Com ministro em Brasília governo do estado insiste em negar racionamento
Apesar das chuvas que atingiram o Estado neste final de semana, o nível do Sistema Cantareira caiu mais 0,1%, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp, e chegou a 12,1%.
Para protestar pelo agravamento da situação devido à falta de investimentos do governo estadual, um grupo de manifestantes realizou uma passeata na capital e denunciou a insistência de Alckmin em afirmar que o racionamento de água seria um erro do ponto de vista técnico.
Conforme a Tribuna já adiantou em edições anteriores, a ausência de políticas públicas com capacidade de ampliar reservas e modernizar o sistema de captação e distribuição de água está fazendo a população refém da má administração estadual.
E apesar de a crise no sistema de abastecimento ter sido reconhecida pelo governo de São Paulo no início de fevereiro, Alckmin nega que haja racionamento, mesmo com diversos locais sofrendo sucessivos cortes de água por períodos cada vez mais longos.
O governador até tentou emplacar medidas como multar em 30% do valor da conta quem consumir mais água de um mês para o outro, mas a multa nem chegou a ser oficializada por Alckmin, que recuou diante da reação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o Idec.
Segundo o Instituto, a medida ofende o Código de Defesa do Consumidor por penalizar a população pela falta de investimentos que evitassem a escassez.
O Idec ainda apontou, na época, que o governo do Estado sabe desde 2002 dos níveis preocupantes dos reservatórios de água e, no entanto, não adotou medidas como a diminuição das perdas físicas de água – perto de 25% da água tratada é perdida na rede de distribuição.
Dados da Sabesp revelam que o nível de armazenamento de água no Alto Tietê passou para 6,5%, enquanto no Guarapiranga reduziu para 39,2% e no Alto Cotia está em 30,2%.
Empresas começam a deixar São Paulo
Com a crise hídrica em São Paulo, empresas já começaram a direcionar os seus investimentos para outros Estados. Indústrias de vários segmentos estão migrando para as regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste, com o objetivo de reduzir o uso da água.
Empresas do ramo de bebidas, papel e celulose, por exemplo, fizeram o que o governador Geraldo Alckmin não fez. Enxergaram uma possível estiagem aliada à falta de planejamento e, desde o ano passado, se preparam para não sofrerem com os prejuízos da seca.
A Coca-Cola e a Ambev, por exemplo, começaram desde o segundo semestre do ano passado a investir R$ 2,4 bilhões em plantas de matérias-primas no Paraná. A Coca-Cola afirmou que ações para diminuir os efeitos da crise hídrica estão sendo estudadas. Já a Ambev está com novas instalações em Ponta Grossa, onde já investiu R$ 580 milhões.
Transferir parte dos investimentos para outros Estados foi uma solução encontrada por essas companhias para reduzir os custos no tratamento da água, já que quanto mais baixo os níveis dos rios, mais difícil de retirar lama e sujeira para seu uso.
Da Redação