Com aprovação de carta, Congresso é encerrado

2º Congresso das Mulheres Metalúrgicas terminou no início da tarde deste sábado, 27, com aprovação das diretrizes que Sindicato vai incorporar em suas ações.

As reivindicações específicas das mulheres vão ganhar mais espaço na agenda do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Um conjunto de 8 diretrizes foi aprovado pelas 422 delegadas e 67 delegados no encerramento do 2º Congresso das Mulheres Metalúrgicas.

Intitulada Carta do 2º Congresso, o documento aponta para reivindicações que valorizem o trabalho e o salário das mulheres,  a maior participação delas nas instâncias de representação sindical e na categoria, e cria encontros anuais às trabalhadoras (veja íntegra abaixo). A carta também lança oficialmente a campanha Da licença, eu quero 180, pela ampliação da licença maternidade de 120 para 180 dias.

“É um documento para virar realidade”, afirmou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato,  assumindo o compromisso de tornar reivindicações as oito diretrizes.

Aberto na noite de quinta-feira, 25, com as presenças do presidente Lula, e das ministras Dilma Rousseff, Casa Civil, e Nilceia Feire, da secretaria de Mulheres do governo Federal, o 2º Congresso contou com conferências, debates e oficinas temáticas. “Abrimos o maior espaço possível para a expressão das companheiras. Elas começaram a perceber que o Sindicato é de fato um local também para as mulheres”, acrescentou Simone Vieira, coordenadora da Comissão das Mulheres Metalúrgicas.

Leia a cobertura completa do Congresso na edição da terça-feira da Tribuna Metalúrgica.


Mesa de encerramento do congresso que votou diretrizes para as metalúrgicas

Carta-Compromisso do 2◦ Congresso de Mulheres Metalúrgicas do ABC

Nós, delegadas e delegados do 2◦ Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC, realizado no período de 25 a 27 de março de 2010, reiteramos as resoluções do 1◦ Congresso da Mulher Metalúrgica de São Bernardo do Campo e Diadema, hoje ABC, em 1978, e do 6◦ Congresso dos Metalúrgicos do ABC, em 2009.

É importante ressaltar que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem em sua base 97,4 mil trabalhadores, as mulheres representam 14% da categoria e são cada vez mais jovens: 38,4% têm até 29 anos.  A maioria das trabalhadoras está empregada nas indústrias de autopeças e é horista. Nas montadoras, porém, grande parte é mensalista. Por terem baixo acesso as funções de maior remuneração e de chefia, e também às promoções, o salário médio das mulheres é 33% inferior ao dos homens. Quanto à escolaridade constata-se que 53% concluíram o ensino médio e 13% têm nível superior.

Nas últimas décadas, toda a categoria obteve conquistas históricas. No entanto, o sindicato deve levar adiante a responsabilidade de fortalecer a atuação das metalúrgicas visando a melhoria das condições de trabalho, e, o aumento da participação política.

Este é o momento ideal. O país combina desenvolvimento econômico, distribuição de renda e justiça social e a Região do ABC retoma sua agenda institucional, reforçando as pautas de trabalho decente e inclusão social. Este cenário favorável torna mais do que oportuno o fortalecimento da diretriz: Lugar de Mulher também é no Sindicato!

Nesse sentido, nós – 503 delegados (435 mulheres e 67 homens) – propomos à executiva do sindicato o desenvolvimento das seguintes medidas:   

·        criar condições para promover a igualdade de condições de trabalho e de salários entre mulheres e homens, por meio do estímulo e da negociação de medidas de ações afirmativas nas empresas; 

·        estimular e monitorar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas às mulheres e relacionadas com as questões de raça, juventude e pessoas com deficiência, na Região do ABC e nas três instâncias de governo;

·        atuar de maneira conjunta com os demais movimentos sociais para fortalecer o reconhecimento da diversidade na sociedade e das reivindicações das mulheres, incluindo essas questões nas pautas que visam melhoria da qualidade de vida para toda a sociedade;  

·        organizar atividades de formação para as mulheres, e, incluir as questões de gênero nas ações formativas. Os objetivos são os de ampliar a participação das mulheres na vida política e sensibilizar os homens para defenderem os direitos das mulheres.

·        desenvolver ações para ampliar a participação de mulheres na categoria, por meio da sindicalização; dos Comitês Sindicais de Empresa; da aplicação das cotas de participação em todas as instâncias do sindicato; e da participação no Coletivo de Mulheres e nos de Juventude, Pessoas com Deficiência e Igualdade Racial;

·        desenvolver a Campanha: Da licença, queremos 180 pela adesão das empresas ao Programa Empresa Cidadã, que prevê a ampliação da Licença Maternidade de 120 para 180 dias;

·        buscar o aumento do número de mulheres na categoria e em postos de trabalho mais valorizados tendo como meta resultados expressivos até a realização do 3◦ Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC, em 2013;

·         Finalizando, indicamos a realização de congressos das mulheres metalúrgicas do ABC a cada três anos, precedidos de encontros anuais, visando realizar o balanço das ações e traçar novas diretrizes. 

São Bernardo do Campo, 27 de março de 2010.