Clipping 25 de novembro de 2021

Manchetes

 SP abolirá máscara em locais abertos em 11 de dezembro (Folha de SP)

PF prepara reação à invasão do Rio Madeira pelo garimpo ilegal (Estadão)

Reajuste da mensalidade escolar será o maior em 5 anos (O Globo)

Trabalho híbrido passa a ser tendência nas companhias (Valor)


Automotive Business

O futuro da indústria brasileira não será dedicado ao carro elétrico

No #ABX21, Pablo Di Si (VW), Luis Pogetti (Copersucar) e Letícia Costa (Prada Assessoria) dizem que rota da mobilidade no País passa pelo etanol e por soluções combinadas

ZECA CHAVES

Embora os veículos elétricos dominem cada vez mais o cenário da indústria automotiva mundial, o caminho para as montadoras no Brasil na próxima década não precisa e não deverá ser dedicado à implantação do veículo movido a bateria, que será apenas um dos elementos dessa cadeia produtiva.

Apesar de controversa, essa certeza é compartilhada com o mesmo grau de intensidade por figuras que representam setores tão diferentes, como foi o caso de Pablo Di Si, CEO da Volkswagen América Latina, Luis Roberto Pogetti, presidente do conselho da Copersucar, e Letícia Costa, sócia da Prada Assessoria, durante o segundo dia do #ABX21, evento realizado por meio online na quarta-feira (24) por Automotive Business.

Para os três convidados que participaram do painel “Como pavimentar o caminho da indústria automotiva brasileira do futuro”, que também teve a participação de Pedro Kutney, editor especial de AB, o País precisará saber aproveitar o potencial do etanol para buscar a neutralidade de carbono, mantendo o veículo elétrico apenas como uma das opções viáveis para o nosso mercado.

“Não acredito que só exista uma só solução para a mobilidade. Porque o esforço é tão grande para a sociedade que não podemos desperdiçar nenhuma iniciativa que tenha sucesso. E também precisamos aproveitar as peculiaridades regionais do mundo”, explica Luis Pogetti.

Entre os esforços exigidos, Pogetti ressalta que o custo necessário para criar uma rede para recarregar todos os carros se fossem movidos a eletricidade seria da ordem de R$ 1 trilhão, além de lembrar que a produção de eletricidade para excedentes de consumo virá inevitavelmente das usinas termelétricas, que são poluentes.

“Por outro lado, o carro etanol no Brasil tem emissões equivalente às do carro a bateria ou a 20% do carro a gasolina. Então o País tem o papel de transferir essa tecnologia de sucesso do etanol, caminhando para o híbrido, para a célula de combustível, e ser parte da solução desse desafio global”, diz o presidente da Copersucar

Para Leticia Costa, o País tem uma chance única nesse momento da indústria, de transição do combustível fóssil para algo que não seja o combustível fóssil. “Pode ser o carro elétrico, desde que seja alimentado por energia limpa, por biocombustível, pode ser o etanol. Eu acredito que o futuro mais lá na frente será uma combinação de biocombustível com energia gerada dentro do carro com fuel cell [célula de combustível], que pode ser perfeitamente alimentada por etanol. O Brasil tem uma capacidade para biocombustível indescritível”, garante a consultora.    

Costa alerta ainda que o veículo elétrico provavelmente vai levar a uma dualidade no mundo. “Vamos ver altas taxas de penetração na China, Europa e um pouco menor nos Estados Unidos, mas os países emergentes vão ter muita dificuldade de estabelecer a infraestrutura que precisaria para os veículos elétricos”, explicou a sócia da Prada.

“O Brasil tem o papel importante de ser esse elo de ligação entre o momento atual e o momento futuro, com tecnologias que sejam acessíveis via biocombustível nesse momento de transição, participando do desenvolvimento a longo prazo do fuel cell.”

Embora o CEO da VW tenha sido o mediador principal do painel com a função de distribuir as perguntas a Pogetti e Costa, ele não escapou de fazer seus comentários e responder ao questionamento do público que participava da transmissão on-line.

Di Si reforçou que a comunicação com o público brasileiro também é essencial nesse momento de transição, para que ele possa compreender a importância da descarbonização para o País e conhecer melhor o uso das novas tecnologias nos automóveis.

Por isso, ele comentou que a Volkswagen já vem fazendo várias iniciativas nesse sentido, como o recurso “Abasteça Consciente” no aplicativo da marca. “Ele compara não só o preço por quilômetro rodado, mas quanto de CO2 é gerado por etanol e por gasolina no conceito do poço à roda”, disse o executivo.

Sobre a polêmica do fim do motor a combustão, Di Si acredita que a discussão não deveria estar focada na sua proibição ou em estímulos para que seja aperfeiçoado, mas pensar um passo adiante. “Nós precisamos colocar a energia renovável no centro da discussão, e o motor flex a etanol tem muito a contribuir não só no Brasil, mas no mundo”, afirma o CEO da Volkswagen.

Ele contou que tanto o presidente mundial do Grupo VW, Herbert Diess, como o presidente da marca, Ralf Brandstaetter, dão o apoio absoluto a essa estratégia de biocombustíveis capitaneada pelo Brasil. “Eles constantemente falam do carro elétrico, mas também dizem que cada região tem de se adaptar aos seus recursos renováveis. E falam especificamente do Brasil.”

Automotive Business

Anfavea assina acordo para reduzir carbono no Brasil

Sindipeças, Unica, SAE Brasil e AEA também integram o movimento para mobilidade sustentável

Associação que reúne as montadoras brasileiras, a Anfavea assinou nesta quarta-feira, 24, um protocolo de intenções que cria o movimento “Mobilidade Sustentável de Baixo Carbono” (MSBC).

Em evento realizado na sede da Unica, entidade do setor sucroalcooleiro, em Brasília (DF), o acordo contou com a adesão da própria Unica, que foi representada pelo presidente Evandro Gussi, do Sindipeças, com o diretor Gábor Deák, da SAE Brasil, com o presidente Camilo Adas, e da AEA, com o presidente Besaliel Botelho. Pela Anfavea, estava o presidente Luiz Carlos Moraes.

“A assinatura deste protocolo é mais um passo importante rumo à descarbonização. O setor automotivo oferece soluções tecnológicas complementares, que já são uma realidade, como a eletrificação, os biocombustíveis e as soluções híbridas; todas elas com seus méritos e desafios. A inspeção veicular e renovação da frota são passos fundamentais que fazem parte desse esforço. O legado ambiental que deixaremos para as futuras gerações é uma obrigação de todos nós que estamos aqui”, disse Moraes.

Também estiveram presentes ao evento o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o secretário especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, e o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), representando os parlamentares presentes.

Estadão

Prévia da inflação fica em 1,17% em novembro pressionada pela gasolina; em 12 meses alta é de 10,73%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), uma prévia da inflação, teve alta de 1,17% em novembro, a maior variação para o mês desde 2002, quando o índice foi de 2,08%. No ano, o indicador acumula alta de 9,57% e, em 12 meses, de 10,73%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 25.

A gasolina respondeu pelo maior impacto mensal no índice, com aumento de 6,62%, e influenciou o resultado dos transportes, que registraram, de longe, a maior variação (2,89%) e o maior impacto entre os grupos pesquisados. No ano, o combustível acumula variação de 44,83% e, em 12 meses, de 48%.

O resultado do IPCA-15 ficou dentro das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma alta de 0,86% a 1,23%, mas ficou acima da mediana, de 1,14%. Para o acumulado em 12 meses, as projeções iam de avanço de 10,39% a 10,80%.

O transporte por aplicativo ficou 16,23% mais caro, depois de já ter subido 11,60% em outubro. Por outro lado, houve redução nos preços das passagens aéreas (-6,34%), após altas consecutivas em setembro (28,76%) e em outubro (34,35%).

Os outros oito grupos de produtos e serviços pesquisados também tiveram alta em novembro. Em habitação (1,06%), a maior contribuição foi do gás de botijão (4,34%), cujos preços subiram pelo 18° mês consecutivo, acumulando 51,05% de alta no período iniciado em junho de 2020. A energia elétrica subiu 0,93% depois da alta de 3,91% em outubro.

No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta de 0,80% foi influenciado pelos itens de higiene pessoal (1,65%) e produtos farmacêuticos (1,13%). Juntos, os grupos transportes, habitação e saúde e cuidados pessoais contribuíram com 0,88 ponto porcentual no IPCA-15 de novembro, o equivalente a cerca de 75% do índice do mês.

O grupo alimentação e bebidas subiu 0,40%, principalmente por causa dos aumentos do tomate (14,02%), do frango em pedaços (3,07%) e do queijo (2,88%). O preço das carnes caiu 1,15%. Com o aumento de 1,59%, o grupo vestuário teve a segunda maior variação do mês, com altas em todos os itens pesquisados, com destaque para roupas femininas (2,05%), masculinas (1,88%), e infantis (1,30%).

Valor

Correção do Auxílio Brasil vira impasse

Câmara vota hoje MP que cria o benefício e governo tenta evitar reajuste automático da inflação

O relator da medida provisória (MP) do Auxílio Brasil, deputado Marcelo Aro (PPMG), desistiu da proposta de reajuste automático do valor do benefício pela inflação há 7 horas Política 25/11/2021 12:03 Correção do Auxílio Brasil vira impasse | Política | Valor Econômico https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/11/25/correcao-do-auxilio-brasil-vira-impasse.ghtml 2/9 após pressão do governo. “Era o mais correto, mas não adianta eu colocar no parecer uma coisa que não tem voto para ser aprovada”, disse.

O embate, contudo, ainda ocorrerá no plenário da Câmara hoje, durante a votação da proposta,porque a oposição encampará a proposta. “Se não entrar no relatório, vamos fazer um destaque [emenda] para que ocorra a correção anual pela inflação”, afirmou ontem à tarde o líder do PSB, deputado Danilo Cabral (PE).

Outras emendas que a oposição fará são propor o aumento do auxílio para R$ 600 e para elevar a linha da pobreza de forma que o novo programa atinja o mesmo público do auxílio emergencial hoje.

Aro antecipou ao Valor na segunda-feira que pretendia criar um mecanismo de recomposição automática das perdas inflacionárias, com o valor dos benefícios e dos critérios para acesso ao programa reajustados anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INCP), mesmo indicador usado para corrigir as aposentadorias.

A equipe econômica do governo é contrária a medidas de indexação e se posicionou pela rejeição, o que fez partidos da base aliada pressionarem o relator a excluir esse ponto, que à noite apresentou parecer sem isso.

O parecer também confirmou a proposta, antecipada pelo Valor, de transformar o bônus de R$ 200 dos beneficiários que arranjarem emprego numa poupança para que o trabalhador possa sacar os recursos em determinadas situações.

 A ideia vem de um projeto do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Diferentemente do Bolsa Família, em que quem consegue emprego deixa o programa, no Auxílio Brasil os beneficiários do programa que conseguirem um emprego poderão continuar a receber os pagamentos por mais dois anos e ainda ganharão um adicional de R$ 200 por mês como estímulo a busca por trabalho.

Aro propôs no parecer que esse bônus não seja pago em dinheiro, mas destinado a uma conta poupança, e que aqueles que abrirem uma microempresa ou se tornarem autônomos também poderão ganhá-lo.

“Essa medida certamente evitará a ocorrência de dois problemas que verificamos no desenho da MP”, diz o parecer, que cita como obstáculos a “sobreposição de benefícios para quem está no mercado de trabalho formal, gerando uma alocação pouco eficaz e pouco racional dos recursos públicos, que são escassos; e o desestímulo à ampliação de renda e à contribuição previdenciária de autônomos ou microempreendedores individuais, que compõem grande parte dos invisíveis e não contam com nenhum tipo de seguro para ocasiões de choques negativos de renda”.

O texto também eleva as linhas de pobreza acima dos parâmetros definidos pelo governo. O Executivo estabeleceu que as famílias com renda per capita de até R$ 100 estarão qualificadas para receber o benefício voltado à extrema pobreza e até R$ 200, como pobres. Aro elevou para R$ 105 e R$ 210, dizendo que esses são os valores corretos para recompor esses critérios com base na inflação.

Valor

Governo negocia com MDB e PSD e tenta votar PEC dos Precatórios na terça

Relator tenta evitar novas novas mudanças na proposta

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado agendou para a próxima terçafeira a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O texto foi lido ontem no colegiado e, como esperado, houve pedido de vista. Agora, a expectativa do governo Jair Bolsonaro é aprovar o projeto na comissão e levá-lo ao plenário da Casa no mesmo dia.

Para isso, no entanto, o relator da PEC, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), terá que continuar negociando com as duas maiores bancadas, MDB e PSD, que insistem em novas mudanças. Ele se reuniu ontem com senadores de ambos os partidos. Uma das principais demandas do PSD é a retirada dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) do teto de gastos.

O pedido está ligado à pressão feita por governadores dos Estados, que prometem judicializar o tema se um ajuste não for feito. Diante disso, Bezerra deve submeter esse pedido à equipe econômica e voltar a discutir o assunto com o partido na segunda-feira, um dia antes da votação na CCJ.

“O que tem gerado mais polêmica é o pagamento dos precatórios dos Estados. Só a Bahia tem R$ 10 bilhões para receber. Vamos ter que achar uma saída para depois isso não virar um problema judicial. A ideia é retirar os precatórios do Fundef do teto de gastos e aí resolve o problema”, explicou o vice-líder do governo no Senado, Carlos Viana (MG), que integra a bancada do PSD.

O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), também tem adotado discurso semelhante. Ontem, ele defendeu que ainda é preciso fazer alguns ajustes na proposta antes que o texto seja levado à votação na CCJ. Braga demonstrou desconforto especificamente com um artigo da PEC que, na avaliação dele, cria uma espécie de “fila de precatórios”.

O dispositivo em questão estabelece um “limite” para o pagamento de sentenças judiciais por exercício fiscal até 2036. Com isso, os precatórios que excederem esse limite terão que aguardar para serem pagos, sem data estabelecida para sua quitação. A exceção será se o credor aceitar um desconto de 40% ou topar alternativas como encontro de contas ou compras de ações de estatais a serem privatizadas. Para Braga, isso vai provocar uma “fila de precatórios” na Justiça.

O Valor apurou que, até o momento, o MDB teria menos de dez votos a favor do texto de Bezerra. A bancada é a maior da Casa, com 15 parlamentares. Um dos votos contrários deve ser o do senador Renan Calheiros (MDB-AL), desafeto do governo. Ontem, Bezerra também fez a leitura do seu parecer.

No texto, ele fez três alterações de redação e quatro emendas de mérito. A primeira é a que transforma o Auxílio Brasil em um programa permanente. A segunda é a vinculação do espaço fiscal aberto aos programas sociais de combate à pobreza e à extrema pobreza, caso do Auxílio Brasil.

O parecer também define o fluxo de pagamento de precatórios e propõe a criação de uma comissão mista de acompanhamento, com o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para fazer a auditoria dos precatórios.

Bezerra também voltou a falar sobre a possibilidade de fatiamento da proposta, para que parte dela possa ser promulgada mais rapidamente. Segundo ele, esta é uma estratégia que será definida somente após a aprovação da matéria pelo Senado e por decisão do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em articulação que envolve o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Por ser uma PEC, Câmara e Senado precisam concordar integralmente com todos os pontos para fazer a promulgação.

Como o Senado está propondo sete mudanças em relação ao texto que foi aprovado pela Câmara, uma ideia que está sendo tratada nos bastidores é fatiar a proposta, promulgando já na próxima semana as partes da PEC dos Precatórios que têm acordo entre as duas Casas. Isso facilitaria o pagamento do benefício de R$ 400

Folha de SP

Risco de recessão tira disputa eleitoral do campo ideológico e enfraquece Bolsonaro, dizem economistas

Discurso baseado em polarização política e pauta de costumes perde força diante da alta da inflação, dos juros e do desemprego

O risco de recessão em 2022, acompanhado por inflação persistente, surge como um dos principais obstáculos para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na corrida eleitoral do próximo ano, avaliam economistas e cientistas políticos.

O desafio não se limita ao fato, já estudado na literatura econômica e política, de que muitos eleitores votam de acordo com a condição do seu bolso. A piora da economia não só prejudica a popularidade do presidente como também enfraquece uma questão que contribuiu para sua vitória em 2018: o discurso ancorado na polarização política e na pauta de costumes.

“O risco de que a eleição tenha um recorte mais econômico do que ideológico é a maior ameaça a um governo que se especializou em fazer campanha durante seu mandato”, afirma o cientista político Creomar de Souza, da Consultoria Dharma, que avalia riscos políticos.

“É claro que o eleitor não decide seu voto exclusivamente pela economia, mas essa talvez seja a área em que ele consiga estabelecer, com mais facilidade, relações de causa e efeito com o governo federal”, diz também o pesquisador Jairo Nicolau, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea, da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Nas últimas semanas, as projeções econômicas para o ano eleitoral sofreram significativa deterioração. Às vésperas de 2022, o Brasil ainda amarga os prejuízos gerados pela crise da Covid-19, que elevou o desemprego, diminuiu a renda de parte da população e turbinou a inflação.

Ao longo da pandemia, cadeias produtivas foram desarticuladas, o que restringiu a oferta de bens e serviços, aumentando os preços de insumos diversos no mercado internacional. A escalada inflacionária no Brasil teve ingredientes adicionais. Entre eles, estão a alta do dólar em meio a tensões políticas, o que elevou os custos de produtos como os combustíveis, e a crise hídrica, responsável por encarecer as contas de luz.

O cenário de dificuldades para 2022 ganhou novos capítulos nas últimas semanas com as incertezas fiscais. As dúvidas com o rumo das contas públicas cresceram após o governo federal colocar em xeque o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família.

Diante desse cenário, projeções de analistas para o PIB (Produto Interno Bruto) passaram a encolher, e a hipótese de recessão no próximo ano —ou seja, queda da atividade econômica— ficou mais forte. “O cenário é muito ruim para a economia em 2022”, define o diretor da Asa Investments, Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro Nacional. “Esse quadro econômico seria desfavorável à reeleição de qualquer um”, afirma.

A Asa projeta PIB estagnado (0%) em 2022, mas não descarta eventuais mudanças para baixo ou para cima, segundo Kawall. De acordo com a instituição financeira, a economia brasileira deve amargar uma recessão técnica no primeiro semestre de 2022. Juros mais altos, inflação ainda pressionada e incertezas da corrida eleitoral sustentam a projeção.

Recessão técnica é o termo usado por economistas para descrever dois trimestres consecutivos de queda do PIB. Segundo Kawall, a piora das condições macroeconômicas e os riscos fiscais também colocam em xeque, no próximo ano, a incipiente melhora do mercado de trabalho. “A crise afetou muito o emprego menos qualificado, de baixa renda. Vamos ter um ano bastante difícil para o mercado de trabalho, do ponto de vista econômico e social.”

O Itaú Unibanco e o Credit Suisse estão na lista de instituições financeiras que projetam recesão para o ano de 2022. Os dois bancos passaram a prever contração de 0,5% no período.

A mediana do boletim Focus, do BC (Banco Central), que traz as projeções de analistas do mercado financeiro, ainda indica avanço de 0,7%, mas vem recuando nas últimas semanas. Ao final de janeiro de 2021, por exemplo, a alta prevista para 2022 era de 2,5%.

Para complicar, o mercado vê uma inflação mais forte do que a esperada inicialmente para o ano eleitoral. Pelo boletim Focus, a mediana para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu a 4,96%. A marca está bem próxima do teto da meta de inflação em 2022, de 5%.

“O cenário para o ano que vem está bastante complicado. Tem vários níveis de incertezas. A gente não está conseguindo aproveitar a oportunidade de crescimento na saída da pandemia”, analisa o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

A MB projeta estagnação do PIB (0%) em 2022 no cenário-base. Mas, diante das dificuldades, não descarta um resultado ainda pior, aponta Vale. Segundo ele, a economia fragilizada em ano eleitoral joga contra Bolsonaro na disputa pela Presidência.

“Em 2022, ainda estaremos vendo resquícios da pandemia sobre a atividade econômica. O governo federal até conseguiu fazer a reforma da Previdência no primeiro ano de mandato [2019], mas a pandemia trouxe dificuldades a partir de 2020. O governo não soube responder”, analisa Vale.

Por causa dos riscos que assombram o país, a gestora de investimentos Rio Bravo passou a prever recessão para o PIB brasileiro de 2022. A retração projetada é de 0,2%, diz o economista da instituição João Leal. Antes, a Rio Bravo estimava alta de 0,5%. Leal sublinha que, historicamente, as incertezas relacionadas às eleições costumam empurrar a taxa de câmbio para cima, o que pressiona a inflação.

Para conter os preços, o BC é forçado a levar a taxa básica de juros, a Selic, a um nível mais alto. Atualmente, a taxa está em 7,75% ao ano. Em 2022, a perspectiva é de Selic em 11,75%, projeta a Rio Bravo. A Asa enxerga uma taxa ainda maior, de 13%.

O avanço da Selic, lembra Leal, desafia o consumo das famílias e os investimentos das empresas, freando a economia. As incertezas políticas e os juros mais altos ajudam a explicar a projeção de recessão em 2022, aponta o analista. “O cenário para 2022 é muito complicado. Temos vários pontos de incertezas. Isso não impacta só o mercado financeiro. Também afeta a economia real.”

Pela série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) iniciada em 1996, o PIB teve quatro anos de queda. A economia recuou em 2009 (-0,1%), 2015 (-3,5%), 2016 (-3,3%) e 2020 (-4,1%). em nenhum deles houve eleições presidenciais.​

Valor

Moro almoça com Zema e ganha apoio de general

Ex-juiz diz que Supremo “errou” ao tê-lo considerado suspeito em suas ações na Lava-Jato

pré-campanha pela Presidência, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) almoçou ontem em Belo Horizonte com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Em outra frente, o pré-candidato tenta atrair ex-apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para o Podemos, como o general Santos Cruz, que vai se filiar hoje à legenda.

 Ex-ministro da Secretaria de Governo, o militar é cotado a vice de Moro. O encontro com Zema se deu em um momento em que o governador mineiro busca distanciar sua imagem de Bolsonaro. A presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), também participou.

Em entrevista à rádio Itatiaia, Zema disse que Moro foi comunicar sua précandidatura. “Como governador, estarei aberto para receber todos os potenciais candidatos a presidente, inclusive para saber o que eles pensam sobre Minas Gerais. Queremos que Minas esteja próximo do Palácio do Planalto independente de quem esteja ocupando”, afirmou.

Em entrevista ao jornal “O Tempo”, Moro disse que pediu o almoço com o governador para ouvir o que Zema pensa sobre o cenário atual, enquanto constrói seu projeto para 2022. O ex-ministro citou como motes de campanha o controle da inflação, o combate à pobreza e o combate à corrupção. Ele disse defender uma política liberal mas com “políticas sociais consistentes”.

Moro também defendeu as reformas tributária e administrativa e o fim da reeleição para cargos do Executivo. Questionado sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou o ex-juiz suspeito no caso da Lava-Jato, disse ter grande respeito pelo Supremo, mas considera que houve erro de julgamento. “Lamento que houve esse retrocesso no combate à corrupção. Mas não adianta lamentar. O presidente deveria apresentar um projeto de lei ao Congresso para mudar a Constituição e corrigir esse tipo de erro.”

Na noite de terça, Moro jantou com deputados do Cidadania, partido que tenta atrair, mas foi aconselhado a se aproximar do presidente do partido, Roberto Freire, que não participou do encontro sob a justificativa de que tinha outros compromissos no horário. Outro que faltou foi o senador Alessandro Vieira (SE), pré-candidato do Cidadania à Presidência, lançado após ter destaque na CPI da Covid no Senado.

A preocupação principal do Cidadania neste momento é negociar uma federação com outra legenda para sobreviver à cláusula de desempenho em 2022, que pode deixar a sigla sem fundo partidário e propaganda na TV, e o fim das coligações nas disputas para deputado, que obrigarão a montagem de chapas próprias em todos os Estados. Com a federação, ocorrerá uma união entre os candidatos de dois ou mais partidos, facilitando a construção das chapas.

A tendência maior hoje é que essa aliança ocorra com o PSDB, mas o partido ainda espera o fim das prévias para decidir o presidenciável tucano e o julgamento pelo STF da ação de inconstitucionalidade do PTB contra as federações.

Moro jantou com cinco dos sete deputados do Cidadania e as conversas se deram sobre economia e o cenário político. O ex-ministro indicou na conversa, segundo dois deputados, que não fará um discurso virulento contra o Centrão, se diferenciando de Bolsonaro na época da campanha de 2018.

Folha de SP (Painel)

Cidade de SP chega a 100% da população adulta com esquema vacinal completo

Número foi alcançado na tarde desta quarta-feira (24); Ricardo Nunes (MDB) fala em ‘capital da vacina’

A cidade de São Paulo atingiu nesta quarta-feira (24) a marca de 100,03% da população adulta com o esquema primário da vacina contra Covid-19 completo, segundo dados da Secretaria de Saúde da gestão Ricardo Nunes (MDB).

O número significa que toda a população com mais de 18 anos da cidade foi vacinada, e a taxa passa de 100% porque o censo brasileiro que dá base aos levantamentos é de 2010 e também porque há adultos de outras cidades que se vacinam no município.

Na segunda-feira (21), o Brasil atingiu a marca de 80% da população adulta com o esquema vacinal completo. O estado que apresenta o maior percentual de adultos que já receberam as duas doses ou a dose única é São Paulo, com 94,44%. Na outra ponta está Roraima, com apenas 44,42%.

O vacinômetro municipal de São Paulo estima a população adulta paulistana em pouco mais de 9,2 milhões de pessoas. Entre eles, 13% já tomaram a dose de reforço contra o coronavírus. “A cidade de São Paulo se solidifica como a capital mundial da vacina. A gente consolida a nossa liderança, a cidade que mais vacinou no mundo, e eu só tenho que agradecer a população de São Paulo, que aderiu à vacinação e está acreditando na vida, protegendo a sua vida e a dos outros”, diz Nunes ao Painel.

Na capital, mais de 840 mil adolescentes estão sendo vacinados. Até o começo da tarde desta quarta (24), a cobertura vacinal entre 12 e 17 anos na capital estava em 106% para a primeira dose e 43,8% para a segunda dose.

Secretários estaduais de Saúde são unânimes em recusa a Carnaval em 2022

Eles temem que aglomerações gere nova onda de Covid-19

Os secretários estaduais de Saúde são unânimes na reprovação à realização de Carnaval em 2022. É o que afirma Carlos Lula, presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e titular da pasta no Maranhão. “Entre os secretários, ninguém concorda com o Carnaval”, diz.

Ainda que o cenário da pandemia da Covid-19 esteja melhor que o de meses anteriores, há o temor de que as aglomerações gerem uma nova onda de contaminações. Lula ressalta, por outro lado, que os secretários reconhecem que existem outras razões para que os eventos sejam realizados, como, por exemplo, a pressão de profissionais da cultura.

Até o momento, ao menos 58 cidades paulistas já anunciaram o cancelamento dos festejos, entre elas São Luiz do Paraitinga, Franca e Ubatuba. Em capitais como São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Recife, a realização de eventos ainda é incerta e depende da evolução da pandemia.

Folha de SP (artigo)

Novo inverno de pandemia se anuncia no hemisfério Norte

Resistência a medidas que salvam vidas e podem restaurar a economia é abastecida pelo descaso sobre a morte

LÚCIA GUIMARÃES

Principal feriado nos Estados Unidos, o Dia de Ação de Graças, nesta quinta-feira (25) vai concentrar o maior número de americanos em trânsito desde o começo da quarentena de março de 2020. Só as companhias aéreas esperam um movimento de 20 milhões de passageiros. Famílias de vacinados e não vacinados vão se aglomerar para comer peru e celebrar a suposta refeição dos peregrinos que colonizaram o país no século 17.

Sinal de confiança de que a pandemia foi derrotada? Não. Os índices de infecção voltaram a subir no país —30% em duas semanas. Embora a demografia da Covid seja desigual, determinada pelas regiões em que prevalecem negacionistas da vacina, a curva é ascendente.

A explosão de casos na Europa, intensificada pela variante delta, e a recusa de americanos, nadando nas doses de vacina, em se imunizar sinalizam mais um inverno de pandemia. É impossível dissociar o contexto político, as guerras culturais sobre máscaras e distanciamento social da sabotagem do combate à Covid-19.

Nova York deveria ser a cidade-pôster no outono (do hemisfério Norte) da volta ao normal. Mas só 68% da população elegível foi vacinada com duas doses. No momento, a Covid, como a influenza, parece teimar em se impor como sazonal, a exemplo da gripe. O número de infecções na cidade, onde o reforço vacinal é recomendado para toda a população adulta, está subindo.

Críticos das autoridades sanitárias federais começam a dizer que a “terceira dose de reforço” devia ter sido obrigatória há meses. A reabertura de eventos, os espetáculos ao vivo e a permissão de entrada de viajantes de países como o Brasil, que faziam parte da lista de restrições, vão alimentar uma onda de infecções em NY? A resposta deve ser sim; o índice local de infecções aqui é agora o mais alto desde abril, quando a população vacinada era muito menor.

A resistência à vacina e a medidas de distanciamento social, como o uso de máscaras, se espalhou e se tornou bandeira de sindicatos de empregados de atividades como saúde e educação em Nova York.

É difícil imaginar o combate a epidemias do século 20, como varíola e poliomielite, sob o clima atual de militância que confunde liberdade individual com direito de contaminar pessoas vulneráveis.

A nova onda da pandemia no hemisfério Norte coincide com a constatação de que a democracia, nos EUA e em dezenas de países, está em retrocesso. Obscurantismo e desconfiança em relação à ciência não são produtos do século 21. A Revolta da Vacina no Rio de Janeiro, em 1904, não foi motivada apenas pela imunização contra a varíola, mas contra reformas urbanas.

A diferença, em 2021, no ativismo antivacina que testemunhamos na Europa e nos EUA é que a resistência a medidas que salvam vidas e podem restaurar a economia de países devastados pela pandemia é abastecida por um niilismo assustador, um descaso sobre a morte.

A ideia de que qualquer medida obrigatória (como a exigência de vacina para entrar em locais públicos) constitui uma afronta à liberdade individual é um cavalo de Troia para democracias ocidentais. Quer opressão maior do que viver à mercê de cidadãos que acreditam ter o poder de arriscar sua vida?