CNM/CUT lidera primeira proposta conjunta para indústria naval do Cone Sul

Documento entregue ao MDIC aponta caminhos para empregos de qualidade, soberania produtiva e integração regional. Dirigente do Sindicato destaca início de novo ciclo

Em ato considerado histórico para a classe trabalhadora sul-americana, a CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) participou no último dia 3, em Brasília, da entrega oficial ao MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) da Plataforma de Integração e Cooperação da Indústria Naval e Offshore do Cone Sul. A iniciativa é resultado de dois anos de construção coletiva com seminário na Universidade de Buenos Aires e diversas reuniões on-line envolvendo trabalhadores, sindicatos, empresários, universidades e governos.

O documento integra a cadeia naval sul-americana, gera empregos de qualidade e impede que demandas industriais continuem migrando para a Ásia. A proposta recomenda que o Brasil lidere o diálogo entre os países, por sua capacidade industrial e retomada de políticas estruturantes. O MDIC recebeu o material como subsídio para reconstruir a indústria naval brasileira.

“Pela primeira vez, todas essas frentes elaboraram juntas uma proposta para o setor naval. Isso devolve força à nossa região em um momento em que corporações tentam retirar direitos e explorar nossos recursos. Com esta plataforma, recolocamos o Cone Sul na disputa global”, afirmou Maicon Michel, secretário de Relações Internacionais da Confederação, CSE (Comitê Sindical de Empresa) na Mercedes e também vice-presidente da IndustriALL para a América Latina e Caribe.

Para o dirigente, a ação inaugura um novo ciclo de cooperação. “A indústria naval é estratégica e pode integrar economias inteiras. Integrar a produção regional na América Latina e Caribe é fundamental para o desenvolvimento, pois é disso que se trata: empregos, soberania e futuro para o nosso povo”. A plataforma também reafirma o papel dos sindicatos diante dos desafios tecnológicos e propõe fórum tripartite, integração acadêmica, equivalência salarial, centros tecnológicos comuns e políticas de soberania produtiva para toda a região.