Carta ao Leitor|O Brasil é para hoje

Nos anos 40 – e lá se vão mais de 60
anos – o
Brasil ganhou fama de “país do futuro”.
Petróleo, siderurgia, legislação
trabalhista e
desenvolvimentismo transpiravam esperança de progresso
social.
Na década de 60, como os louros do desenvolvimento eram
restritos a uns poucos, o clamor social era para que o
“futuro” chegasse para mais gente. O clamor foi
calado pelo
golpe militar aplicado contra as reformas de base – trabalho,
terra, emprego para todos. Os anos de chumbo inauguraram
também
a era do “este é um país que vai pra
frente”
e do milagre econômico, mas era “preciso esperar o
bolo
crescer para depois dividir”. Ninguém podia chiar,
e os
ricos comiam o bolo sozinhos.

Os anos 80 trouxeram de volta a democracia. Do bolo dos militares
não sobrou migalha. E a farsa do milagre
econômico, como a
carruagem da Cinderela, virou abóbora. Entramos na chamada
“década perdida”, e o que crescia no
Brasil era a
inflação. E a miséria, que continuava
sem sua
parte do bolo. Após dezenas de planos mirabolantes para
domar a
inflação, o Brasil começa a respirar
um pouco de
“estabilidade” a partir do Plano Real, no meio da
década de 90. Quem pensou “agora
vai!”  viu a
nova economia entregar empresas para o capital privado, nacional e
estrangeiro. Corporações se fundiram e passaram a
concentrar mais riqueza e mais poder.
Terceirização,
deterioração e informalidade tomaram conta do
mundo do
trabalho. O desemprego dobrou em dez anos e, segundo os comedores de
bolo de sempre, o culpado é – pasme – o
trabalho
decente: seria preciso reduzir direitos para gerar mais empregos. Mais
algumas semanas de mandato e o governo anterior teria reformado a lei
para vigorar esse raciocínio…

O país entrou no século 21 com desemprego em
massa, a
distribuição de renda não aconteceu,
educação e saúde pública
degringolaram, a
violência explodiu. Para que queríamos a
estabilidade
econômica mesmo? Ninguém quer a
inflação de
volta, nem as privatizações, a ditadura. Mas olhe
um
pouquinho para esse resumo do passado.

Foram 60 anos que pouco geraram para a imensa maioria da
população, embora riqueza nunca faltasse ao
país.
Faltou foi vontade política para eliminar as
injustiças.
Agora, olhe para o futuro: a hora do voto é o horizonte.
Eleições não resolvem tudo, mas podem
colocar a
solução dessas questões na pauta do
dia e
determinar para que lado nosso país será
conduzido.
É você e seu poder de escolher: vai querer o
Brasil para
hoje, ou fica de novo para depois?