Clipping 23 de setembro de 2021
Manchetes:
Prevent alterou prontuários de Covid; médico cita ameaça (Folha de SP)
BC aumenta Selic pela quinta vez seguida e indica nova alta em outubro (Estadão)
Prevent retirou menção a Covid em ficha de pacientes (O Globo)
Copom eleva juro para 6,25% e indica nova alta de 1 ponto (Valor)
CIMM
Cenário pós-pandemia trará mudanças radicais na indústria automotiva, diz estudo
Segundo a Pesquisa Mobilidade 2021, as montadoras passarão a gerar mais receitas com a prestação de serviços e menos com a venda de veículos na próxima década
O cenário pós-pandemia vai mudar radicalmente o modelo de negócios da indústria automotiva. É o que revela a Pesquisa Mobilidade 2021, conduzida por KPMG, SAE Brasil e AutoData. O modelo baseado em produzir e vender veículos vai perder espaço: as montadoras passarão a gerar mais receitas com a prestação de serviços e menos com a venda de veículos na próxima década. O número de concessionárias também irá diminuir, como já se observa no momento atual, e as novas tecnologias serão ainda mais necessárias. Carros elétricos e veículos por assinatura, que hoje ainda não fazem parte do cotidiano do brasileiro, devem chegar para ficar.
Os impactos da crise econômica decorrente da pandemia no setor são responsáveis pelas mudanças. Em 2020, houve o fechamento de mais de 95% das plantas industriais automotivas no primeiro pico da pandemia. Concessionárias viram a queda do movimento, e o consumidor passou a rejeitar alternativas de mobilidade compartilhada, como bicicletas e patinetes elétricos.
De um lado, muitos voltaram a priorizar a compra de um carro próprio, gerando um boom na venda de veículos usados e seminovos. De 2019 para 2021, o percentual dos entrevistados que comprariam um carro novo caiu de 50% para 44%, enquanto os que vão buscar um usado subiu de 36% para 40%. De outro lado, a crise atingiu a produção de insumos, como borracha, plástico e aço, afetando a capacidade do setor automotivo.
“O resultado da pesquisa reflete a situação econômica atual do país em que os clientes estão olhando não só o valor do veículo, mas o custo total de utilização, incluindo o consumo de combustível, emplacamento e impostos como o IPVA. São fatores de compra mais racionais do que emocionais”, acredita Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre 2019 e 2020, o total de concessionárias de automóveis no Brasil subiu de 3.980 para 4.052. Em 2021, é esperada redução, principalmente devido à decisão da Ford de deixar de produzir veículos localmente. Sozinha, ela respondia por 287 concessionárias, e deverá permanecer com cerca de 125. A pesquisa mostra que a maioria dos entrevistados acredita que o total será reduzido de 10% a 30% na próxima década.
“A digitalização os novos hábitos de consumo exigem que o modelo de distribuição se adeque à realidade. A tendência é que os showrooms fiquem cada vez menores e sejam mais digitalizados, e o foco da operação fique cada vez mais para a área de pós-vendas”, avalia Mauro Correa, presidente da CAOA Montadora.
Vacinação e corte de custos para contornar a crise
Avançar na imunização contra a covid-19 foi considerada por 83,1% dos entrevistados a principal medida a ser tomada pelo governo para garantir a retomada dos negócios no setor automotivo. Já dentro das empresas, a redução de custos foi elencada como principal resposta à crise por 53,4% das pessoas que responderam à pesquisa.
Transformação digital e de serviços no setor
Tecnologias para redução de custo e de transformação digital despontaram como critérios extremamente importantes para definir a destinação de investimentos. O aperfeiçoamento da eficiência energética dos motores também está na lista de prioridades. Veículos elétricos e tecnologia da gestão/integração com fornecedores também se destacaram entre as sugestões para o futuro desta indústria.
Em comparação com a pesquisa de 2019, a importância do uso de tecnologia para redução de custos subiu de 59,8% para 63,5%, considerado de extrema importância. Já a cooperação com indústrias convergentes foi apontada como a melhor estratégia para obtenção de sucesso das empresas, seguida por parcerias/alianças estratégicas.
A maioria dos profissionais do setor automotivo concorda que o atual modelo de negócios vai mudar radicalmente no Brasil nos próximos dez anos, e o caminho indicado é o do aumento da receita com serviços.
“O fato de observarmos diversas montadoras passando a oferecer veículos por assinatura – prática inexistente em 2019, mas apontada como desejada por 80% dos consumidores entrevistados na pesquisa daquele ano –, demonstra claramente o desejo da indústria em diversificar suas receitas”, avalia Ricardo Bacellar, líder do setor de Industrial Markets e Automotivo da KPMG no Brasil.
A oferta de serviços de assinatura é bem vista por mais da metade dos entrevistados, enquanto cerca de um terço respondeu não conhecer este tipo de serviço – o que demonstra oportunidade de grande potencial de negócio para a indústria, segundo o estudo. O resultado aponta ainda que esta modalidade requer um maior esforço de comunicação para ser descoberta: pode funcionar bem para os consumidores que ainda não têm um carro ou para aqueles que desejam experimentar novas marcas, modelos ou tecnologias, como os elétricos.
Meio ambiente em foco
Indústria e consumidores têm uma visão comum no que diz respeito à mobilidade sustentável: ambos apontaram que um cenário ideal teria veículos com emissão zero de carbono fabricados e abastecidos a partir de fontes renováveis. Esse quadro representa um anseio dos consumidores – particularmente dos mais jovens – que vem sendo percebido e absorvido pela indústria.
“Os resultados da pesquisa não chegam a surpreender: a descarbonização é um tema muito importante hoje. O veículo híbrido vai nessa direção. Os elétricos ainda são caros, mesmo os menores. As montadoras já estão trabalhando em ofertas para atender as metas de eficiência e há vários projetos no sentido dos híbridos, especialmente em conjunto com o uso do etanol, que em si é até mais descarbonizante do que os 100% elétricos”, explica Besaliel Botelho, presidente e CEO da Robert Bosch Latin America.
Valor
GM ajusta produção para voltar ao ‘pódio’
Depois de ir para o sexto lugar, montadora reabre 2º turno
O novo presidente da General Motors na América do Sul, Santiago Chamorro, estava ontem em Detroit, onde trabalhou nos últimos cinco anos. Ele se mudará para o Brasil entre outubro e novembro. Mas, ansioso para anunciar que as fábricas brasileiras da companhia vão retomar, em breve, a produção em dois turnos, ele concedeu sua primeira entrevista no novo cargo, à distância, em formato on-line, para contar a novidade. “Os campeões estão de volta”, disse o executivo. Ele refere-se a dois modelos da marca Chevrolet fortemente prejudicados pela falta de semicondutores – o hatch Onix e o utilitário esportivo Tracker.
Com dificuldades para produzir, a GM foi ultrapassada pelos concorrentes nos últimos meses. O maior prejuízo foi com a perda de vendas do Onix. A fábrica de Gravataí, onde o modelo é produzido, chegou a ficar parada quase cinco meses por falta de componentes.
O Onix ostentou durante muitos meses o primeiro lugar entre os carros mais vendidos no Brasil. Mas em agosto ficou em 49º lugar, com volume equivalente a 5% do total de vendas do Argo, da Fiat, que subiu para o primeiro lugar, segundo dados de licenciamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave). A consequência na participação da GM, que costuma aparecer entre as três primeiras posições, foi imediata e profunda. Em agosto, a montadora americana ficou no sexto lugar, com 5,65% das vendas de automóveis e comerciais leves.
Chamorro chega num momento em que a companhia se empenha para reverter a desvantagem o mais rápido possível. O executivo reconhece que, no esforço para dobrar a capacidade de produção, como anunciou ontem, ainda encontrará pela frente os percalços da falta de semicondutores, um problema que afeta todas as montadoras, mas que mostrou, até agora, ter prejudicado a GM mais fortemente.
O executivo não revela que tipo de estratégia a companhia adotará para se proteger contra futuras faltas da peça mais cobiçada pelo setor hoje. Mas está disposto a apostar na sua decisão de convocar de volta ao trabalho todos os operários que estavam em regime de “layoff” (suspensão temporária de trabalho). A empresa não revela a quantidade de empregados que estavam afastados. Em toda a América do Sul, 19 mil pessoas trabalham na GM. Com o retorno dos afastados, duas fábricas que operavam em apenas um único turno passarão a funcionar com duas turmas.
A fábrica de São Caetano do Sul (SP), onde o modelo Tracker é produzido, retomará o segundo turno no dia 27 e a de Gravataí (RS), de onde sai o Onix, em 4 de outubro. Chamorro faz projeções otimistas para o mercado de veículos na América Latina em 2022, puxado, sobretudo pela demanda brasileira. Sua expectativa é de um mercado de 2,9 milhões de unidades no Brasil no próximo ano, o que representa crescimento de 25% se as projeções do setor para 2021 (2,3 milhões) se confirmarem.
Apesar da inflação e da alta dos juros, ele acredita que, depois do isolamento social, as pessoas estão querendo comprar muitas coisas. “Uma delas é o automóvel”, diz. Para ele, a disponibilidade de crédito nos bancos compensará a alta dos juros. “Nosso braço financeiro (o Banco GM) está pronto para oferecer formas de pagamento que ajudem o cliente a manter a prestação que ele está acostumado a pagar”, destacou.
As declarações de Chamorro indicam que a GM mantém-se firme no propósito de alcançar a rentabilidade na operação sul-americana a todo o custo. Ele diz que é preciso “manter a disciplina”. A necessidade de estancar prejuízos foi um tema que guiou a gestão de seu antecessor, o argentino Carlos Zarlenga, que há menos de um mês deixou a empresa de forma repentina. Seis dias depois, a companhia anunciou que Chamorro assumiria o posto.
Colombiano com formação em economia, Chamorro já conhece o trabalho, pois foi o antecessor de Zarlenga. Presidiu a GM no Brasil entre 2013 e 2016. Desde que deixou o país, ele ocupava a vice-presidência global da área de conectividade da companhia, em Detroit. Apesar do tempo que ficou fora do país, Chamorro mantém a fluência em português. A
o mesmo tempo, a recente experiência numa área que envolve muita tecnologia, o leva a fazer projeções do que pode acontecer em termos de evolução dos veículos na América do Sul se houver, principalmente, empenho em promover a infraestrutura para carros elétricos.
Chamorro diz reconhecer a importância do etanol, como energia limpa que pode ser usada em carros híbridos. E que o Brasil tem, pela frente, alguns anos de transição para chegar ao elétrico. Mas, diz, a opção pelo híbrido também requer investimentos. “A pergunta é: não vale a pena direcionar esses investimentos para a eletrificação?
Automotive Business
Toyota conclui mudança do ABC para Sorocaba
Quadro formado por 400 funcionários do setor administrativo já realiza atividades no novo endereço
A Toyota concluiu na segunda-feira, 20, a mudança do seu quadro administrativo da unidade de São Bernardo do Campo (SP) para uma nova edificação construída em Sorocaba (SP), no mesmo terreno onde a companhia mantém a produção dos modelos Corolla Cross, Yaris e unidades do compacto Etios para exportação. Ao todo 400 funcionários passam a realizar atividades no novo prédio.
Foram transferidas para Sorocaba as áreas de marketing, recursos humanos, comercial, compras, financeira e jurídica. A área construída, com 6,2 mil metros quadrados, abriga também centro de visitas, auditório, área de pesquisa e desenvolvimento e um centro de treinamento específico para receber membros da rede de concessionários.
O prédio onde funcionavam essas áreas no ABC Paulista foi desativado e será vendido, informou a companhia. A parte da unidade onde são produzidas peças, onde está a forjaria e o laboratório de motores seguem em operação no local.
O anúncio da mudança foi feito em 2020. A planta de São Bernardo do Campo é a mais antiga unidade Toyota fora do Japão, inaugurada em 1962. Ali foi produzido o icônico utilitário 4×4 Bandeirante, que teve a fabricação encerrada em 2001, após 103,7 mil unidades saírem das linhas da unidade.
A unidade de Sorocaba passará a operar em três turnos a partir de janeiro do ano que vem, estimulada principalmente pelo bom desempenho nas vendas do Corolla Cross, que é exportado para 22 países da América Latina.
A medida causou certa surpresa, pois a mesma planta vem de um período de paralisação total das atividades: a unidade precisou conceder férias coletivas entre 18 e 27 de agosto por falta de semicondutores para a montagem dos veículos.
Com a decisão de funcionar 24 horas por dia, a capacidade produtiva da linha de montagem vai crescer em 25%, o que deverá aumentar seu volume anual dos atuais 122 mil veículos para 152 mil. Serão contratados 450 trabalhadores para atuar unidade e cerca de 50 colaboradores que serão distribuídos em outras unidades da Toyota no Brasil.
Folha de SP
Está faltando comida na mesa e emprego, diz Luiza Trajano
Empresária afirma que momento é difícil, mas prega união pela vacinação contra a Covid
A empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho administrativo do Magazine Luiza, afirmou nesta quarta-feira (22) que está faltando, de novo, comida na mesa e a dignidade, entendida como acesso ao emprego, no Brasil.
“O que a gente está pregando muito é união. Não dá para ficar acusando um lado ou outro e continuar nisso enquanto tanta gente está precisando. Realmente está faltando comida na mesa de novo e está faltando a dignidade, que é o emprego”, afirmou a empresária durante balanço do Movimento Unidos pela Vacina, iniciativa da empresária com o intuito de viabilizar a imunização contra a Covid-19.
Questionada sobre o ambiente econômico, a empresária disse que aquele não era o momento para tratar do assunto. “A gente está preocupado. Todos nós participamos de outros movimentos. Sou do IDV [Instituto para Desenvolvimento do Varejo]. Outras pessoas são de outro. A gente está muito cuidadoso com isso mesmo. Não é um assunto para a gente trazer nesse momento. Mas a gente sabe disso. Mas também sem a vacina, sem essa cura, a gente não poderia caminhar”, disse a empresária.
Trajano minizou a impacto sobre o programa de imunização da opção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de não se vacinar. Segundo ela, o país tem uma cultura de vacinação.
“O presidente pode até ter falado que não se vacinou, mas não houve nada que nos atrapalhou a continuar nossa campanha. Não podemos dizer que houve qualquer coisa que foi feita para nos atrapalhar na campanha. Acho que é uma posição pessoal dele”, ressaltou.
De acordo o balanço, mais de 1,95 milhão de itens foram doados para mais de 4.000 municípios brasileiros, graças à intermediação entre empresas e poder público. As cidades estão sendo atendidas por mais 400 empresas, que distribuíram cerca de R$ 50 milhões em equipamentos, insumos e apoio para infraestrutura de vacinação. Dentre os principais itens doados estão câmaras frias, ultra freezers, caixas térmicas com medidores de temperatura e computadores.
Para Trajano, o sucesso da empreitada está em “não entrar no jogo da briga”. Ela conta ter sido aconselhada a se preparar para paulada após assumir a liderança do movimento —o máximo que aconteceu foi falarem que pretende disputar a Presidência da República em 2022, o que diz ter desmentido “umas dez vezes”.
“Eu até me preparei um pouquinho mais para a paulada porque poderia levar. No entanto, não. No máximo o que falaram é ‘ela é candidata, vai ser vice’, relatou.
Sócia fundadora da BTA Associados e membro do conselho de administração do Magalu e MRV, Betania Tanure diz que o movimento foi recebido bem pelas três instâncias governamentais por ter deixado clara a intenção de ajudar. “A crítica iria acirrar o problema, aumentar a temperatura e não trazer a solução”.
Valor
Pesquisa do Ipec aponta rejeição de 53% do governo e liderança de Lula
Pesquisa mostra que, se fosse hoje, Lula estaria eleito no primeiro turno
O governo do presidente Jair Bolsonaro nunca esteve tão mal avaliado, mostra a terceira edição da pesquisa do Ipec sobre as próximas eleições. De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 16 e 20 de setembro, a parcela da população que considera a gestão do presidente “ruim ou péssima” subiu de 49% (em junho) para 53%. Em fevereiro, quando foi realizada a primeira edição do levantamento, o total de eleitores com a pior percepção sobre a administração do presidente somava 39%.
De acordo com o Ipec, os eleitores que agora consideram o governo “bom ou ótimo” são 22% – contra 24% em junho e 28 em fevereiro. Os que avaliam o governo como “regular” eram 28 em fevereiro, passaram a 26% e agora são 23%. A desaprovação ao governo oscilou positivamente dentro da margem de 66% para 68%. Da mesma forma, os que não confiam no governo se mantiveram praticamente estáveis em 69%. No levantamento de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria votos suficientes para se eleger em primeiro turno.
O Ipec revelou estabilidade em relação ao cenário eleitoral de junho, com o petista na dianteira, com 48% das intenções de voto, um ponto percentual a menos que em junho. Bolsonaro permanece com 23% da preferência do eleitorado. Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) têm 8%, 3% e 3% respectivamente, oscilando dentro da margem em relação à pesquisa anterior.
Eleitores que declaram voto em brancos ou nulo somam 10%, mesmo índice apresentado na pesquisa anterior e aqueles que não sabem ou não respondem eram 3% e agora somam 4%. Em uma simulação com uma lista de candidatos maior, Lula fica com 45%; Bolsonaro com 22%, Ciro com 6%, o ex-juiz Sérgio Moro com 5%, José Luiz Datena (PSL), com 3%, Doria com 2%, Mandetta e Rodrigo Pacheco (DEM) com 1%. Simone Tebet (MDB) e Alessandro Silveira (Cidadania) não pontuaram.
Na pesquisa espontânea, Lula também levou vantagem, sendo lembrado por 38%. Bolsonaro teve a preferência de 21% dos entrevistados e Ciro, de 2%. O ex-juiz Sergio Moro foi apontado como preferido por 1%, assim como Doria.
O levantamento mostra que as intenções de voto em Lula são maiores quanto menor a renda. O petista, que tem apenas 29% do eleitorado com renda familiar mensal acima de 5 salários mínimos, soma 59% das intenções de voto entre os que têm renda familiar até um salário mínimo. Lula se destaca ainda com 65% da preferência do eleitorado na região Nordeste.
Bolsonaro, por sua vez, tem maior apoio nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde conta com 31% das intenções de voto, um crescimento de três pontos percentuais sobre a pesquisa de junho. Ciro ganha relevância entre eleitores com ensino superior, onde alcança 13% das intenções de voto. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais e o nível de confiança nos resultados é de 95%.
Folha de SP (coluna)
Muita merda para passar o pano
Bolsonaro pode trocar a eleição pela blindagem do centrão, mas precisa combinar com a Justiça
RUY CASTRO
Jair Bolsonaro declarou outro dia que o futuro só lhe reservava três opções, lembra-se? A prisão, a morte ou a vitória. A primeira ele descartou: “Eu não vou ser preso”. A segunda delegou ao imponderável: “Só a morte me tira daqui”. Restou-lhe a vitória, que ele via como inevitável, fosse através da fraude dos votos impressos ou de um golpe. O golpe broxou, como sabemos, e as pesquisas apontam que até um poste o derrotará no segundo turno. Ciente disso, o centrão, seu sócio no poder, cogita oferecer-lhe uma saída: renunciar à disputa presidencial, em troca de blindagem no Congresso contra o que o espera fora do Planalto —a cadeia.
Mas, supondo que Bolsonaro aceite trocar a disputa pela proteção, como o centrão combinará isso com a Justiça? As investigações já foram longe demais, e logo Bolsonaro poderá se abanar com um leque de acusações: crimes contra a administração, a paz e a saúde públicas, de responsabilidade, contra a humanidade, corrupção passiva e prevaricação. Até para Arthur Lira é muita merda para passar o pano. E, sem Bolsonaro no poder, seus OOs terão de responder por disparos de fake news, desvio de dinheiro público, funcionários fantasmas, descaradas transações imobiliárias, lavagem de dinheiro e tráfico de influência —por enquanto.
O centrão não é suicida. Seu programa admite tudo exceto perder eleições, e a perspectiva do momento é a de morrer abraçado a Bolsonaro. Como isso é impensável, trata-se só de escolher quando deixá-lo pendurado na, perdão, ouvintes, brocha. Na verdade, a decisão de disputar ou não a eleição não caberá a Bolsonaro, mas ao centrão —que espera apenas a definição pelas pesquisas de um novo nome a apoiar.
Como Bolsonaro não explicou sua convicção sobre a prisão ou a morte, talvez estivesse condicionando uma à outra: não será preso porque morrerá antes.
Não queira saber como. Qualquer das hipóteses será um longo feriado.
Folha de SP (Coluna)
O que faz um ministro da Saúde se prestar ao papel desprezível de mentir?
Não foi fácil para Bolsonaro encontrar um substituto tão dócil quanto o general que chefiava a pasta
DRAUZIO VARELLA
É injusto considerarmos o presidente apenas um negacionista. Não vamos minimizar seu papel nesta pandemia: ele é um ativista empenhado de corpo e alma em disseminar o novo coronavírus.
Desde o início da epidemia, justiça seja feita, ele faz tudo o que está a seu alcance para que o vírus infecte o maior número possível de brasileiros: condena o uso de máscara, promove aglomerações, recomenda medicamentos sem atividade antiviral e retardou o quanto pôde a aquisição de vacinas.
Finalmente, quando entendeu que o peso da opinião pública ameaçava seu futuro político, autorizou a compra, mas não se vacinou, para servir de exemplo aos seguidores. A pressão para que seus colaboradores fizessem o mesmo deve ter sido tão persuasiva que um de seus ministros, general da reserva, admitiu ter se vacinado às escondidas, “para não criar problemas”.
Havemos de reconhecer o esforço do nosso dirigente máximo para realizar o sonho de atingir a inatingível imunidade coletiva, não importa que ao preço de tantas mortes. Envolveu tirar máscara de criancinha em público, recrutar médicos para defender remédios inúteis, estimular redes sociais para espalhar falsidades, arregimentar parlamentares para repeti-las, desacreditar os profissionais que ousaram defender evidências científicas e, entre outras medidas, nomear e demitir três ministros da Saúde, até chegar ao atual.
Imagino que não tenha sido fácil para sua excelência encontrar um substituto tão dócil quanto o general que chefiava o ministério anterior, homem que não se envergonhava de dizer que aceitara o cargo “sem conhecer o funcionamento do SUS” e que seu relacionamento com o chefe “era simples assim: um manda, o outro obedece”.
No entanto, a julgar pela confusão armada pelo ministro atual a respeito da vacinação dos adolescentes, na semana passada, a persistência presidencial foi muito bem sucedida. Levou a vantagem de que o escolhido trouxe para o ministério a credibilidade que nós, médicos, costumamos desfrutar na sociedade.
Numa entrevista coletiva, o ministro levantou suspeitas sobre possíveis efeitos colaterais da vacina da Pfizer em adolescentes, que estariam a exigir avaliações “cuidadosas” do Ministério da Saúde.
Queixou-se de que alguns estados aplicavam vacinas não autorizadas pela Anvisa para uso nessa faixa etária, sem dizer quais. Não contente, deixou no ar que a morte de uma adolescente em São Paulo talvez guardasse relação com a vacina recebida uma semana antes.
Para completar, acrescentou que a vacinação dos adolescentes, programada para ter início dia 15 de setembro, seria suspensa, porque fora abandonada no Reino Unido e contraindicada pela Organização Mundial da Saúde. Duas mentiras deslavadas.
O que teria levado um ministro da Saúde a mentir e a levantar suspeitas infundadas sobre uma vacina testada e aprovada em estudos internacionais, administrada com segurança em adolescentes nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia e na América Latina?
A resposta é simples: um manda, o outro obedece, como ficou claro na live do cordato ministro sentado ao lado do presidente, apresentada no mesmo dia. A justificativa foi a de atender a um “sentimento” do chefe, muito “preocupado com os jovens que são o futuro deste país”.
Na verdade, o senhor ministro se prestou ao papel desprezível de desacreditar uma vacina importante, apenas para esconder a falta dela em quantidade suficiente para imunizar os adolescentes e, ao mesmo tempo, administrar a terceira dose para os mais velhos, vacinados há mais de seis meses com a Coronavac ou a AstraZeneca.
Suas excelências devem ter concluído que pegava mal junto ao eleitorado reconhecer a falta de uma vacina negligenciada pelo governo, quando foi insistentemente oferecida pela Pfizer, no ano passado.
O que faria um ministro honesto diante da situação atual? Viria a público para dizer que a falta de disponibilidade da vacina da Pfizer, para administrá-la aos adolescentes e oferecê-la como reforço aos mais velhos, só nos deixava uma saída: dar preferência aos que correm mais risco de morrer. Todos estaríamos de acordo.
Preferiu, no entanto, lançar dúvidas sobre a segurança de uma vacina aprovada pela Anvisa, apenas para atender a um apelo político de seu chefe. Assim agindo, assegurou fidelidade irrestrita e se perfilou ao lado dele na luta pela disseminação da epidemia.
Folha de SP
Datafolha: Aumenta parcela dos que preveem mais corrupção, agora em 61%
Só 11% veem diminuição do problema; apoiadores de Bolsonaro se dizem mais otimistas
Mais brasileiros acreditam que a corrupção no país vai aumentar daqui para frente, segundo pesquisa do Datafolha. Levantamento aponta que 61% da população considera que o problema vai aumentar, ante 11% que entendem que vai diminuir. Para 24%, a situação continuará como está, e 3% não souberam responder.
O Datafolha fez 3.667 entrevistas de 13 a 15 de setembro em 190 municípios de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. Os números mostram um aumento do pessimismo em relação à pesquisa anterior, feita em julho, embora a taxa atual não seja um recorde. Há dois meses, 56% enxergavam uma perspectiva de piora nessa mazela, e 13% consideravam que haveria uma melhora. Antes, em março, 67% viam a corrupção em ascensão, e apenas 8% em queda.
Os números refletem a derrocada enquanto bandeira de um dos principais temas da vitoriosa campanha do presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2018. O presidente se elegeu impulsionado por uma onda antipolítica surgida na esteira da Operação Lava Jato, que havia atingido em cheio rivais políticos como PT, PSDB e MDB.
Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, Bolsonaro disse nesta terça-feira (21) que o Brasil está “há dois anos e oito meses sem qualquer caso concreto de corrupção”, mas há diversas investigações em curso envolvendo, inclusive, aliados e familiares do presidente, em crises que abarcam até a pandemia —caso do escândalo da Covaxin, em que há suspeitas de corrupção na compra da vacina indiana.
Já antes da posse, Bolsonaro enfrentou desgaste com a revelação de que o ex-assessor Fabrício Queiroz, que trabalhava para o seu filho Flávio, repassou cheques para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, dentro de um suposto esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Ao formar sua equipe inicial, no fim de 2018, Bolsonaro indicou para o Ministério da Justiça o maior símbolo da Lava Jato, o então juiz Sergio Moro, que abandonou a magistratura para assumir o cargo.
A passagem de Moro pelo governo, porém, durou menos de um ano e meio. Em abril de 2020, o então ministro pediu demissão acusando o presidente, em benefício próprio, de intervir irregularmente na Polícia Federal.
Nas pesquisas seguintes do Datafolha, o rompimento com o lavajatismo provocou estragos para Bolsonaro. A partir de agosto de 2020, a expectativa de piora no quesito corrupção ficou acima dos 50%, enquanto ao longo de 2019 permaneceu na casa dos 40%.
Além do escanteamento do combate aos desvios pelo atual governo, em paralelo também houve o ostracismo dos trabalhos da Lava Jato, que desde fevereiro deste ano não atua mais como uma força-tarefa no Ministério Público. O procurador-geral da República, Augusto Aras, nomeado por Bolsonaro, entrou em choque com as equipes responsáveis pelas investigações no Paraná, no Rio e em São Paulo e mudou o modelo de trabalho.
A Lava Jato do Paraná deflagrou poucas novas frentes de investigação em 2021. Presos que cumpriam pena já tinham sido liberados a partir da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que barrou a detenção de réus condenados em segunda instância.
Além disso, processos antigos da operação, já sentenciados, têm sido revistos. O caso mais recente foi o do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), que conseguiu anular na semana passada, no STF, ação penal que já tinha sido julgada em segunda instância.
Mais conhecido alvo da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve duas condenações anuladas por ordem do Supremo, em março, e recuperou seus direitos políticos.
Segundo o Datafolha, o pessimismo em relação à corrupção é maior entre mulheres, jovens de 16 a 24 anos e pessoas com escolaridade de nível fundamental. No recorte regional, a preocupação é maior no Nordeste (com 65%) do que no Sul (59%). Entrevistados que veem “muita chance” de um golpe de Estado no país estão entre os mais pessimistas quanto ao aumento da corrupção: 78% consideram que o problema crescerá.
É possível observar nas respostas uma correlação significativa entre a percepção do problema e a preferência política do entrevistado. Para 70% daqueles que declaram voto em Lula em 2022, a corrupção vai piorar. Já entre os eleitores de Bolsonaro, a resposta fica entre 38% e 40%, dependendo do cenário pesquisado. Os pessimistas também somam 40% entre aqueles que avaliam o atual governo como ótimo ou bom.
Em 2020, durante uma cerimônia em Brasília, Bolsonaro afirmou: “Acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no governo”. Neste ano, porém, a imagem de sua gestão tem se desgastado com as revelações da CPI da Covid. Entre outros pontos, a comissão do Senado apura suspeitas envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin e também um suposto pedido de propina feito por um ex-diretor do Ministério da Saúde.
Também em 2021, um outro filho do presidente, Jair Renan, 23, se tornou investigado em relação à atuação junto ao governo federal de uma empresa criada por ele. A apuração começou após representação de parlamentares da oposição. Assim como Flávio, seu irmão, Carlos, que é vereador no Rio de Janeiro, também é alvo de suspeitas sobre contratações em seu gabinete. O Ministério Público fluminense investiga se houve a contratação de funcionários fantasmas na Câmara Municipal. Flávio, em investigação sobre prática de “rachadinha”, foi denunciado em novembro de 2020.
Folha de SP
Senado aprova posse presidencial em 5 de janeiro de 2027 e peso maior para mulheres e negros na divisão de verba
Volta das coligações, defendida pelos deputados, foi barrada; parte das mudanças vale a partir de 2022
O Senado rejeitou nesta quarta-feira (22) a volta das coligações para as eleições de deputados e vereadores. Por 66 a 3, o plenário acatou o relatório da senadora Simone Tebet (MDB-MS) que desidrata a PEC (proposta de emenda à Constituição) da reforma eleitoral aprovada na Câmara. Como Tebet apenas retirou itens, a proposta não precisará ser apreciada novamente pelos deputados. Por se tratar de uma PEC, as mudanças seguem para promulgação e passarão a ter força constitucional.
As coligações foram aprovadas às pressas pelos deputados após acordo que sepultou, mais uma vez, a criação do distritão. No Senado, os parlamentares demonstravam desde o início que não eram favoráveis a esse retorno. Os senadores mantiveram dois pontos aprovados pela Câmara que mudam a data de posse de presidente e governadores e a distribuição de verbas entre os partidos políticos.
A partir da eleição de 2026, o presidente da República e o vice-presidente tomam posse no dia 5 de janeiro do ano seguinte ao pleito, enquanto governadores e vice-governadores assumem no dia 6 de janeiro. Atualmente, isso ocorre no primeiro dia do ano seguinte ao pleito.
A alteração pode criar impasses, uma vez que o ano orçamentário acaba no primeiro dia de janeiro. Por isso, a nova data para a posse valerá apenas em 2027. A expectativa dos senadores é que até lá seja aprovada uma lei alterando o ciclo do Orçamento. Votos recebidos por mulheres e negros para a Câmara dos Deputados nas eleições de 2022 a 2030 contarão em dobro para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e do fundo eleitoral.
Durante a votação, os senadores lembraram que o veto à aliança entre partidos ocorreu em 2017 e foi testado apenas nas eleições para vereadores em 2020. Por isso, o retorno delas não deveria ocorrer em 2022. “Em 2017, nós demos um passo muito decisivo no sentido de fortalecer os partidos políticos, que foi a proibição de coligações proporcionais, que, na prática, é a negação da existência do partido político e a instituição das cláusulas de desempenho, para que o partido que não tivesse uma quantidade mínima de votos não pudesse ter direito ao fundo partidário e ao tempo de televisão”, disse Marcelo Castro (MDB-PI).
Além de proibir as coligações nas eleições proporcionais, a versão final aprovada pelos senadores retira outros itens que estavam no texto inicial. Entre os itens que ficaram de fora estão os que colocavam na Constituição amarras ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A proposta previa que as decisões dos tribunais relativas ao processo eleitoral só teriam validade se publicadas até um ano antes das eleições.Também ficou de fora da PEC a mudança no número mínimo de assinaturas necessárias para tramitação de iniciativa popular. Pela proposta dos deputados, essa quantidade seria de 100 mil.
Atualmente, é necessário o apoio de 1% do eleitorado nacional, o que equivale a aproximadamente 1,5 milhão de assinaturas. “Uma alteração dessa magnitude pode dar azo a fraudes no processo, a inclusão de temas eminentemente regionais, locais, corporativistas ou, até mesmo, a pautas lobistas que podem desvirtuar a essência democrática das propostas oriundas da vontade popular”, ponderou Tebet.
A PEC também constitucionaliza as regras de fidelidade partidária e prevê a perda do mandato dos deputados e vereadores que se desfiliarem da legenda, exceto quando o partido concordar ou em hipóteses de justa causa estipuladas em lei. A proposta prevê ainda que plebiscitos municipais ocorrerão concomitantemente às eleições municipais.
O fim das coligações para a eleição ao Legislativo, aprovado pelo Congresso em 2017, foi uma das medidas mais elogiadas dos últimos anos, já que tende a sufocar agremiações de aluguel e reduzir a sopa de letras partidária do país, que tem hoje 33 legendas. Partidos nanicos tendem a obter vagas no Legislativo apenas em coligações com siglas maiores. A proibição dessas alianças começou a valer na eleição municipal de 2020.
Mais cedo, as mudanças propostas por Tebet na PEC foram aprovadas sem resistência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Durante a votação no colegiado, o assunto que dominou as discussões foi a volta das coligações. Além de considerar a medida inconstitucional, a relatora afirmou que era preciso testar o sistema atual mais vezes.
“Não é possível mudarmos as regras ano após ano, fazendo das eleições verdadeiros balões de ensaio. Com mudanças assim, sem que tenha sido possível, ao menos, analisar os resultados práticos da anterior, impossível observar a segurança jurídica tão necessária ao processo eleitoral”, defendeu Tebet.
CÓDIGO ELEITORAL
A proposta de revogação de toda a legislação eleitoral ordinária, substituindo-a por um único código, com 898 artigos, não deve ter a mesma facilidade que teve no Senado a derrubada das coligações. Aprovada às pressas pelos deputados, a proposta censura pesquisas eleitorais, fragiliza normas de transparência, fiscalização e punição de políticos e partidos por mau uso das verbas públicas, entre outros pontos.
Após reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nesta quarta-feira, líderes partidários afirmaram que não haverá tempo suficiente para avaliar as mudanças ainda neste mês, para que passem a valer na eleição de 2022. Pacheco afirmou que o assunto ainda não se esgotou, mas reconheceu que pode não haver tempo para o Código Eleitoral ter efeito nas eleições do próximo ano.
“Isso não se esgotou ainda. Vou conversar com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, presidente Davi Alcolumbre [DEM-AP], com o relator da matéria, que é o senador Antonio Anastasia [PSD-MG], e exaurir todas as possibilidades. Se for possível apreciar, nós vamos nos esforçar para isso. Mas, se infelizmente, se chegar a uma conclusão que já está sendo indicada aqui nessa reunião de líderes, que não será possível, infelizmente teremos que apreciar ao longo dos meses e o Código Eleitoral, portanto, não se aplicaria às eleições de 2022”, disse.
SOBRAS ELEITORAIS
O Senado aprovou também nesta quarta-feira um projeto que permite que concorram às sobras nas eleições para deputados e vereadores apenas candidatos que alcancem 20% do quociente eleitoral e os partidos que obtiverem um mínimo de 80% desse quociente. Esse número é obtido a partir da divisão da quantidade de votos válidos pelas vagas disponíveis na Casa Legislativa. Atualmente, qualquer sigla que participou do pleito pode disputar as sobras. Com a mudança, legendas menores poderão deixar de concorrer às vagas remanescentes.
Nas eleições proporcionais, é comum que, após a distribuição entre os partidos, ainda restem cadeiras para serem preenchidas. Em uma eleição para uma Câmara Municipal com nove lugares, em que o quociente seja 1.000, por exemplo, e apenas sete candidaturas alcançam 1.000 votos, só poderão concorrer às duas vagas restantes partidos que tiverem 800 votos e candidatos com 200 votos.
A proposta altera ainda a quantidade de candidatos que cada partido poderá registrar para cargos proporcionais. Pelas regras atuais, é possível registrar até 150% do número de vagas a preencher. Com a nova lei, o número passa para 100% das vagas mais um. No caso de São Paulo, por exemplo, onde há 70 vagas para deputado federal, um partido poderá lançar 71 candidatos.
Esse texto segue agora para sanção do presidente Jair Bolsonaro. Se ela acontecer até o dia 2 de outubro, valerá já nas eleições de 2022.
PEC DA REFORMA ELEITORAL
Aprovado pelo Senado
1. Votos em mulheres e negros contarão em dobro para fins de cálculo do valor do fundo partidário e do fundo eleitoral a partir da eleição de 2022 até 2030
2. Constitucionalização da fidelidade partidária: deputados e vereadores perderão o mandato quando se desligarem do partido, exceto nos casos de justa causa e anuência da sigla. Hoje, a regra está prevista apenas em lei
3. Posse do presidente da República em 5 de janeiro e de governadores em 6 de janeiro, a partir de 2027. Atualmente, ocorrem no primeiro dia do ano
4. Plebiscitos municipais ocorrerão concomitantemente às eleições municipais
Rejeitado pelo Senado
– Volta das coligações nas eleições proporcionais
– Aplicação do princípio da anterioridade para decisões do STF e do TSE que tratem sobre processo eleitoral
– Mudança de critérios para apresentação de projeto de lei de iniciativa popular. Proposta previa que seriam necessárias apenas 100 mil assinaturas. Atualmente, é preciso reunir aproximadamente 150 milhões.