Cinco mais ricos do mundo dobram fortuna enquanto cinco bilhões ficam mais pobres
Relatório da Oxfam mostra que, se a tendência for mantida, o mundo terá o 1º trilionário em uma década e o fim da pobreza poderá levar mais de 200 anos
A fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo mais que dobrou desde 2020, de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões. No mesmo período, quase cinco bilhões de pessoas ficaram mais pobres. O levantamento é do novo relatório Desigualdade S.A. da Oxfam.
O estudo revela que, se a tendência for mantida, o mundo terá o primeiro trilionário em uma década, enquanto o fim da pobreza poderá levar mais de 200 anos para chegar. A Oxfam defende uma série de medidas para interromper esse ciclo de acúmulo de riqueza, como oferta de serviços públicos, regulação de empresas, quebra de monopólios e criação de impostos permanentes sobre riqueza e lucros excedentes.
O secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, chama a atenção para a situação no Brasil, que, por meio do programa Fome Zero, lançado no primeiro governo Lula, tinha saído do Mapa da Fome, em 2014, mas voltou em 2022. A situação que antes atingia com mais força as áreas pobres da região Nordeste, se disseminou pelas periferias do país.
“A desigualdade social aumentou muito no Brasil após o golpe contra a então presidenta Dilma. É preciso que o governo federal consiga estabelecer políticas de distribuição de renda, e que os governos estaduais e municipais tenham real compromisso no combate à desigualdade. Não é justo que a riqueza do mundo fique nas mãos de tão poucas pessoas, e grande parcela da sociedade continue sem saber o que vai comer no dia seguinte”.
O dirigente lembrou ainda que boa parcela dessa população, além de não saber o que vai comer, não conta com saneamento básico, segurança, escola de qualidade ou perspectivas de futuro. “O mundo precisa ter lideranças que se preocupem mais com a fome, com a miséria, do que com as guerras, que gastam bilhões, destroem esperanças e sonhos, degradam a economia e acabam afetando a população como um todo. É preciso que a usura e a ganância não prevaleçam sobre as necessidades básicas de viver com dignidade”.
A desigualdade no Brasil
Os destaques do relatório em relação ao Brasil mostram que, em média, o rendimento das pessoas brancas é mais de 70% superior ao das negras. Quatro dos cinco bilionários brasileiros mais ricos tiveram aumento de 51% da riqueza desde 2020. Enquanto isso, no mesmo período, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.
A pessoa mais rica do país tem fortuna equivalente ao que tem a metade da população mais pobre do Brasil, ou seja, 107 milhões de indivíduos. A parcela de 1% dos mais ricos tem 60% dos ativos financeiros do Brasil.