Categoria faz reforma sindical na prática
Os metalúrgicos do ABC colocam em prática propostas da reforma sindical antes mesmo dela entrar em vigor. As representações dos trabalhadores nas montadoras, por exemplo, negociam PLR e outras reivindicações para os companheiros de categorias nas empresas terceirizadas. Eles se adiantam a um dos pontos importantes da reforma, que é mudar o enquadramento sindical de categoria por ramo de atividade. Assim, quem trabalha em restaurante de metalúrgica será representado pelo sindicato dos metalúrgicos. Isso já é feito na nossa base.
Todos são metalúrgicos
Só neste ano, a Comissão de Fábrica (CF) na Mercedes-Benz negociou PLR e condições de trabalho com empresas de construção civil, alimentação e limpeza, entre outras, beneficiando mais de 2.000 trabalhadores não metalúrgicos.
“A maior parte desses companheiros é representada por sindicatos que só aparecem na hora de recolher as contribuições. O pessoal nem sabe onde ficam as sedes”, conta Edilsom Ferreira da Silva, o Zé do Mato, representante da CF nas negociações com terceiros.
“Os empresários continuam em um mundo onde não discutem nada com ninguém ou só conversam com sindicato que não representa ninguém”, diz Zé do Mato. “Quando entramos na história, os patrões começam a choradeira, mas tudo termina com acordos e o fortalecimento da organização no local de trabalho, que é nosso objetivo”, conclui.
Entre outras não metalúrgicas, a representação negocia com Siemens; Premiere e ISS (limpeza); Atta e Sapori (alimentação); Avape (filantrópica); Vega Ambiental e Jecap (logística).
Na Volks, negociações para 500
Segundo Murilo Donizete, do Comitê Sindical, mais de 500 companheiros de outras empresas foram beneficiados este ano em acordos feitos pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Foram negociações com firmas de limpeza e de alimentação para resolver problemas como carga horária, atraso de pagamento e cobrança de PLR.
“Eles são representados por sindicatos despreparados, que fazem a negociação que chamamos degrau de escada: começa lá em cima e vem descendo” explica o representante do Comitê Sindical.
Isto é, aqueles sindicatos iniciam com uma proposta irreal e, no final, aceitam o quanto conseguirem. “Nós fazemos diferente. Negociamos com objetivo claro e lutamos por ele”, conclui Murilo.
Mudança de sindicato na Ford
Companheiros de pelo menos quatro empresas de terceiros recebem apoio na Ford: GR (restaurante), BMS-Mosolf (movimentadores de veículos), Tegma (organização do pátio de automóveis) e TDS Git (montadora de componentes de motores).
Entre outros assuntos, são debatidos mão-de-obra, condições e jornada de trabalho, salários e PLR, dizem Edvaldo José de Moura, o Pula-Pula, do Comitê Sindical, e Wagner Batista da Silva, vice-coordenador do SUR.
Tudo acompanhado por pelo menos dois companheiros das firmas envolvidas.
Os resultados têm sido tão bons, segundo Pula-Pula e Wagner, que o pessoal na BMS-Mosolf, Tegma e TDS Git se filiaram também ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Scania não gosta do relacionamento
O Sistema Único de Representação (SUR) na Scania acompanha as atividades de cerca de 30 empresas que prestam serviço na fábrica, conta Claudio Ribal, um dos membros da representação responsáveis pelo assunto. Um caso recente foi a greve de 12 trabalhadores na Pinturas Ipiranga por PLR e que acabou em acordo.
Agora o SUR está de olho na Mastim. “Os patrões fingem desconhecer que a PLR é lei”, reclama Ribal. “O Scania Clube também está na lista e várias outras empresas que mandamos pauta e estamos cobrando a resposta”, prossegue.
Ele conta que a Scania não gosta muito do relacionamento do SUR com os terceiros, mas os metalúrgicos dão uma força assim mesmo.
“Na verdade, quem conquista são os companheiros nestas emp