Categoria prestigia lançamento de livro e debate sobre Sindicalismo, Democracia e Trabalho

Obra, organizada pelo Ministro do TST, Maurício Godinho Delgado, conta com artigo de diretor dos Metalúrgicos do ABC sobre negociação coletiva

Foto: Adonis Guerra

“O solo sagrado da classe trabalhadora”, como o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, costuma se referir à Sede, foi palco, na noite da última sexta-feira, 4, do lançamento do livro Multidimensionalidade do Sindicalismo no Estado Democrático de Direito (Editora Mizuno). O evento contou também com uma palestra do organizador da coletânea de artigos, o vice-presidente e ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), professor doutor Maurício Godinho Delgado.

O presidente dos Metalúrgicos do ABC fez questão de destacar o papel do Sindicato. “Este Sindicato não luta apenas para que os trabalhadores tenham melhores salários e condições de trabalho. Entendemos que é nosso papel lutar para que todos tenham dignidade, acesso ao emprego, à alimentação, à cultura, à educação, à saúde e também à riqueza produzida. Não queremos a divisão da pobreza, queremos a divisão da riqueza. E sabemos que, para alcançarmos o projeto que tanto almejamos, precisamos da Justiça do Trabalho. Temos que somar forças com todos que também lutam por esse projeto para os trabalhadores”.

Foto: Adonis Guerra

O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, que escreveu um artigo para a publicação em coautoria com o professor Marcelo Mauad — advogado e coordenador do departamento jurídico dos Metalúrgicos do ABC — destacou a relevância da negociação coletiva, tema central do texto assinado por ambos.

“Me senti muito honrado com o convite. Temos dialogado com os tribunais e as universidades sobre nossas experiências positivas por meio da negociação coletiva. No Brasil, ainda predomina a cultura do dissídio, a terceirização das negociações, dos conflitos naturais entre capital e trabalho, e é essa cultura que chega à Justiça do Trabalho”, explicou.

O dirigente concluiu lembrando que as boas práticas, como a negociação coletiva, muitas vezes passam despercebidas. “Quando um conflito é resolvido, ninguém fala sobre isso, porque a vida segue naturalmente. Por isso, ter a oportunidade de escrever e falar sobre o tema é fundamental. A negociação coletiva é um instrumento essencial. O artigo que escrevemos traduz muito da essência deste Sindicato. Não existe democracia sem sindicatos fortes e ativos”.

Foto: Adonis Guerra

O coordenador do departamento jurídico, Marcelo Mauad, enalteceu o ministro presente como referência para todos os profissionais e estudantes do campo do direito e destacou a importância dos sindicatos na atualidade.

“Ao longo da semana deixei uma pergunta aos meus alunos: Qual é a importância dos sindicatos de trabalhadores na atualidade? O sindicato é um instrumento de lutas dos trabalhadores, sem estas entidades, os trabalhadores não teriam como galgar melhorias, buscar melhores condições de trabalho, de vida, salários. Os sindicatos fazem esta luta, mas, ao mesmo tempo, é o sindicato um instrumento de diálogo. E foi este o mote que utilizamos para escrever nosso artigo, publicado nesta coletânea”.

“Não há democracia sem um movimento sindical forte”

Em sua palestra, o professor doutor Maurício Godinho Delgado, destacou três aspectos tratados no livro: Trabalho, Sindicalismo e Democracia. Confira alguns trechos:

Trabalho

“O trabalho é uma atividade humana produtiva que, de maneira geral, mas não sempre, nós realizamos em sociedade. […]. Ao longo da história humana, desde a antiguidade até recentemente, o trabalho sempre foi minorizado, desprestigiado. Inclusive, vários dos nossos irmãos foram escravizados”.

“Nunca mais podemos permitir que a valorização do trabalho se desfaça. Não podemos perder essa visão, essa perspectiva de valorização do trabalho, elevação do trabalho a um valor universal, fundamental para o ser humano”.

Sindicalismo

“O movimento sindical é que produziu, historicamente, com a sua atuação, a valorização do trabalho por além do plano meramente filosófico que vem lá do século XVIII”.

 “Vocês são um exemplo de que esse caminho é viável no Brasil, e essa é uma das grandes marcas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Essa presença nas fábricas, nos locais de trabalho, esse cuidado de acompanhar os trabalhadores no dia a dia. Vocês acolhem e dão aos trabalhadores um senso de pertencimento, de representatividade”.

Democracia

“O Sindicato dos Metalúrgico do ABC é um dos grandes agentes da reconstrução ou da retomada e do desenvolvimento da democracia em nosso país. E essa reconstrução deu origem à melhor Constituição que tivemos na nossa história”.

 “Não há democracia sem um movimento sindical forte […]. É muito importante que o sindicalismo e todos aqueles envolvidos na busca da democracia, na busca da efetivação dos objetivos constitucionais, na busca do fortalecimento do valor trabalho, tragam sempre essa mensagem no cotidiano da sua e da nossa atuação”.

Ministro do TST visita Volks

No mesmo dia, na parte da manhã, o ministro visitou as instalações da Volks Anchieta, acompanhado de dirigentes do Sindicato. Na ocasião, conheceu a sala da Comissão de Fábrica e o modelo de organização e representação dos Metalúrgicos do ABC.

“Foi importante para conhecer nosso modelo de organização no local de trabalho, com a representação que diariamente está com o trabalhador, ouvindo e encaminhando as demandas. E a valorização da negociação, com foco na resolução dos problemas do dia a dia, mas também negociando soluções de longo prazo, como investimentos, transição tecnológica e previsibilidade nas pautas econômicas, além de avanços nas pautas sociais”, detalhou o diretor administrativo do Sindicato e trabalhador na montadora, Wellington Messias Damasceno.