CNM/CUT escreve carta de indignação às encomendas da Vale na China

No ano passado, a Vale assinou um contrato de 1,6 bilhão de dólares com a chinesa Rongsheng Shipbuilding and Heavy Industries para construção de 12 navios para sua frota própria, com capacidade para 400 mil toneladas cada.
Em resposta, o presidente e o secretário geral da CNM/CUT, Claudir Nespolo e João Cayres, escreveram uma carta de indignação ao presidente da Vale, Roger Agnelli.

São Bernardo do Campo, 14 de setembro de 2010
Ao
Sr. Roger Agnelli
Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Prezado Sr. Agnelli,
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, vem manifestar profunda indignação sobre a decisão da Vale comunicada em 13 de setembro, qual seja, encomendar 12 navios a um estaleiro chinês.
O setor naval apresenta-se como um setor estratégico no que diz respeito ao potencial de geração de empregos e na criação de demanda na indústria siderúrgica e na rede de suprimentos, gerando um importante dinamismo industrial próprio da indústria de bens de capital.
Essa decisão vai de encontro ao movimento de retomada e valorização da indústria naval nacional que foi abandonada à própria sorte durante a década de 90 e praticamente se extinguiu.
A Vale recebeu inúmeros investimentos e apoio federais, como por exemplo, no Projeto do Pará, e retornar estes em geração de emprego internamente, considerando o momento atual da industria naval, seria a contrapartida mínima desejada.
Como representantes de 1 milhão de trabalhadores e trabalhadoras metalúrgicas, lamentamos essa escolha, entendendo que há um papel social em toda empresa, principalmente de quem se utiliza de recursos do povo brasileiro, nos colocando à disposição para maiores esclarecimentos
Atenciosamente,

Claudir Nespolo
Presidente CNMCUT
João Vicente Cayres
Secretário Geral CNMCUT

 

De CNM/CUT