CEMPI: “Só se muda o mundo com projetos coletivos”

Nada poderia ser tão contemporâneo do que resgatar a entrevista de José “Pepe” Mujica quando a democracia corre perigo. Em 2015, o ex-presidente do Uruguai e então senador esteve no Sindicato e concedeu entrevista à TVT e à Tribuna Metalúrgica.

Quando perguntado se os avanços dos governos progressistas na América Latina teriam ressuscitado a onda golpista, Mujica foi enfático ao afirmar que a direita vê isso como uma ofensa que custa a tolerar.

“As direitas estão acostumadas a governar e, quando estão bem, nos dão algo como paternalista. É insuportável para ela que os setores populares se sentem nas suas cadeiras e passem a governar. Assim, criam um clima de confrontação que, a longo prazo, também os prejudica porque isso vai contribuir para paralisar mais a economia, pois vão vender menos e ganhar menos. São prisioneiros da classe social a que pertencem”, afirmou.

Sobre o pedido de parcela da sociedade pela volta da ditadura militar na época, o ex-presidente disse que o único animal capaz de tropeçar várias vezes na mesma pedra é o homem.

“O pior governo democrático é melhor que um governo militar porque sempre vai respeitar mais as pessoas. Mas as pessoas esquecem, as que não viveram a dor da ditadura não sabem o quanto sofremos. É preciso lutar para esclarecer a cabeça de todos, sem exceção”, prosseguiu Mujica que, um dia após a entrevista, em atividade com Lula em São Bernardo, pediu “paciência e militância” àqueles que se aliam a formas não conservadoras de pensamento na sociedade.

“Isso é necessário para que evite comportamentos individuais. Só se muda o mundo com projetos coletivos”, afirmou. “Não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis. Mais do que nunca, precisamos de partidos progressistas e entender que temos que nos empenhar pelo compartilhamento”, defendeu Mujica.

Assista a entrevista completa em: https://bit.ly/2mcD5q4.

Foto: Adonis Guerra