China cresce preservando empregos e aumentando salários
Stell Construction, na cidade de Guangzhou
A Tribuna começa hoje uma sequência de quatro matérias especiais sobre o trabalho na China. As informações são fruto da missão de dez dias ao país oriental feita por uma comitiva de representantes do Sindicato, no mês passado.
O índice de desemprego no país, que conta com 1,3 bilhão de habitantes, está na casa dos 4%. Apesar de ter alto potencial para modernização e investimento em tecnologia nas indústrias, a China mantém cautela quando o assunto é modernização dos processos produtivos. Isso porque, segundo o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, responsável por políticas industriais, Wellington Messias Damasceno, há um acordo com o governo para a preservação dos empregos.
“As fábricas que visitamos são muito modernas, mas ainda preservam seus processos de produ- ção. Há entendimento entre as empresas e o Estado para que não haja a automatização completa da produção, para que a moderniza- ção seja feita em etapas, adaptando os cargos”
Além dessa preocupação, outro aspecto que merece destaque é a questão dos salários (confira detalhes na coluna do Dica do Dieese). “Durante muito tempo debatemos o fato de que a China pagava metade dos salários que tínhamos aqui, mas hoje a média salarial lá é mais alta que a nossa”, ponderou.
“Precisamos discutir o motivo de os trabalhadores chineses terem tido um salto salarial tão grande, enquanto nós não conseguimos acompanhar essa lógica”, ressaltou.
O dirigente confrontou a situação no país asiático à precariza- ção que ocorre em outros países, incluindo o Brasil. “O desmonte trabalhista não resolve a questão da crise e tende a agravá-la.
O México e a Índia, por exemplo, viraram grandes exportadores, porém pobres após a precarização do trabalho. Já a China tem crescido e enriquecido porque incentiva o crescimento financeiro do trabalhador”, destacou Wellington.
Condições de trabalho
A falta de preocupação com a segurança do trabalhador foi algo que chamou a atenção da delega- ção brasileira. “As condições de trabalho na China ainda carecem de muita melhoria, principalmente nos aspectos de segurança individual e coletiva. Houve preocupação com o crescimento salarial, mas não o mesmo engajamento com as condições de segurança, o que é cultural no país”.
“Esse é um ponto que, dentro de uma lógica de cooperação, nós podemos contribuir, já que temos essa questão muito mais desenvolvida”, finalizou.
Da Redação