“Combate à sonegação é mais importante do que a insistência em retirar direitos”
(Foto: Adonis Guerra)
A lista das 135 pessoas físicas e empresas que mais devem impostos federais no Brasil acumulou uma dívida de R$ 272,1 bilhões. O levantamento é disponibilizado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que incluiu em seu site o novo filtro de buscas de dívidas acima de R$ 1 bilhão para os maiores devedores do governo federal e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS.
“Isso mostra que o combate à sonegação é muito mais importante do que a insistência em retirar direitos dos trabalhadores e de aposentados. Esse é o problema real do Brasil”, explicou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.
Entre as tentativas de ataques contra a classe trabalhadora estão a reforma da previdência, com a proposta de instituir idade mínima para aposentadoria, e o projeto de liberar a terceirização geral com a precarização das relações de trabalho.
“É um Estado muito generoso com os patrões. Quando a relação com os empresários chega à falência, como é o caso dessa alta inadimplência, querem massacrar trabalhadores e atacar direitos duramente conquistados na luta”, prosseguiu.
O levantamento dos campeões nacionais de inadimplência mostra que as indústrias de transformação são as maiores devedoras, com quase 28% do total da dívida, e a maior parte do valor devido é no Estado de São Paulo (confira tabela abaixo).
“Será que isso acontece sob o cobertor da Fiesp?”, questionou Rafael. Entre os exemplos de empresas inadimplentes na base estão a Karmann-Ghia e a Proema Automotiva, em São Bernardo, que não pagaram salários nem direitos trabalhistas. A Karmann-Ghia deve mais de R$ 90 milhões e a Proema, cerca de R$ 237 milhões.
“São anos de má gestão com sucessivos erros na administração das empresas, atrasos de pagamentos e demissões. Os trabalhadores devem fazer a resistência à altura dos ataques”, disse.
Em visita aos companheiros na ocupação da Karmann-Ghia no último dia 15, Rafael ressaltou que o movimento, que completa hoje 41 dias, é em defesa da fábrica e da retomada da produção.
“A ocupação é para impedir que os antigos donos ou quem quer que seja dilapidem o patrimônio da empresa. O patrão fez o que fez aqui dentro, fraudou, sonegou e mentiu”, denunciou o presidente.
“Os dados da Procuradoria-Geral mostram que o governo sabe para onde deve ir e a forma de resolver os problemas fiscais, e não é às custas dos trabalhadores. Não aceitaremos ameaças nem retirada de direitos”, concluiu.
Da Redação