CNM/CUT participa de Fórum da Indústria Automobilística
O novo regime automotivo, apresentado recentemente pela equipe econômica do governo Dilma, foi um dos temas do III Fórum da Indústria Automobilística, dia 9, no Golden Hall do World Trade Center, em São Paulo – SP. O encontro, um dos maiores do gênero já ocorridos no país, teve três workshops paralelos dirigidos para a cadeia de suprimentos, carreira profissional e inovação.
O Sindipeças participou do workshop sobre carreira e inovação, com a presença de representantes do BNDS, ABDI, parque Tecnológico de Sorocaba e dos governos dos Estados que abrigam polos automotivos, como é o caso de Pernambuco, Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
O programa analisou o impacto do novo regime automotivo e o destino de R$ 60 bolhões a serem investidos por empresas de autopeças e montadoras no Brasil até 2015.
Nesse período de três anos está previsto a instalação de oito novas fábricas de veículos leves, seis de caminhões e ônibus e ampliações de instalações das fábricas de componentes já existentes.
Com previsão de produção anual de cinco milhões de veículos leves até 2015, com investimentos de R$ 60 bilhões em toda a cadeia, no período de 2012 a 2015, incluindo a instalação de novos fabricantes, a expectativa é que a cadeia de suprimentos realmente não enfrente gargalos, que as regras do jogo tenham sido definidas por todos os participantes, com avaliação criteriosa do cenário.
Os impactos do novo regime automotivo
Questionados sobre os impactos do novo regime automotivo, que entra em vigor a partir de 2013 e, entre outros reflexos, implica o aumento de compras de insumos e componentes nacionais para obtenção do abatimento de 30 pontos porcentuais extras, aplicados ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos, a resposta foi unânime, mas não surpreendeu. Por conta da divulgação recente, às vésperas do feriado de Páscoa, os executivos alegam falta de tempo para analisar o Decreto nº 7.716/2012, que regulamenta o novo regime, embora estejam otimistas. O que surpreende e contraria a lógica de uma leitura básica e de alguns analistas do setor é que eles não acreditam em gargalos no fornecimento.
Abel Crespo, da Volkswagen, salientou, no entanto, que o novo regime cria capacidade produtiva, obriga investimentos em P&D e inovação, com vistas a tornar a indústria automobilística brasileira mais competitiva mundialmente, mas não trata da demanda interna, do incentivo ao consumo. Outro aspecto apontado por Barreto, da Volvo, refere-se às regras para financiamento pelo BNDES, cuja burocracia dificulta os investimentos necessários, sobretudo para os tiers 2, 3 e 4.
Para José Francisco Maciel Romero, gerente de otimização do valor do produto e desenvolvimento de fornecedores da Fiat, os principais obstáculos a enfrentar não são novos: dificuldade de gestão de algumas empresas e a qualificação da mão de obra. Nesse ponto, as montadoras também são unânimes em afirmar que é preciso uma sinergia maior na cadeia, com troca de experiências e intensificação dos programas de capacitação, já promovidos pela maioria, bem como pelos sistemistas, há algum tempo.
A legislação que prevê itens de segurança, como freio ABS e airbag em todos os veículos também gerou maior escala e favoreceu investimentos na produção local, sem registros de gargalos. João Pimentel, diretor de compras da Ford América do Sul, também não acredita em problemas no fornecimento. Insumos básicos, como alumínio, aço e plástico, estão sob controle.
Na opinião do secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, João Cayres, o novo regime automotivo é muito positivo, pois incorpora várias propostas elaboradas pela CNM/CUT e pelos sindicatos filiados à Confederação. “Com a nossa participação nos Conselhos de Competitividade Setoriais poderemos avançar nas propostas, incluindo o setor de duas rodas e das contrapartidas trabalhistas relacionadas a benefícios fiscais e financiamentos especiais”, diz o dirigente.
Da CNM/CUT