Centrais rebatem acusação de Serra sobre confronto entre policiais

CUT e Força acusam governador de ludibriar a opinião pública e transferir responsabilidade sobre as greves dos policiais civis; Força também repudia fala de governador

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical rechaçaram as acusações do governador José Serra (PSDB), que atribuiu às centrais sindicais a responsabilidade da manifestação dos policiais civis, que terminou em confronto com a Polícia Militar, nesta quinta-feira (16), nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes -sede do governo do Estado.

 

“Mais uma vez, o governador de São Paulo, como forma de ludibriar a opinião pública, transfere a responsabilidade sobre a greve dos policiais civis para a Central Única dos Trabalhadores”, disse a CUT por meio de nota.

 

Serra acusou as centrais sindicais de serem responsáveis pela manifestação e disse que a participação das entidades ocorreu para aproveitar o movimento eleitoral.

 

A central sindical lamentou o confronto entre os policiais e afirma que poderia ter sido evitado pelo governador.

 

“Certamente, o conflito seria evitado se o governo respeitasse a população paulista a quem serve o funcionalismo público, e respeitasse a data-base dos servidores [1º março] aprovada em 2006 pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo”, diz a nota.

Os policiais civis entraram em confronto com a Polícia Militar nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes por volta das 16h. A intenção dos policiais civis –em greve há um mês– era pressionar o governo a retomar as negociações e, para isso, pretendiam ser recebidos no Palácio.

 

A Força Sindical também repudiou o protesto e atribuiu o confronto ao tratamento de Serra aos policiais grevistas.

 

“É intolerável que um governador eleito democraticamente utilize métodos truculentos contra servidores em luta. Demandamos que o governo do Estado retome o caminho da negociação e atenda as justas reivindicações dos policiais civis”, diz a nota da Força Sindical.

 

De acordo com a assessoria da Força, a central sindical participou do protesto com um caminhão e seis dirigentes com o objetivo de ajudar nas negociações. Segundo a entidade, o responsável por controlar os policiais é o governo e não os sindicatos.

 

PuniçãoOs policiais que participaram do protesto podem ser punidos pelas suas corporações, de acordo com Serra. “Quem cometeu ilegalidade, sem dúvida, será punido e isso tudo será apurado”, afirmou o governador.

 

Segundo a Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de São Paulo), 2.500 pessoas participaram da manifestação. O objetivo dos policiais civis era seguir em passeata até o Palácio dos Bandeirantes para pressionar o governo do Estado a retomar as negociações.

 

Os policiais civis reivindicam reajuste salarial. De acordo com a Adpesp, durante a reunião de quinta-feira passada (9), na Secretaria da Gestão Pública, o governo apresentou aos grevistas uma proposta de 6,2% de reajuste –os policiais reivindicam 15% de aumento somente neste ano.

 

Na ocasião, o governo afirmou, em nota, que as lideranças da greve “mais uma vez mantêm propostas que extrapolam a capacidade orçamentária do Estado”.

 

Das Agências