Cavalo de Troia no Banco Central
Nos últimos dias, a discussão sobre taxas de juros e metas de inflação ocupou espaço na agenda econômica brasileira. O debate gira em torno do papel do Banco Central na condução da política monetária, o alcance e a responsabilidade de sua autonomia.

No ano passado a inflação foi de 5,79%, bem distante do centro da meta que é de 3,5%. Se desenha um consenso entre economistas de que a meta estipulada não condiz com a realidade econômica do Brasil e é preciso fazer uma revisão, pois nos últimos 20 anos a inflação média do Brasil sempre esteve em torno dos 6%. O último boletim Focus divulgado vai na mesma linha.
O Brasil lidera o ranking de maior taxa de juros real do mundo (a diferença entre a taxa de juros nominal e a inflação). E a rigidez com que o Banco Central vem mantendo a taxa de juros em patamares estratosféricos para justificar o controle da inflação prejudica a retomada do crescimento.
Isso porque quando o Banco Central eleva os juros, objetivamente inibe a atividade econômica, sem contar que a taxa de juros está muito acima do patamar internacional, e opera numa economia claramente desaquecida.
No ano passado, o Brasil pagou quase R$ 600 bilhões em juros da dívida pública por conta da taxa de juros, mais que a soma dos orçamentos da saúde e educação para 2023. Se é verdade que o Banco Central tem a responsabilidade de garantir o controle dos preços, também é seu o compromisso de buscar crescimento econômico com geração de emprego e renda. Do contrário, atua como Cavalo de Troia, boicotando a urgente retomada.
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