Com Bolsonaro e pandemia, Brasil está mais triste, estressado, pobre e preocupado

Pesquisa FGV feita com diversos países aponta que esses sentimentos ruins cresceram mais no Brasil onde houve grande salto de desigualdade

Foto: Divulgação

O que os brasileiros vêm percebendo nas ruas, trabalho e conversas com colegas se confirma pela pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getulio Vargas) intitulada ‘Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia’. Os dados revelam uma população mais estressada, preocupada, triste e com raiva.

Além desses sentimentos terem aumentado consideravelmente no Brasil, mais do que em outros países, o levantamento também aponta “um grande salto de desigualdade” e queda da renda média, pela primeira vez abaixo de R$ 1.000.

Raiva

Se você sente hoje mais raiva do que há alguns anos, saiba que não está sozinho. O estudo da FGV mostra que de 2019 para 2020, a “sensação de raiva” cresceu de 19% para 24% das pessoas. Foi um crescimento de cinco pontos percentuais, enquanto no mundo essa alta foi de 0,8 ponto, para 20%.

Felicidade foi-se embora

Na comparação do Brasil com a média de 40 outros países, foi observada a perda relativa de felicidade brasileira como em todos os cinco outros indicadores subjetivos de emoções cotidianas estudados: raiva, preocupação, estresse, tristeza e divertimento.

Em nota de satisfação com a vida numa escala 0 a 10, o Brasil apresentou queda de 0,4 pontos em 2020, chegando a 6,1, o menor da série histórica desde 2006.

Governo irresponsável

O diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, que preside a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e a IndustriALL-Brasil, avalia que o estudo confirma o que vem sendo observado no dia a dia e aponta as ações irresponsáveis do governo Bolsonaro como o principal motivo para a queda da felicidade dos brasileiros.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

“O estudo mostra o que a gente vem percebendo no dia a dia, o aumento do desemprego, da fome, das pessoas vivendo em situação de rua em condições precárias. E escancara a ineficiência desse governo para criar políticas que reduzam a desigualdade social, combatam a fome e ajudem na manutenção dos empregos”.

“Ao mesmo tempo em que o governo não toma essas medidas tão necessárias, ele joga ao contrário, aposta na desestruturação, na quebra de mecanismos que poderiam ser importantes para criação de emprego e renda. Bolsonaro deixa esse vácuo igual deixou no auxílio emergencial, está piorando a economia e a pandemia porque aposta em remédios que não tem eficácia contra a Covid-19. Apesar da tristeza, vamos precisar nos organizar muito enquanto povo brasileiro para tentar criar uma luz no final do túnel e reagir”, reforçou.

Desigualdade e renda

Na questão da desigualdade, segundo a pesquisa, houve acréscimo de três centésimos ao que a FGV chama de Índice de Gini Trabalhista, que foi a 0,674 no primeiro trimestre, recorde na série histórica. Quanto mais perto de 1, maior a desigualdade.

Já em relação às rendas individuais do trabalho, incluindo os informais e os sem trabalho, caíram 10,89% na pandemia. A queda da renda da metade mais pobre foi de 20,81%, quase duas vezes maior que a da média.