Centrais sindicais preparam


As centrais sindicais brasileiras prepararam documento unificado que será apresentado durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas marcada para dezembro em Copenhague, na Dinamarca, no qual cobram compromisso dos países ricos na definição de metas para emissão de gás carbônico e defendem a matriz energética brasileira. O documento será entregue durante encontro da Conferência Sindical Internacional. Para o presidente da CUT, Artur Henrique (foto), os países ricos precisam assumir sua parte para evitar o aquecimento global do planeta.

O que é o documento das centrais?
É um conjunto de ações para reduzir o gás carbônico e o desmatamento, entre outras propostas, com incentivo à criação dos chamados empregos verdes, que correspondam a um modelo de desenvolvimento sustentável.

Como será esse debate?
O documento será entregue durante encontro internacional das centrais sindicais e vamos pressionar pela sua aprovação, uma vez que as mudanças climáticas são resultado de um modo de produção, distribuição e consumo baseado na super exploração dos recursos naturais e na privatização de seu acesso, nas mãos de poucos.

O que ele defende?
Defendemos o emprego verde, que são empregos decentes, que garantam qualidade de vida ao trabalhador. Queremos criar empregos aprimorando a eficiência energética, o desenvolvimento de tecnologias, em direção a uma economia de baixa poluição. Queremos um acordo que promova a consciência de alguns países para o comprometimento de todas as nações por um mundo sustentável e mais justo socialmente.

E os países ricos?
As nações ricas têm uma dívida ecológica com os países mais pobres e devem assumir compromissos de reduzir a emissão dos gases que causam o efeito estufa. Estados Unidos e China têm de mudar o atual padrão de consumo.

Como a CUT vê a posição do governo brasileiro em assumir compromisso de reduzir, até 2020, entre 36,1% e 38,9% das emissões de gases que causam aquecimento global?
Ficamos satisfeitos com as metas propostas pelo Brasil. O governo também pretende reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% e, pela primeira vez, falou em cortar o desmate no cerrado em 40%. Há medidas ainda na área de agropecuária, energia e siderurgia.

A questão ambiental é uma novidade para o movimento sindical?
As entidades sindicais têm o compromisso de defender os interesses dos trabalhadores também fora do ambiente de trabalho. A fábrica causa repercussão no bairro onde está, se está instalada perto de um rio, se tem uma atividade que polui o ar.

É uma nova visão do movimento sindical?
Existe uma lógica que precisa ser rompida. Os metalúrgicos acreditam que quanto maior a comercialização de veículos, maior é a produção e maior será a demanda por trabalhadores, movendo toda a cadeia produtiva. Do ponto de vista ambiental é necessário investir pesadamente na melhoria do transporte público como metrô e ônibus.

É esse o papel das centrais sindicais?
Nosso papel também é conscientizar os trabalhadores da importância dessa mudança e, ao mesmo tempo, mostrar que não há uma alteração grave nisso. Os metalúrgicos que produzem carro também podem produzir ônibus e trens. Há uma melhora ambiental e mais empregos.