Cobertura eleitoral: Mídia adota posição tucana

Pesquisa do Observatório Brasileiro de Mídia mostra que os cinco maiores jornais de circulação nacional foram tendenciosos na cobertura do primeiro turno, dedicando à Lula a maior parte das reportagens negativas, enquanto o candidato tucano teve preferencialmente cobertura positiva.

Na semana anterior à votação, entre os dias 23 e 29 de setembro, os jornais Folha de S. Paulo, Estadão, Jornal do Brasil, O Globo e Correio Braziliense dedicaram 465 reportagens aos dois candidatos.

Para Lula como candidato foram dedicadas 388 reportagens, das quais 226 negativas. Alckmin teve 77 matérias e apenas 17 negativas.

Já para Lula como presidente foram 31 reportagens negativas e 10 com referência positiva.

Outra constatação do Observatório é que, no episódio das ambulâncias superfaturadas, a mídia dedicou muito mais espaço à participação de petistas na compra do dossiê do que a efetiva participação dos ex-ministros tucanos José Serra e Barjas Negri.

Para Kjeld Jakobsen, diretor do Observatório de Mídia, a cobertura eleitoral é tendenciosa.

“Identificamos casos em que o título da matéria era negativo mesmo quando a notícia era neutra”, comentou.

Ele disse que os jornais e revistas usaram outro truque. As poucas notícias que mostravam aspectos positivos de Lula eram menores ou estavam num canto escondido da página.

O jornal Estado e a revista Veja foram os que mais mostraram esse desequilíbrio na cobertura eleitoral.

Parcialidade fere princípios éticos

Matéria na revista Carta Capital levantou sérias questões sobre o comportamento ético e profissional de jornalistas da Folha, Estado, O Globo, rádio Jovem Pan e Rede Globo, com evidências de que eles agiram em sintonia com a direção dos veículos.

Crime – A revista mostra que essa parcialidade na cobertura política viola o direito fundamental dos cidadãos serem corretamente informados.

Ao distorcer o noticiário e se colocar fora dos limites da ética, a mídia nega ao leitor as informações necessárias para ele fazer sua avaliação.

Um repórter de jornal pró Alckmin disse que não existe pressão no dia a dia, “mas todo mundo sabe que a ordem de cima é para poupar os tucanos”.

Um repórter de revista semanal disse que não há ordem explícita. “Há boicotes internos. A gente até tenta furar o bloqueio, mas a pauta não anda. É inexplicável”.

Na matéria da Carta Capital fica nítido que há uma pressão dos donos dos meios de comunicação não apenas para que a cobertura siga determinada orientação, mas também para que não se discuta isso publicamente.