Carta ao Povo Brasileiro: Entidades pedem mobilização contra golpismo
Uma Carta ao Povo Brasileiro foi divulgada ontem pela CUT, MST, UNE, CMP, Pastorais Sociais da CNBB e mais de 40 entidades nacionais. O documento será entregue hoje ao presidente Lula.
Segundo o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, que participou do encontro, a carta defende a mobilização popular contra o golpismo de direita que tenta desestabilizar o governo Lula; exige a apuração das denúncias de corrupção; pede mudanças na política econômica com a queda nos juros; e defende uma reforma política democrática como elementos fundamentais para o País avançar na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Para João Pedro Stédile, do MST, a mobilização proporcionada pela carta é importante porque, em sua opinião, a crise instalada em Brasília é resultado de um movimento golpista que inclui motivações internacionais.
Já Luiz Marinho, presidente nacional da CUT, destaca o teor do documento para combater a atuação de forças internas que agem contra o governo Lula. “Parte do empresariado paulista já concluiu que o Lula não pode ser reeleito”, afirma Luiz Marinho.
Leia os principais trechos do documento
Contra a desestabilização política do governo e contra a corrupção: por mudanças na política econômica, pela prioridade nos direitos sociais e por reformas políticas democráticas! Com a força desta história recente, mas vigorosa, de fortalecimento e radicalização da democracia em nosso País, que nós, representantes das organizações populares, das organizações não governamentais, do movimento sindical, dos movimentos sociais e personalidades, convocamos toda a sociedade brasileira, cada cidadão e cada cidadã, para uma grande e contínua mobilização que torne possível enfrentar a crise política e fazer prevalecer os princípios democráticos.
Nas últimas eleições, com a esperança de realizar mudanças na política neoliberal que vinha sendo praticada desde 1990, o povo brasileiro elegeu o presidente Lula.
A eleição do Lula reacendeu as esperanças na América Latina e influiu de forma positiva em alguns conflitos políticos na região.
De olho nas eleições de 2006, as elites iniciaram, através dos meios de comunicação, uma campanha para desmoralizar o governo e o presidente Lula, visando enfraquecê-lo, para derrubá-lo ou obrigá-lo a aprofundar a atual política econômica e as reformas neoliberais, atendendo aos interesses do capital internacional.
Preocupados com o processo democrático e também com as denúncias de corrupção que deixaram o povo perplexo, vimos à publico dizer que somos contra qualquer tentativa de desestabilização do governo legitimamente eleito, patrocinada pelos setores conservadores e antidemocráticos.
Por isso, vimos a público defender, e propor ao governo Lula, ao Congresso Nacional e à sociedade civil, as seguintes medidas:
1) Realizar e apoiar uma ampla investigação de todas as denúncias de corrupção que estão sendo analisadas no Congresso Nacional e punir os responsáveis;
2) – Excluir do governo federal setores conservadores que querem apenas manter privilégios, afastar autoridades sobre as quais paira qualquer suspeição e recompor sua base de apoio, reconstruindo uma nova maioria política e social em torno de uma plataforma anti-neoliberal;
3) Realizar mudanças na política econômica no sentido de priorizar as necessidades do povo e construir um novo modelo de desenvolvimento, com queda nos juros;
4) Realizar, a partir do debate com a sociedade, uma ampla reforma política democrática. Queremos também a imediata regulamentação dos processos de democracia direta, que implica o exercício do poder popular mediante plebiscitos e referendos, conforme proposta apresentada pela CNBB e a OAB ao Congresso Nacional;
5) Fortalecer os espaços de participação social na adminis