Chiquinho, um exemplo de solidariedade


Professor espera que outros trabalhadores façam o mesmo

A cada semente plantada nasce uma floresta, pois a árvore cresce e dá novos frutos.
Essa é a teoria que levou o companheiro Francisco Marinho Venâncio, da fábrica 1 de cabinas na Scania,a criar um curso de mecânica para jovens de baixa renda da Zona Leste. Todo sábado à tarde, Chiquinho, como é conhecido, sai de casa rumo ao Instituto Batista para mais uma aula de mecânica de automóveis.
“É algo que não se mede, pois a satisfação que sinto é muito grande, em ver jovens desenvolvendo atividades, começando numa profissão e saber que faço parte disso”, orgulha-se.
A idéia surgiu quando Chiquinho concluía o Senai em mecânica de carros e precisava apresentar um projeto de conclusão de curso. Como ele conhecia o trabalho feito pelo Abílio Luiz Roza, mecânico lá de São Matheus, que tentava ensinar jovens com a prática, aproveitou a idéia e montou o projeto.
Depois da aprovação e da formatura, decidiu colocar em prática e logo conseguiu parceiros, como o Senai, que lhe doou peças como motores, sistemas de suspensão e de freios; o Instituto Batista, que cede as salas de aula, as apostilas e os certificados; e o próprio Abílio, que empresta a oficina, além de dar uma mão nas aulas práticas.

Terceira turma está se formando
Chiquinho recorda que aos 12 anos perdeu o pai. Mesmo com pouca idade se viu na obrigação de ajudar a mãe no orçamento de casa. Começou, então, a trabalhar numa oficina mecânica como lavador de peças.
“Os mecânicos não tinham muita paciência em me ensinar. Mandavam eu fazer meu serviço e sofri muito para aprender a função”, recorda. “Para que os garotos não passem por isso, foi que resolvi desenvolver esse curso”, explica.
A terceira turma do curso, que começou em 2008, se formará no final deste mês. Em média são 25 garotos dos 15 aos 21 anos em cada turma.
Depois de formados, Chiquinho acredita que eles podem começar a trabalhar e com autonomia para reparos comuns, como troca de freios, suspensão e correias.
Chiquinho agora conquistou a ajuda de dois companheiros, Wilson Padrim, também trabalhador na Scania, e Márcio Bonfim, na Cofap. A maior vontade dele é que mais pessoas possam se juntar a ele para multiplicar a ação.
“Acho que mais profissionais como nós poderiam tomar atitudes assim. Espero que o exemplo motive outros companheiros”, finaliza.