“Comandante pedia para que parassem e PMs não obedeciam”, conta Wagnão
Crédito: Adonis Guerra
O secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, fez um relato sobre a violência policial durante as manifestações do dia 24 em Brasília contra as reformas da Previdência, Trabalhista e o projeto de terceirização aprovado.
“Já fui várias vezes a Brasília e nunca vi tamanha truculência por parte da polícia e das Forças Armadas como a que assistimos na quarta-feira. Além do atentado que se comete por um governo que não merece estar lá e por um Congresso que não tem moral para atacar os trabalhadores, o que vimos foi um ataque físico a todos que estavam pacificamente demonstrando sua indignação contra as reformas. Esse não é o Brasil que queremos, não é o Brasil que os trabalhadores tentam construir e não é o Brasil que queremos deixar para os nossos filhos.
Todas as centrais sindicais saíram em passeata do estádio Mané Garrincha em direção ao Congresso. Em um dos cantos da Esplanada, um grupo tentou invadir a parte cercada que não poderia ser ultrapassada. Já tinha grades de proteção, a própria polícia estava ali. Bastava se posicionar que esse grupo não conseguiria passar. Mas a reação imediata foi com cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Isso provocou uma hora e meia de brutalidade e o que percebemos é que os militares não estavam atendendo nem as ordens dos seus superiores. Eu pude presenciar cenas em que o comandante pedia para que parassem de dar tiros de borracha e de lançar bombas e os PMs não obedeciam.
E nem eram ataques contra aqueles que iniciaram o processo, eram bombas contra a multidão que estava do outro lado sentada tranquilamente no gramado. As bombas foram lançadas no caminhão de som sobre quem orientava pela normalidade do ato.
O que assisti foi a invasão do gramado por veículos táticos e cavalaria para cima de pessoas que pediam paz e calma. Existia de fato um grupo de pessoas que jogava pedra na PM. Se a manifestação não tivesse essa violência, nós mesmos conseguiríamos controlar a situação”.
Luta em defesa dos direitos e da democracia será intensificada
A CUT divulgou nota sobre o Ocupa Brasília, criticando a falta de preparo do Estado para receber uma manifestação democrática. “Milhares de mulheres, homens, jovens e crianças foram recebidos com balas de borracha e gás lacrimogêneo”, afirmou. A Central ressaltou que Temer ter invocado as Forças Armadas lembra os piores momentos da ditadura militar e, se as reformas continuarem a tramitar, será chamada uma nova greve geral maior do que a do dia 28 de abril.
“A CUT e as demais centrais não vão esmorecer na luta em defesa dos direitos e da democracia”, concluiu.
Pressão Dos Patrões
Crédito: Reprodução Globo
O empresariado ampliou a pressão para que os parlamentares aprovem as reformas da Previdência e Trabalhista, que retiram direitos dos trabalhadores. Entidades patronais também estão publicando anúncios nos jornais para defender a continuidade da tramitação das reformas de interesse dos patrões no Congresso.
Da Redação