Centrais sindicais definem ações contra retirada de direitos

(Foto: Roberto Parizotti)

A Comissão Especial na Câmara dos Deputados que analisa a reforma da Previdência aprovou o texto-base da proposta por 23 votos a favor e 14 votos contra, na noite de quarta-feira, dia 3. Em resposta à aprovação, representantes da CUT e demais centrais sindicais se reuniram ontem para definir novas mobilizações contra as reformas da Previdência, Trabalhista e a terceirização.

“O que une as centrais é nenhum direito a menos. Não pode usar as reformas para retirar direitos dos trabalhadores e é isso que temos de derrotar”, afirmou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.

As centrais sindicais definiram ações em Bra­sília e em outras partes do País para pressionar os parlamentares a votarem contra as refor­mas da Previdência e Trabalhista. Também ficou acordada uma convocação para toda a sociedade brasileira ir a Brasília em protesto contra os ataques aos direitos para derrubar as propostas.

“Vamos trabalhar a mobilização nas bases dos sindicatos e na sociedade. Se todas as ações não forem suficientes, definiremos por uma nova greve geral maior ainda do que a do dia 28”, explicou.

Os dirigentes aprovaram uma nota de apoio para ser enviada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB.

“A igreja nos ajudou muito na construção da greve geral e a informação que chegou é que agora existe uma pressão muito forte sobre eles”, disse. “A CNBB tem o nosso reconheci­mento e gratidão ao apoio na luta pela justiça dos trabalhadores e do povo brasileiro contra projetos que legalizam a exploração e a exclu­são social”, contou.

DESMONTE

Os partidos da base do governo Temer ope­raram trocas de cinco membros da Comissão Especial para garantir a maioria dos votos na reforma da Previdência.

“A proposta é um desmonte completo da Previdência no Brasil. Vamos ter que lutar muito para que essa destruição das nossas aposentadorias e do nosso futuro não passe”, afirmou o vice-presidente do Sindicato, Aro­aldo Oliveira da Silva.

“É só cada um olhar ao seu redor na fábrica e ver quantos companheiros têm acima de 60 anos. Se o trabalhador conseguir ficar no em­prego, como vai aguentar o trabalho até essa idade?”, questionou. “Defendemos a retirada integral dessa proposta cruel e perversa”, disse.

O relatório foi aprovado pela Comissão com alterações de pontos da proposta original do governo Temer.

“Temos acordos com empresas na base de garantia de emprego até que os companheiros tenham condições de se aposentar. Lutar contra a reforma é defender a manutenção dos empre­gos”, explicou.

“É diferente a empresa segurar os empregos por três ou quatro anos, mas vai segurar por mais 15 ou 16 anos? Nós não vamos abrir mão dos direitos assegurados e por isso somos total­mente contra”, continuou.

Uma nova reunião da Comissão Especial deve ser marcada para continuar a análise de desta­ques, que são emendas ao texto principal, para então a proposta ser votada pelo plenário da Câmara. Por se tratar de emenda à Constitui­ção, a reforma precisa do apoio de pelo menos 308 dos 513 deputados.

Agentes penitenciários protestaram no plenário e policiais usaram spray de pimenta contra eles. O relator, deputado Arthur Maia, do PPS-BA, havia incluído a categoria no pa­recer, mas recuou e retirou do relatório.

MULHERES

Pela proposta, a idade mínima de aposen­tadoria é de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. O tempo de contribuição é de 25 anos.

A secretária de Formação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Michelle Marques, ressaltou que a dupla ou tripla jornada das mulheres brasileiras não é considerada na proposta.

“O governo finge que as mulheres têm as mesmas condições de trabalho, salários, vida e responsabilidades na casa e com os filhos do que os homens”, afirmou.

“A proposta ignora as desigualdades de gê­nero e quer impor condições iguais para quem não é igual na sociedade”, concluiu.

Da Redação