Casos de Aids caem entre idosos do ABCD

Redução de registros na Região é tendência oposta à apontada no restante do País

 Enquanto no Brasil a estimativa é que, a cada 100 mil brasileiros acima de 50 anos, 40 estejam infectados com o vírus HIV, o ABCD registra queda na quantidade desses pacientes. Levantamento do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, mostra que em 2008 foram registrados três casos na Região, sendo um em Santo André e dois em São Bernardo. No ano passado, até junho, último dado disponível, foi diagnosticado apenas um caso, em Diadema.

A queda contrasta com o biênio 2006/2007, quando houve aumento no número de pessoas acima de 50 anos infectadas pelos vírus HIV. Enquanto em 2006 foram 11 casos na Região, em 2007 foram 15 notificações. O ABCD segue a tendência de queda do Estado: entre 2008 e junho de 2009, a quantidade de infectados da terceira idade caiu de 50 para 23.

O médico infectologista do Hospital Emilio Ribas, Jean Gorinchteyn, destacou que estes dados devem ser encarados como uma estabilização da situação. “Não é possível comparar a Região com o Brasil. Desde 2002, a quantidade de casos de pessoas infectadas acima de 50 anos tem aumentado consideravelmente. Até essa data, a estimativa era de 18 pacientes para cada 100 mil habitantes. Hoje são 40 para cada grupo de 100 mil”, enfatizou.

Entretanto, o professor da disciplina de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC, Hélio Vasconcellos Lopes, acredita que esse aumento de casos de HIV em pessoas que estão na terceira idade se deve a outro fator. “Grande parte desses portadores do vírus são pacientes que estão doentes desde o primeiro surto da doença ainda na década de 1980 e hoje estão na faixa dos 60 anos de idade”, opinou.

Lopes explicou que isso se deve aos avanços da medicina no tratamento da doença. “Um novo caso de soropositivo tem grandes chances de morrer de outro problema, e não de Aids. Basta seguir o tratamento”, salientou. Os pacientes têm acesso aos medicamentos gratuitamente por meio do programa Nacional de DST/Aids e Hepatites.

Envelhecimento – Estudos apontam que, até 2015, 50% das pessoas portadoras do vírus HIV estarão acima dos 50 anos. “Os pacientes estão envelhecendo”, alertou o infectologista Jean Gorinchteyn, revelando que a região Sudeste é a que mais apresenta novos casos de Aids. “Em segundo lugar estão os Estados do Sul”, afirmou.

De acordo com o médico, a tendência é que os casos de idosos soropositivos devem crescer nos próximos anos. Entre os motivos está a falta de campanhas de conscientização direcionadas a quem está na terceira idade. “Para quem tem mais de 55 anos, a Aids é algo distante e que só acontece com jovens. Esse tipo de pensamento é muito comum”, disse.

Gorinchteyn afirmou ainda que parceiros com relações extraconjugais contribuem para a transmissão do vírus. “Para essas pessoas, uso de preservativos não é comum. Hoje, com a chegada do Viagra, a tendência é o aumento nos casos de infecções. Temos de estar alertas a isso”, ressaltou o infectologista, autor do livro “Sexo e Aids depois dos 50”.

 “Discutir sexualidade é um tabu e fazê-lo com pessoas acima de 50 anos se torna uma missão árida, principalmente porque falar de Aids é ir além do debate do sexo, é abordar hábitos, desejos e fantasias diferentes do que foi estabelecido como moral, ético e aceito pela sociedade”, afirmou o autor.

Testes gratuitos – Seis cidades do ABCD realizam a partir desta terça (16/11) a campanha Fique Sabendo, para incentivar o diagnóstico precoce da infecção pelo vírus da Aids, considerado fundamental para o sucesso do tratamento. Na Região, apenas Rio Grande da Serra não realizará a ação.

Até 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids, cerca de 120 mil exames, dos quais 20 mil testes rápidos (resultados em cinco minutos), deverão ser realizados no Estado.

Os exames serão feitos em unidades de saúde das cidades da Região. Ao todo foram mobilizados para a ação no Estado 40 mil profissionais de saúde.

Além de oferecer exames, a campanha pretende incentivar pessoas que nunca realizaram o teste a conhecerem o seu status sorológico verdadeiro. “É fundamental que as pessoas com vida sexual ativa façam o teste, para descobrir se são ou não portadores do vírus e, em caso de positividade, iniciar o tratamento”, afirmou a coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids, Maria Clara Gianna.

Informações sobre as unidades participantes podem ser obtidas no 0800-16-25-50.
 
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