Clipping 9 de novembro de 2021

Manchetes

Órgão que gere Enem sofre debandada às vésperas de exame (Folha)

Após 20 meses, SP tem 24h sem registro de morte por Covid (Estadão)

Bolsonaro decide se filiar ao PL, do Centrão (O Globo)

Congresso e STF costuram uma saída para emendas (Valor)


Valor

Crise dos chips deve se estender para 2023, afirma Anfavea

Neste ano, 300 mil unidades devem deixar de ser produzidas no Brasil por falta do componente eletrônico

A crise dos semicondutores deve se estender por mais tempo do que se esperava. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, disse que pelas estimativas do mercado o abastecimento de chips para a indústria automotiva deve se regularizar em 2023 e não na segunda metade de 2022, como se imaginava.

Pelos cálculos, de 10 milhões a 12 milhões de veículos devem deixar de ser produzidos no mundo. No Brasil, segundo Moraes, essa perda na produção deve chegar a 300 mil unidades. Ele disse que em 2022 a indústria brasileira ainda enfrentará um novo desafio, agora o macroeconômico, com taxa de juros e inflação em crescimento e a perspectiva de PIB negativo.

“Hoje estamos com uma oferta abaixo do necessário. Normalizado esse tema durante 2022, podemos enfrentar um novo problema, que é falta de demanda. Essa é a preocupação”, disse. “O Brasil está saindo da pandemia e poderíamos ter uma retomada, mas vemos uma piora das perspectivas para 2022. Já se fala em estagnação, recessão. A agenda eleitoral não pode ficar acima da agenda econômica e a social.”

Neste ano, a produção de veículos deve crescer entre 6% e 10%, segundo estimativas da Anfavea, divulgadas ontem. Entretanto, a perspectiva anterior era de alta de mais de 20%. Até outubro, de acordo com dados da entidade, foram fabricados 1,82 milhão de veículos, uma evolução de 16,7%.

Em outubro, no entanto, a produção de veículos caiu 24,8% em relação ao mesmo período de 2020. Foram fabricadas 177,9 mil unidades no mês passado. “Foi o pior volume para o mês de outubro desde 2016. Isso se deveu à crise dos semicondutores. Essa falta de componentes desorganiza o sistema de produção e isso afeta as montadoras e as fornecedores. Tem consequência em toda a cadeia.”

Os licenciamentos no mês passado também foram os piores dos últimos cinco anos. Foram vendidos 162,3 mil veículos, uma queda de 24,5% no comparativo com outubro de 2020. No acumulado, no entanto, os emplacamentos apresentaram alta de 9.3%, chegando a 1,73 milhão de veículos.

Houve leve queda de produção e vendas para caminhões em outubro, na comparação com setembro, o que indica que a falta de semicondutores também começa a afetar este segmento que vinha em alta desde a metade do ano passado. “Por terem volumes de produção menores do que os automóveis, os caminhões ainda não tinham sido fortemente impactados pela falta de itens eletrônicos até então”, disse Marcos Saltini, vice-presidente da Anfavea.

Em outubro, segundo a Anfavea, foram produzidos 13,6 mil caminhões, uma alta de 24,6% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Já as vendas somaram 11,04 mil unidades, um crescimento de 39,7%.

Segundo os dados da Anfavea, foram exportados 29,8 mil veículos em outubro, um recuo de 14,6% em relação a mesma base de 2020. Esse volume gerou uma receita de US$ 667,39 milhões.

No acumulado, as vendas externas alcançaram 306,8 mil unidades e US$ 6,19 bilhões, crescimento de 26,8% e 45,9%, respectivamente. “Exportação tem que ser complementar e o ideal deve ser de pelos menos 40% da produção. Hoje, representa de 10% a 15%.”

Valor

Governo negocia prorrogar incentivo a semicondutores

Indústria pressiona por manutenção do benefício, que custa R$ 1 bilhão ao ano e deve acabar em 22 de janeiro

As indústrias de eletrodomésticos e automóveis se mobilizam na Câmara dos Deputados, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, para prorrogar o incentivo tributário para a construção de semicondutores no país. O benefício, que custa R$ 1 bilhão por ano, acabará em 22 de janeiro e o setor trabalha junto ao governo para prorrogá-lo. O assunto ganhou força com a falta mundial de semicondutores, que parou a produção de montadoras de veículos este ano por vários dias.

Os semicondutores são matérias-primas para a construção de chips para vários equipamentos, de carros a celulares, e sua produção é vista como estratégica, o que sensibilizou até o Ministério da Economia – embora ainda exista a preocupação sobre como encaixar esse gasto extra no Orçamento.

Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), essa pauta será prioridade após a votação da proposta de emenda constitucional (PEC) dos Precatórios – que será analisada hoje e poderá abrir até mais de R$ 90 bilhões de espaço no orçamento para gastos, caso aprovada pela Câmara e Senado. Barros se reunirá com representantes dos setores amanhã e a intenção é aprovar o texto no plenário da Câmara nos próximos dias, mas isso estaria condicionado à efetiva aprovação da PEC.

Autor do projeto, o deputado Vitor Lippi (PSDB-SP) saiu otimista de reunião com o ministro da Economia na semana passada. “Conversamos com o ministro Paulo Guedes, que entende a importância do projeto nesse momento”, disse. No dia seguinte, foi aprovado requerimento de urgência para votar a proposta direto no plenário. “Nosso gasto com o incentivo é de R$ 1 bilhão por ano. O setor é tão estratégico que os Estados Unidos vão investir R$ 100 bilhões”, afirmou.

A proposta em discussão na Câmara adia o fim do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays (Padis) de janeiro de 2022 para 31 de dezembro de 2029, mesma data que está previsto o fim da Lei de Informática. A exemplo da legislação de incentivo à produção de computadores e equipamentos de telecomunicações, o projeto estabelece uma redução gradual nos créditos tributários gerados pelo Padis. Além disso, o texto inclui mais produtos entre os beneficiados.

A não aprovação do projeto ainda extinguirá créditos concedidos até 31 de março de 2020 por conta da revisão desses benefícios para evitar uma condenação pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e “fatalmente implicará aumento de custo dos semicondutores” e “dos preços dos bens finais oferecidos ao mercado doméstico”, diz o setor.

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, não seria conveniente que o governo federal encerrasse um programa desse porte agora. “Independente da prorrogação do ponto de vista estratégico, estaríamos indo na contramão do mundo se não fizéssemos isso agora em função da falta de semicondutores, que acabou deixando a indústria fragilizada”, disse.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (ABISEMI), Rogério Nunes, defende que a prorrogação do Padis é estratégica para o Brasil atrair mais empresas, hoje concentradas na Ásia. “Não vejo chance de atrair empresas de wafers [placas de silício para produção de chips processadores] se esse projeto não for aprovado.”

Segundo Nunes, alguns termos do Padis permaneceriam vigentes até 2036 mesmo sem a aprovação da proposta. Por isso, ele sugere que os benefícios que acabem em 2022 sejam válidos até 2029 e que os que acabam em 2036 expirem no final desta década. Ele afirmou também que três mil empregos poderia ser afetados pelo fim do programa.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse, em nota, que “apoia qualquer iniciativa de semicondutores para fomentar essa indústria no Brasil”.

Automotive Business

Estações de recarga da Shell para elétricos estarão nas ruas em 2022

Petrolífera irá agrupar os serviços sob o nome Shell Recharge Solutions

As ruas dos EUA e da Europa vão ganhar em breve estações de recarga elétrica com a marca da Shell. A petrolífera comprou a empresa neerlandesa de abastecimento elétrico doméstico NewMotion em 2017 e a rede de recarga de VEs americana Greenlots em 2019. No entanto, só agora irá rebatizar as companhias e remodelar os equipamentos. A mudança deve acontecer no início de 2022.

O nome unificado será Shell Recharge Solutions nos EUA e na Europa. Na Ásia, será mantido o nome Greenlots por questões legais. Neste ano, a empresa chegará a 57 mil pontos de recarga só nos EUA e 250 mil na Europa. Os planos, porém, são muito mais ambiciosos: chegar a 500 mil em todo o planeta em 2025 e 2,5 milhões de pontos em 2030.

“Nosso nome está mudando, mas nossa visão de diminuir a emissão de carbono está mais docada do que nunca”, afirmou Andreas Lips, CEO da Greenlots. “Nós temos metas ambiciosas e, como Shell Recharge Solutions, iremos integrar a expertise compartilhada ao longo de três negócios para atender a mais clientes”, disse.

Sob a nova marca, a Shell permanecerá oferecendo soluções para recarga doméstica de carros elétricos (NewMotion) e instalando pontos públicos de recarga (Greenlots). A empresa, que divulga instalar um ponto de recarga a cada 20 minutos, também afirma estar auxiliando outras companhias com sua transição para eletrificação ao fornecer infraestrutura.

Veja.com

Fim do Gol reafirma a crise de oferta dos carros populares

Gargalos na cadeia produtiva, cenário inflacionário, e a transformação na indústria por processos sustentáveis têm dado fim a era dos carros populares

A Volkswagen do Brasil confirmou na última semana o fim da produção do Gol. Lançado em 1980 e com mais de 40 anos de história, o carro surgiu como um substituto do Fusca e foi um dos maiores sucessos de venda da fabricante automotiva. Mas os gargalos na cadeia produtiva, o cenário inflacionário, e a transformação na indústria por processos que reduzam os impactos ambientais têm dado fim a era dos carros populares.

O Gol será produzido até o fim do próximo ano, quando será substituído pelo Polo Track, ainda em fase de produção com previsão de lançamento para 2023. O carro será o novo modelo de entrada da montadora no Brasil e o mais barato deles, com preço inicial superior ao do Gol. O Gol hoje custa entre 67,8 mil reais e 83,4 mil reais.

A alta nos preços dos carros populares foi desencadeada pela pandemia que gerou desequilíbrios nas cadeias de produção. As montadoras tiveram suas linhas de montagem paralisadas, mas a demanda pelos automóveis não arrefeceu como o esperado. Assim, com a queda na oferta e o aumento da demanda, os preços foram pressionados.

De acordo com um levantamento da Bright Consulting, a paralisação no segundo trimestre de 2020 causou prejuízos da ordem de 42 bilhões de reais para a indústria. Somado a isso, a escassez dos chips e semicondutores – item essencial para o funcionamento dos automóveis – também tem impulsionado os preços. Insumos como aço, vidro e plástico também tiveram aumento estratosférico, que foi repassado ao produto final. headtopics.com

Além dos efeitos inflacionários gerados pela pandemia, a alta carga tributária no Brasil, podendo chegar a mais de 35% em carros 1.0, também inviabiliza o preço dos carros populares. A invasão dos carros populares nas ruas se deu após o governo Itamar Franco reduzir a alíquota do imposto sobre produtos industrializados (IPI), de 20% para 0,1%, benefício que perdurou até 2011.

As exigências por mudanças climáticas também têm sido um dos grandes propulsores para a extinção dos carros populares. Fabricar um carro hoje está bem mais caro que há 50 anos atrás devido às óbvias exigências dos componentes de segurança que hoje são considerados itens essenciais mesmo nos modelos mais básicos, mas também pelos compromissos ambientais.

De acordo com a montadora, o objetivo é reduzir os impactos ambientais com a utilização da plataforma MQB. Além de ser mais eficiente ao permitir a fabricação de diversos modelos, permitindo a redução de gastos produtivos, o sistema torna o carro mais “leve”, gerando menos consumo de combustível e, consequentemente, menor emissão de poluentes.

Os modelos Gol, Voyage, Saveiro são feitos fora dessa plataforma e todos esses modelos serão encerrados. Por fim, e não menos importante, as matrizes das montadoras estão demonstrando o interesse numa estratégia de priorizar produtos com mais margem de lucro para o mercado brasileiro, como forma de apresentar números mais vistosos na operação local.

Folha de SP

Gasolina sobe 2,2% nas bombas e já bate nos R$ 8 na gaúcha Bagé

Segundo ANP, preço do diesel subiu 2,4% nos postos na semana passada

O preço da gasolina subiu novamente nos postos brasileiros na semana passada e já chega a custar R$ 7,999 por litro em Bagé (RS), onde a pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) encontrou o maior valor.

Na média nacional, o combustível foi vendido a R$ 6,710 por litro, alta de 2,2%, ainda com repasses do último reajuste promovido pela Petrobras, de 7%, no fim de outubro. O valor é um novo recorde desde que a ANP começou a compilar os preços dos combustíveis no país, em 2002.

O preço do diesel também manteve tendência de alta, chegando a R$ 5,339 por litro, na média nacional. O valor é 2,4% superior ao praticado na semana anterior. Em Cruzeiro do Sul (AC) o produto já é encontrado por R$ 6,70 por litro.

O diesel foi reajustado em 9,1% no mesmo dia em que a Petrobras aumentou a gasolina. A alta levou a protestos de caminhoneiros e transportadoras, com uma tentativa frustrada de paralisação nacional no início do mês.

A escalada dos preços dos combustíveis e o risco de nova paralisação de caminhoneiros vem gerando uma ofensiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a Petrobras, em mais uma estratégia para transferir a responsabilidade pela crise.

Nesta segunda (8), ele voltou a reclamar do elevado lucro da estatal e defender sua privatização. “Vamos reclamar de quem realmente é o responsável por isso: a Petrobras é a responsável”, disse o presidente, em entrevista à rádio Jovem Pan. “É uma empresa que está existindo em um monopólio para si e para seus acionistas. Eu quero divulgar, os números são astronômicos dos lucros da Petrobras ao longo dos anos, e grande parte vai para acionistas.”

Na entrevista, o presidente repetiu que a Petrobras está prestes a anunciar novos reajustes, embora a estatal negue que antecipe decisões sobre preços ao governo. A série de declarações do presidente sobre a Petrobras levou à abertura de investigações na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), pelos efeitos sobre a cotação das ações da companhia em Bolsa de Valores.

Segundo a ANP, o preço do botijão de gás permaneceu estável na semana passada, quando ficou em uma média de R$ 102,48. Já o etanol hidratado caiu 1,9%, para R$ 4,099. O gás natural veicular subiu 2,4%, para R$ 4,256 por metro cúbico.

Este mês, começou a vigorar o congelamento dos preços de referência para cobrança do ICMS sobre os combustíveis, medida que ajudaria a suavizar os repasses às bombas, segundo defendem o governo e o setor de combustíveis. Desde o reajuste do fim do outubro, o preço da gasolina nas bombas tem alta acumulada de 5,1%. Já o diesel subiu 7,1% no período.

Estadão

Parlamentares planejam drible a decisão do STF de barrar orçamento secreto

Diante do freio imposto pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos pagamentos do orçamento secreto, parlamentares discutem uma manobra para manter o controle sobre o cofre do Executivo, definindo como e onde bilhões de reais das verbas federais devem ser aplicados.

Uma alternativa defendida por integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO) é abandonar as emendas de relator-geral, foco da decisão da ministra, para turbinar outro tipo de repasse, as chamadas emendas de comissão, que hoje são pouco utilizadas, mas pelas quais também não é possível identificar os responsáveis pelas indicações. Neste novo modelo, contudo, o Palácio do Planalto poderia continuar a distribuir dinheiro a deputados e senadores em troca de votos no Congresso.

Rosa mandou suspender na sexta-feira todos os pagamentos feitos pelo governo, por meio das emendas de relator, e se disse “perplexa” com o fato de o dinheiro público ser “ofertado” a um grupo de parlamentares sem critérios mínimos de transparência. A decisão foi uma resposta a ações de partidos que questionaram o Supremo após o Estadão revelar o esquema de “toma lá, da cá” montado pelo governo de Jair Bolsonaro. A liminar da ministra foi submetida a julgamento no plenário virtual, onde os demais integrantes da Corte têm até a quarta-feira, 10, para decidir se mantêm ou não o veto.

Na CMO, colegiado responsável por definir as regras de como o dinheiro público deve ser aplicado a cada ano, o discurso é o de que é preciso dar visibilidade aos repasses do Orçamento. A solução de acabar com as emendas de relator para privilegiar as de comissão divide o grupo. “Aquilo que está fora do eixo normal de funcionamento da Casa vai ter de ser debatido. Nós temos de ver as correções a fazer, independentemente do que o STF decidir”, afirmou ao Estadão a presidente do grupo, senadora Rose de Freitas (MDB-ES).

Comissões

As emendas de comissão são indicações feitas pelos relatores dos 39 colegiados temáticos da Câmara e do Senado, como de educação ou urbanismo. Essas emendas são coletivas e não exigem a identificação do autor da proposta. A compra de tratores por meio de uma emenda de comissão, por exemplo, seria atribuída a todo o grupo, e não a um parlamentar específico.

Para Rose de Freitas, no entanto, é possível dar transparência a essas indicações com as emendas de comissão. “É só os autores serem signatários das emendas que estão fazendo”, disse ela. A regra atual, porém, não obriga que o deputado ou o senador se identifique.

Diferentemente de outras modalidades, como as emendas individuais ou de bancadas, as indicações de comissões não são impositivas, ou seja, o governo não é obrigado a pagar e por isso há pouco interesse de parlamentares.

No Orçamento do ano passado foram liberados R$ 582 milhões a municípios e governos estaduais neste formato. Neste ano, nada.

O vice-presidente da CMO, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), é um dos que defendem acabar com as emendas de relator para privilegiar as de comissão. Ele aponta como vantagem o fato de que esta modalidade esvazia o poder do relator-geral do Orçamento, a quem cabe concentrar as demandas de parlamentares por verbas para redutos eleitorais. “Democratizar, descentralizar e dar mais transparência. Essa é a solução que a CMO deve trabalhar”, disse ele.

Pressão

Numa tentativa de evitar que o Supremo vete de uma vez por todas as emendas de relator, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), se reuniu na noite desta segunda-feira, 8, com o presidente da Corte, Luiz Fux.

O encontro foi fechado. Em manifestação enviada na ação relatada por Rosa, o deputado defendeu a manutenção dos repasses e argumentou que a decisão da ministra era “desnecessária, já que existem meios, em especial a cargo dos órgãos de controle externo e interno, para fazer valer o cumprimento das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias quanto à publicação dos critérios alocativos”.

Órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU), no entanto, já admitiram que os pagamentos feitos por estes mecanismos não são transparentes e tornam impossível saber qual político indicou o quê.

Em outra frente para evitar uma derrota no STF, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), apresentou na segunda-feira um projeto para incluir critérios de distribuição e identificar o autor das emendas de relator. Ramos argumentou que a suspensão desse tipo de emenda fará com que os recursos sejam destinados para gastos a critério do Executivo, transferindo o poder do presidente da Câmara e do relator do Orçamento para o presidente da República. “O que pode contaminar ainda mais as decisões da Câmara”, disse.

Crítica

Bolsonaro também defendeu na segunda-feira a distribuição de recursos a parlamentares via orçamento secreto e disse que Rosa “não foi justa” ao suspender os pagamentos. Para o presidente, não é possível se falar em “barganha” se quem decide como e onde o dinheiro público deve ser enviado é o relator-geral do Orçamento, ou seja, um parlamentar.

“Dizer que nós estamos barganhando… Como eu posso barganhar se quem é o dono da caneta é o relator, o parlamentar?”, questionou o presidente, em entrevista à rádio Jovem Pan Curitiba. “O parlamentar é quem sabe onde precisa de recursos. Não vou discutir a legalidade porque é legal”, acrescentou.

O mecanismo criado no governo Bolsonaro, porém, permite que parlamentares imponham aos ministérios o que fazer com recursos da emenda de relator. A decisão de liberar a verba é do Executivo.

Valor

Oposição não reverte votos e PEC deve ser aprovada

Direção do PSB não fecha questão e PDT tende a manter divisão

Dos parlamentares de PDT e PSB que votaram a favor do texto-base da proposta de emenda constitucional (PEC) dos precatórios, a maioria promete que não recuará e que entregará votos para que o projeto avance hoje no plenário da Câmara, mesmo sob pressão de dirigentes partidários.

O texto dará mais dinheiro para o governo gastar no ano da eleição, mediante o não pagamento de dívidas judiciais (precatórios) e mudança no teto de gastos, que proíbe o governo aumentar suas despesas acima da inflação. Os recursos serão usados para pagar R$ 400 para os beneficiários do Bolsa Família, mas sobrará espaço para outros gastos, como obras indicadas pelos deputados e o fundo eleitoral.

PDT e PSB foram determinantes para que a PEC avançasse na semana passada ao entregarem 25 votos dos 312 que foram favoráveis ao texto-base – para aprovar uma PEC é preciso o apoio de 308 deputados em dois turnos. As articulações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para garantir que um quórum elevado compareça a votação devem surtir efeito e a expectativa é que os parlamentares concluam a PEC hoje.

Há chance, porém, de que o texto passe por alterações. Segundo apurou o Valor, a maioria dos 15 deputados do PDT que votaram a favor da PEC pretende manter a posição, ignorando a pressão feita pela cúpula do partido, cujo principal ato foi a decisão de Ciro Gomes de suspender a pré-candidatura ao Palácio do Planalto em 2022.

Responsável por tentar virar votos dentro do partido, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, convocou reunião da Executiva do partido para hoje, com o objetivo de fechar questão contra a proposta. A intenção é convencer os deputados a mudar de voto e punir os dissidentes.

Deputados que votaram a favor da PEC jantariam ontem na casa do deputado Mario Heringer (PDT), presidente da legenda em Minas Gerais, para discutir uma posição conjunta, mas o discurso é de que não há espaço para mudar de voto e ficar com a fama de “não cumprir a palavra”.

Um deputado do partido relata que conversou com outros cinco ontem e que todos estão defendendo manter a posição. “Eu não posso ficar desmoralizado na Câmara se o Ciro errou. Ele tinha sido comunicado na noite anterior da decisão da bancada”, disse. Na opinião de outro deputado, a bancada “bater o pé” não impedirá Ciro Gomes de ser candidato após a “poeira baixar”.

Há o entendimento de que Lupi não punirá quem votar a favor, já que se trata de figuras históricas do partido e presidentes regionais. “Uma coisa é punir oito deputados de uma bancada de 30 que votaram a favor da reforma da Previdência. Dessa vez não são a Tabata e o Gil Cutrim, são deputados com muitos mandatos, com história no partido, vários são presidentes estaduais”, disse esse pedetista.

Diferente da cúpula do PDT, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, desistiu da reunião da Executiva do partido para fechar questão contra a PEC e demonstrou incerteza sobre a possibilidade de conseguir virar votos de seus comandados. “Reunião não vai ter. Estamos em conversação”, disse Siqueira. “Fechamento de questão, quando se dá, ocorre mesmo antes da votação. Como não houve essa definição, no segundo turno é mais difícil [de fechar questão]”, afirmou.

Lira cuidou ontem e ao longo do fim de semana de costuras para derrubar a liminar da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu o pagamento das “emendas de relator”, que o governo e ele usaram para destinar verbas para suas bases eleitorais dos parlamentares em troca de votos. Lira tem conversado com ministros da Corte para tentar convencê-los a manter esse instrumento.

Segundo o Valor apurou, ele defendeu que essa é uma prerrogativa do Legislativo sobre o Orçamento, mas ponderou que podem ser estabelecidos critérios de mais transparência se os ministros e a sociedade julgar necessários. As conversas ocorreram especialmente com os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli e o presidente Luiz Fux

Folha de SP (Mônica Bérgamo)

Lula diz que com Alckmin poderia dormir tranquilo, segundo interlocutores

O ex-presidente e o ex-governador de São Paulo voltaram a trocar recados

O ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin voltaram a trocar recados, por meio de interlocutores, depois que a coluna revelou que lideranças do PT e do PSB tentam viabilizar uma chapa que una os dois para disputar a Presidência da República.

LINHA INDIRETA 

De acordo com pessoas que convivem com eles, tanto Lula quanto Alckmin estão serenos e não têm pressa para finalizar as conversas. Os dois sabem das dificuldades de uma união ainda no primeiro turno e não querem atropelar rituais políticos.

MEU QUERIDO 

Lula, no entanto, já avançou nos elogios ao ex-governador tucano.

TRAVESSEIRO 

Segundo interlocutores, o petista afirmou que, com ele de vice, poderia dormir tranquilo: Alckmin, que foi quatro vezes governador, teria experiência e estatura política. Ajudaria a governabilidade. E não transformaria a vice em um centro de conspiração e sabotagem para desestabilizar o governo.

TRAVESSEIRO 2

A união dos dois na chapa nacional mudaria o quadro também em São Paulo. Alckmin hoje é o nome que está na dianteira da disputa pelo governo, com 26% das intenções de voto, segundo o Datafolha. O petista Fernando Haddad aparece em segundo lugar, com 17%. Mas salta para 23% em um cenário sem o ex-governador.

TRAVESSEIRO 3

O ex-governador Márcio França, do PSB, aparece com 15%. Uma aliança do PSB com o PT no plano nacional facilitaria o entendimento dele com Haddad para uma chapa única.

TRAVESSEIRO 4

Com os dois partidos unificados, a oposição ao grupo de João Doria (PSDB-SP), hoje alvo preferencial de Alckmin, sairia fortalecida no estado já no primeiro turno, mesmo com a saída do ex-governador da disputa pelo governo.

O Globo

A estratégia de Lula para “neutralizar” o Senado caso seja eleito em 2022

Nas suas conversas sobre 2022, Lula tem mostrado preocupação com a resistência que pode encontrar no Senado, caso consiga vencer a eleição para Presidência da República. Para neutralizar o problema, o petista traçou uma estratégia sobre a renovação dos quadros da Casa, que acontece também no pleito do ano que vem. Em 2022 há eleição de um terço do Senado.

O ex-presidente defende que a Casa precisa voltar a ter parlamentares comprometidos com a política e não os “outsiders” eleitos no esteio de Bolsonaro em 2018. Para isso, Lula está estimulando que ex-governadores e governadores em exercício do cargo, mas que não podem disputar a reeleição, se candidatem ao Senado. Ele acredita que lideranças desse perfil precisam ser eleitas para a Casa.

Nas conversas, o ex-presidente costuma dizer que o Senado sempre se destacou por ser a ala do Congresso com mais estabilidade e razoabilidade no trato de temas políticos, mas que isso se perdeu em 2018. Lula defende a necessidade de retomar esse perfil e tirar as cadeiras dos parlamentares que “investem contra a classe política”. O petista externou que sabe que, se for eleito presidente, não terá uma vida nada fácil com um Senado com o perfil atual.

Valor

Dirigente do PL anuncia que Bolsonaro se filiará ao partido

Presidente disse que filiação está “99% certa” e PP tende a indicar o vice na chapa de 2022

O presidente Jair Bolsonaro encaminhou ontem uma chapa com os dois principais partidos do Centrão para disputar a reeleição no ano que vem. Ele praticamente selou sua filiação ao PL, comandado por Valdemar Costa Neto. E costurou para que a vaga de vice fique com o PP, presidido pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Dessa forma, está próxima do fim uma novela que se estende por quase dois anos. Em 19 de novembro de 2019, Bolsonaro deixou o PSL, legenda nanica pela qual se elegeu e que ajudou a se transformar na maior bancada da Câmara dos Deputados. Foi também a possibilidade de eleger uma bancada significativa que motivou a disputa entre PP e PL por Bolsonaro.

Embora esteja atrás do ex-presidente Lula nas pesquisas, e o cenário econômico para 2022 seja de incerteza, o presidente ainda é considerado um grande puxador de votos. Na avaliação de auxiliares, uma coisa pesou na escolha do de Bolsonaro: o temor de que o PL desembarcasse do governo e para aderir à candidatura de Lula. O petista e Costa Neto se reuniram nas últimas semanas em São Paulo.

Até o início da noite, no entanto, nenhum ministro ainda cravava o negócio como certo. Alegavam que mais de uma vez Bolsonaro já havia mudado de ideia sobre diversos temas. E lembravam que o presidente vinha se mostrando muito indeciso sobre a filiação.

O próprio Bolsonaro, em manifestações ao longo do dia, não deu o negócio como totalmente certo. À tarde, disse à rede CNN, que estava “99% fechado com o PL”. À noite, falando a apoiadores no Palácio da Alvorada, limitou-se a dizer uma frase sobre a filiação à legenda: “Talvez saia esta semana aí”.

Costa Neto, por sua vez, distribuiu um áudio à imprensa afirmando que estava tudo certo. E sinalizou que a negociação poderia envolver também a Presidência da Câmara, atualmente nas mãos de Arthur Lira (PP-AL). “Hoje, ele [Bolsonaro] me informou que falou com o Ciro [Nogueira] e que falou com os outros partidos. […] Nós temos que nos entender, para que todos sejam atendidos. Porque política é isso”, disse Costa Neto. “Hoje, o PP tem a presidência da Câmara, amanhã vamos querer ter essa presidência. Tem a reeleição do Arthur [Lira], vamos apoiar.”

Ele citou ainda o Republicanos, que também disputava a filiação, mas acabou preterido. “Todos têm que crescer, todos têm que ter essa vantagem, e não podem ficar para trás. Se nós temos um grupo, temos que estar unidos”, disse. “Mas ele falou comigo que falou com o Ciro hoje, o Ciro entendeu. E vamos então tocar para a frente o assunto e vamos ver quando é que vamos fazer essa filiação.”

A informação de que a vice-presidência deve ser entregue ao PP foi confirmada ao Valor por dois ministros e duas fontes do PP. Em caráter reservado, parlamentares do PP confirmaram que as negociações entre o Bolsonaro e o PL foram destravadas após um acerto feito entre Ciro e Valdemar, envolvendo a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.

Na avaliação das fontes, o aceno foi realizado como uma forma de evitar um eventual desembarque do PP “aos 48 do segundo tempo” do grupo que sustentará a candidatura de Bolsonaro em 2022.

Enquanto Bolsonaro ainda negociava com as duas legendas, a cúpula do PL teria indicado que poderia desidratar a base do governo caso o presidente decidisse se filiar em outro partido. Em 2018, Valdemar e Bolsonaro avançaram nas negociações para viabilizar uma possível aliança nacional entre PSL, partido ao qual o então candidato estava filiado, e o PL. Mas a articulação, entretanto, emperrou em relação ao diretório fluminense, base eleitoral da família Bolsonaro.

À época, o PL estava em articulações avançadas para compor com o senador Romário, que concorreu ao governo pelo Podemos – ficou em 4º lugar, com 8% dos votos. Mas Bolsonaro queria controle total sobre as alianças no Estado, segundo relatos de uma fonte próxima a Valdemar.

Anteriormente, Bolsonaro chegou a cogitar se filiar a um partido nanico, a fim de controlar totalmente a legenda. Foi um quarteto de ministros políticos – Ciro Nogueira, Fábio Faria, Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e João Roma (Cidadania) – que o dissuadiu de repetir o movimento de 2018.

Os ministros o convenceram de que no próximo pleito Bolsonaro concorrerá em outra condição: vai tentar a reeleição, e precisa de uma sigla maior, com capilaridade, que lhe permita estrutura de governadores, deputados e prefeitos para lhe garantir palanque nos Estados, além de um tempo de TV maior.

Antes de ouvir com mais atenção os auxiliares, Bolsonaro ainda insistia na primeira opção. Tentou o Patriota, mirava o PTB. Segundo fontes que seguiram o tema, Bolsonaro decidiu que vai “compensar” de alguma forma os outros dois partidos que forem preteridos. Havia uma ideia já de distribuir os deputados que o apoiam entre essas três legendas, mas o PTB também deve ser contemplado.

O senador Wellington Fagundes (PL-MT), esteve ontem no Palácio do Planalto e disse que o ingresso de Bolsonaro ao seu partido está “bem encaminhado”. Segundo o senador, o partido reunirá presidentes dos diretórios estaduais no próximo dia 17 para deliberar sobre o tema. Uma cerimônia de filiação, se confirmada, deve ocorrer no dia 22, que é o número do oficial do partido.

Fagundes afirmou ainda que a tendência é que os diretórios estaduais sejam liberados para fazer acordos locais. Há resistências na legenda especialmente no Nordeste, onde Lula e o PT desfrutam de grande popularidade. “Tradicionalmente, o PL nunca foi de fechar questão”, disse. “Eu acredito que como nós temos as diferenças regionais muito grandes, é possível, sim, ter coligações diferentes.”

Folha de SP

Moro sempre teve propósito político, afirma Bolsonaro

Presidente diz que ex-ministro camuflava intenções políticas

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (8) que o ex-ministro Sergio Moro “sempre teve um propósito político”. Moro deixou o governo em 2020, acusando o mandatário de tentar interferir na Polícia Federal. O ex-juiz da Lava Jato planeja se filiar ao Podemos na quarta (10) e sinalizou a aliados que pretende entrar na disputa pelo Palácio do Planalto.

“Você começa a entender um pouco mais as coisas, entender o que eu passei com o ministro Sergio Moro. Ele sempre teve um propósito político, nada contra, mas fazia aquilo de forma camuflada. E ele tinha intenção sim de ir ao Supremo [Tribunal Federal]. Num primeiro momento eu achei justa a intenção dele, depois eu passei a conhecê-lo um pouquinho melhor”, disse Bolsonaro, durante entrevista à Jovem Pan.

A entrevista foi gravada no final de semana, durante visita de Bolsonaro ao Paraná, e transmitida na manhã desta segunda. “O que eu queria na Polícia Federal? Não é interferir nada, quero interlocução. O então diretor[-geral] da PF [Maurício Valeixo], que era do Paraná, nunca foi falar comigo para apresentar um diretor [regional]”, declarou Bolsonaro.

Nesta segunda, a defesa de Moro acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) por não ter sido informada sobre a realização do depoimento de Bolsonaro no inquérito que apura a suspeita de interferência no comando da PF. Para os advogados do ex-ministro da Justiça, a polícia desacatou ordem judicial constante dos autos que lhe assegurava participação no interrogatório e a possibilidade de formular perguntas.

Em outro trecho da entrevista, Bolsonaro argumentou que Moro não aceitou a determinação de trocar dois superintendentes da corporação. “Começaram os problemas. Eu nunca pedi para [o Moro] me blindar, eu sempre falei para ele: ‘não deixe que me chantageiem'”, afirmou.

Moro abandonou a 13ª Vara de Curitiba para assumir o Ministério da Justiça de Bolsonaro, logo após o segundo turno das eleições de 2018, com a promessa de que teria carta-branca na pasta. Depois de deixar a Esplanada, o principal revés do ex-juiz ocorreu em junho deste ano, quando o STF o declarou parcial no julgamento de Lula no caso do tríplex.

Bolsonaro reafirmou nesta segunda que Moro “tinha um interesse político” durante sua passagem pela pasta da Justiça. “E o Moro lamentavelmente tinha um interesse político. Como pode uma pessoa abrir mão de 23 anos de magistratura para ser ministro? Sabendo que poderia ser demitido no dia seguinte e jogar tudo aquilo fora. Ele, aos poucos, foi se revelando que tinha um projeto”, declarou.

O presidente repetiu ainda na entrevista o que afirmou em depoimento à PF, de que Moro teria condicionado uma troca no comando da corporação à sua indicação para uma vaga de ministro do STF. O ex-ministro nega. “Tinha que trocar o Valeixo, ele [Moro] resolveu partir para uma troca comigo. Ele falou: ‘você me indica para Supremo e depois o futuro ministro troca o Valeixo’. Eu falei: ‘pô, Moro, você está de brincadeira. Eu quero trocar o Valeixo por uma falta de interlocução maior entre nós.”

Apesar de apontar propósito político em Moro, Bolsonaro elogiou seu ex-ministro na entrevista. Disse que ele “fez um trabalho bom na Lava Jato” e ajudou a redirecionar o futuro do Brasil”.

Como a Folha mostrou no sábado (6), auxiliares de Bolsonaro dizem que a eventual entrada de Moro na corrida eleitoral de 2022 deverá ter impacto sobre a chamada terceira via, mas sem força suficiente para romper a esperada polarização com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Caso participe da corrida eleitoral, Moro vai se somar à lista de possíveis candidatos que tentam romper o protagonismo de Lula e Bolsonaro no próximo pleito. Fazem parte do grupo Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Rodrigo Pacheco (PSD), entre outros.

Enquanto juiz da Lava Jato, Moro condenou Lula no caso do tríplex do Guarujá. O ex-presidente ficou preso por 580 dias em Curitiba. Ele foi solto após o STF ter mudado entendimento sobre prisão após segunda instância, determinando que só pode ocorrer após o trânsito em julgado (fim dos recursos).

Em 2021, o STF anulou as condenações proferidas contra Lula pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba. Meses depois, em uma dura derrota para o ex-juiz, o Supremo declarou Moro parcial na condução do processo.

Diferentes pontos levantados pela defesa de Lula levaram à decisão dos ministros, como condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, parentes e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação de grampos.

A posse de Moro no governo Bolsonaro e os diálogos entre integrantes da Lava Jato obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados por outros veículos de imprensa, como a Folha, também pesaram. As conversas dos aplicativos de mensagem expuseram a proximidade entre Moro e os procuradores da Lava Jato.

O então juiz indicou testemunha que poderia colaborar nas investigações contra Lula, orientou inclusão de prova contra réu em denúncia do Ministério Público, entre outros elementos explorados pelas defesas dos condenados na Operação Lava Jato. Moro e os procuradores sempre repetiram que não reconhecem a autenticidade das mensagens, mas que, se verdadeiras, não contêm ilegalidades.

Na mesma entrevista, Bolsonaro criticou a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no final de outubro, de cassar o deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) devido à publicação de vídeo no dia das eleições de 2018 em que ele afirma que as urnas eletrônicas haviam sido fraudadas para impedir a votação no então candidato e hoje presidente.

“Eu lamento muito a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de cassar o mandato dele [Francischini] e por tabela de outros parlamentares por uma live que ele começou a fazê-la 12 minutos antes de terminar as eleições de 2018 —não influenciou em nada. É uma medida extremamente exagerada por parte do TSE que tem que ser repudiada por todos nós”, disse Bolsonaro.

Valor

São Paulo tem 1º dia sem mortes por covid na pandemia

Estado prepara para dezembro fim do uso de máscaras ao ar livre, se queda dos indicadores for mantida

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o Estado de São Paulo não registrou nenhum óbito em decorrência da covid nesta segunda-feira. A informação é da Secretaria de Estado da Saúde. Normalmente os dados divulgados pela secretaria já são mais baixos nas segundas-feiras em relação aos outros dias da semana, uma vez que os municípios registram os óbitos no sistema oficial Sivep-gripe durante o domingo. Mesmo assim, desde a primeira morte pela doença em São Paulo, em março do ano passado, não havia nenhum dia sem registro de óbitos.

Há 3.011 pacientes internados em todo o Estado, sendo 1.375 em unidades de terapia intensiva e 1.636 em enfermaria, o que corresponde a uma taxa de ocupação de leitos de UTI no Estado de 24,5% e de 31,3% na Grande São Paulo. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 456.344 pessoas já foram internadas e receberam alta hospitalar.

Na capital paulista, os casos, óbitos e hospitalizações também estão em queda. No dia 1º, a cidade registrou apenas uma morte por covid. Os números se devem ao avanço da campanha de vacinação, afirma a Secretaria de Saúde. No dia 25 de outubro, o Estado de São Paulo alcançou 100% da população apta vacinada com a primeira dose contra a covid. Atualmente, 70,4% da população está com esquema vacinal completo. O índice sobe para 89,5% quando considerada apenas a população maior de 18 anos.

Com os números em queda, o governo de São Paulo anunciou na última quarta-feira que prevê o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre no início de dezembro. Segundo João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência da covid-19, além de monitorar o número de casos graves e óbitos, o Estado espera atingir 75% de esquema vacinal completo para toda a população.

 A meta é que o número de casos também fique abaixo de 1.100 por dia, por sete dias, e hoje está em cerca de 800. As internações, hoje em torno de 400 na média móvel, deverão ser reduzidas para 300. A meta inclui ainda o número de mortes, que deverá cair dos atuais 63 (média móvel diária) para abaixo de 50.