Com apoio da CUT, peça de Brecht está em cartaz na capital paulista

Santa Joana dos Matadouros, que trata da vida dos trabalhadores durante a crise de 29, ficará no Teatro Denoy de Oliveira até o fim do mês

Com apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Apeoesp e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, está em cartaz durante todo o mês de junho no Teatro Denoy de Oliveira, na capital paulista, a peça Santa Joana dos Matadouros, de Bertolt Brecht.
A produção é do CPC-UMES (Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes), com direção do renomado José Renato, fundador do Teatro de Arena. As apresentações ocorrem todas sextas e sábados do mês, às 21 horas e domingos às 19 horas. Trabalhadores e dirigentes da CUT têm desconto de 50% na bilheteria.

Com um elenco de 15 atores e atrizes, além de três músicos, a peça trata das tensões entre capitalistas e das agruras vividas pelos trabalhadores de Chicago durante o inverno e no auge da crise econômica de 1929. O autor coloca em cena os mecanismos que produzem a crise: superprodução, falta de mercado para escoá-la e os principais empresários tentando compensar queda nos lucros através da especulação e do aumento da exploração, o que, por sua vez, leva a mais quebradeira, mais fome e produz seu oposto: os movimentos operários contra o fechamento das fábricas.

Na trama, Jack Pierpoint (Alexandre Krug), o rei da carne de Chicago, recebe informações de “seus amigos de Nova Iorque”, sobre a iminência da crise. Tenta safar-se, jogando o prejuízo nas costas de seu sócio Ambrósio (João Ribeiro). O resultado será o fechamento das fábricas e o desemprego em massa. Tentando salvar a alma dos demitidos, aparece Joana (Érika Coracini), jovem pregadora dos Chapéus Negros. O encontro da inocência útil de Joana e da consciência ao mesmo tempo pesada e esperta de Pierpoint resultará em um agravamento ainda maior da crise.

Em Santa Joana as emoções estão a serviço do entendimento de como a crise pode propiciar diferentes desfechos e de como estes desfechos dependem da ação, das decisões de cada agente social em enfrentamento. É um desafio, um texto complexo em que a pena arguta de Brecht trata destes mecanismos, das multidões que eles colocam em movimento.

Na avaliação do presidente do CPC-UMES, Valério Bemfica, Brecht acabou revelando-se profético “quanto ao comportamento dos capitalistas: não há nada mais contemporâneo do que grandes conglomerados financeiros com ‘responsabilidade social’, grandes poluidores com ‘responsabilidade ambiental’, ‘amigos da escola’, ‘voluntários’, ‘mecenas’ com o dinheiro alheio”.

Para o diretor da peça, José Renato, “esta encenação é um espetáculo vivo, criado, em sua maioria por atores jovens e motivados”.
“Os atores estão desempenhando maravilhosamente o papel. A gente sente que aquilo que Brecht gostaria de colocar é realizado. Esta encenação consegue transmitir a vida do texto do autor e a gente sente que o público entende e acompanha os aspectos que a peça levanta”, declarou a professora Iná Camargo Costa, professora da USP, especialista na obra de Brecht.
Para Iná, a peça “obtém este resultado excelente, sem dúvida graças à direção de José Renato, cuja presença a gente pode sentir durante o desenrolar da peça, e do elenco. Do palco emana uma inteligência do elenco. Dá gosto de ver”.

O CPC-UMES já levou a cartaz, em 1999, também com direção de José Renato, outra obra de Brecht, Turandot, que teve três indicações ao prêmio Shell daquele ano e venceu o de trilha musical.
 

Serviço:
 

A peça estréia no dia 4 de junho e fica em cartaz todos as sextas, sábados (21h) e domingos (19 h ). Ela será apresentada no Teatro Denoy de Oliveira, rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista – Tel: 3289-7475

Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (estudantes, terceira idade, classe artística e professores da rede estadual com carteira da APEOESP)

Ficha Técnica:

Direção: José Renato

Tradução / Adaptação: Valério Bemfica

Direção Musical / Assistência de Direção: Luciano Carvalho

Cenografia: Cris Cortilio

Figurinos: Magê Blanques

Vídeos: Bernardo Torres

Operação Som / Luz / Vídeo: Ana Cristina Bezerra, Luz Lopes, Thiago Prates

Projeto Gráfico: Janaína Torres

Fotos: Marcelo Kahn

Cenotécnico: Cleyton Caetano

Maquinistas: Bruno Oliveira, Leandro Paneque, Luiz Aparecido do Carmo

Produção: CPC-UMES

Apoio de Produção: Forte Casa Teatro

Elenco (em ordem alfabética):

Alessandro Moura – Don Salvatore / Líder Operário

Alexandre Krug – Jack Pierpoint

Bruna Amado – Chapéu Negro / Operária

Daniel Rodríguez – Jovem Operário / Criador / Policial

Érika Coracini – Joana

Felipe Ormeni – Big Joe / Policial

João Ribeiro – Don Ambrosio

Luiza Maia – Chapéu Negro / Gazeteiro / Secretária / Operária

Magê Blanques – Dona Abiggail / Chapéu Negro

Mário Zanca – Don Giuseppe

Natália Grisi – Chapéu Negro / Dona Sarah / Operário

Rafael Marques – Chapéu Negro / Contramestre / Operário

Rebeca Braia – Bispa Bárbara / Chapéu Negro / Operária

Rogério Nagai – Operário / Criador / Policial

Wilson Mandri – Tommaso

 

Da CUT Nacional