduados da GM. Contudo metade dos ganhos vão direto para o sócio chinês, que além de ganhar com a GM também passou a competir no mercado mexicano com sua marca MG. Olhar para o que acontece no México pode ser um prenúncio para outros mercados.
A mesma tática começa a ser tentada também no Brasil com a importação, este ano, de dois modelos elétricos da mesma joint venture na China que chegarão aqui como Chevrolet Spark e Captiva. Este problema pode ficar maior ao passo que outras montadoras instaladas no Brasil estão adotando a mesma tática da GM. No melhor estilo “se não pode com eles junte-se a eles” a Stellantis vai começar em breve a importar carros da sócia chinesa Leapmotor, enquanto a Renault tenta fazer o mesmo com modelos da Geely.
Da AutoData/ Pedro Kutney