Ciclo vicioso pode destruir 60% da Amazônia até 2030

A combinação de secas, queimadas e mudanças
climáticas pode apressar a
savanização da Amazônia
e a floresta pode chegar a
pontos críticos de emissão
de gases de efeito estufa em
20 anos.

O diagnóstico foi apresentado
ontem pelo especialista
Daniel Nepstad, do
Centro Woods Hole de Pesquisa,
durante a 13ª Conferência
das Partes sobre o Clima,
que está sendo realizada
em Bali, na Indonésia.

A savanização é a transformação
da floresta em
savana, um tipo de vegetação
composta por capins,
poucas árvores de
pequeno porte e arbustos,
semelhante ao cerrado.
Intitulado Os Ciclos Viciosos
da Amazônia, o diagnóstico
aponta que os níveis de
desmatamento aliados ao
aumento da pressão pela exploração
agrícola da floresta
e às mudanças climáticas
extremas, como a seca que
atingiu a região em 2005,
podem levar à destruição de
60% da vegetação até 2030.
O diagnóstico foi encomendado
pela ong WWF.

Vai e volta

“Uma vez que a exploração
de madeira, a seca e
o fogo entram na mata, a
floresta fica mais vulnerável
ainda para pegar fogo
de novo, e o pecuarista e o
fazendeiro também estarão
lá novamente. São ciclos
que provocam novos ciclos
levando à degradação da floresta”,
explicou.

O tema da redução de
emissões de gases do efeito
estufa por desmatamento é
um dos principais assuntos
em negociação na Conferência
das Partes sobre o Clima.

O Brasil defende a criação
de um fundo voluntário
para garantir incentivos aos
países que conseguirem reduções
comprovadas de desmatamento.
Por enquanto, a
proposta tem pouco apoio
em Bali porque seriam necessários
8 bilhões de doláres
(cerca de R$ 14 bilhões)
para frear o desmatamento.

Na avaliação de Mauro
Armelim, da WWF Brasil, a
redução do desmatamento
tem conseqüências que vão
além da questão ambiental
e climática. “No caso
do Brasil, é uma forma de
evitar o roubo da madeira,
a grilagem de terra e suas
mortes. Ou seja, resolver
o desmatamento significa
dar um passo adiante no
desenvolvimento do país”,
acrescentou.