Com promessa de bilhões das montadoras, casamento entre etanol e elétrico é aposta

O Brasil está prestes a receber uma chuva de investimentos na indústria automotiva: as principais fabricantes do mundo anunciaram, uma atrás da outra, investimentos robustos para desenvolver, principalmente modelos híbridos na maior economia da América Latina. Na semana passada houve dois anúncios quase simultâneos. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, celebrou os investimentos “recordes” e vê uma “grande possibilidade de novos anúncios nos próximos meses”.

“Não há coincidência”, disse em coletiva de imprensa. Segundo Lima Leite, esta onda de investimentos se deve particularmente a medidas governamentais que buscam promover a produção local com motores menos poluentes. Estas iniciativas deram “mais previsibilidade” ao setor. O Brasil prevê “a elevação gradual do imposto de importação para essas novas tecnologias” para desencorajar a entrada no país de veículos elétricos ou híbridos fabricados fora de seu território, explicou o empresário.

Além disso, um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu em dezembro o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que prevê no total cerca de R$ 19 bilhões em incentivos fiscais para que as empresas “invistam em descarbonização”. “É um marco tanto em quantia de recursos investidos, quanto nas mudanças que a gente prevê que aconteçam nesse setor”, explica à AFP Cássio Pagliarini, CSO da Bright Consulting. O híbrido é “um modelo de transição”, já que o Brasil por hora não pode passar maciçamente ao veículo elétrico “porque as baterias são muito caras”, informou.

E o governo “não tem condição de arcar com grandes subsídios” aos consumidores, como fazem vários países europeus, acrescentou. Se somam os problemas logísticos para instalar estações de carga fora das grandes cidades, em um país com dimensões continentais. Assim, o Brasil prefere apoiar a produção local de veículos híbridos adaptados ao etanol, um combustível cujas emissões de CO2 são reduzidas se comparadas aos derivados de petróleo.

Do Portal Exame/Agência AFP