Combate ao tráfico sexual prevê punição mais rigorosa

Crime atinge principalmente brasileiras jovens e de baixa escolaridade; aliciadores em geral são empresários que prometem emprego e vida melhor

Parte das mulheres brasileiras deportadas ou não admitidas na Europa é vítima de tráfico internacional com fins de exploração sexual.

A constatação está numa pesquisa inédita no Brasil, realizada entre março e abril de 2005 no aeroporto internacional de Guarulhos. De 175 mulheres entrevistadas, 76% não foram aceitas nos países de destino.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc), as mulheres jovens, entre 18 e 21 anos, solteiras e de baixa escolaridade são as principais vítimas das redes internacionais de tráfico de seres humanos que operam no Brasil.

A principal promessa feita pelos aliciadores é a de emprego. Também há mulheres que já são profissionais do sexo e entram em contato com eles.

Enfrentamento – O tema norteou a discussão das diretrizes da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas promovida pelo governo brasileiro para tentar mudar esse quadro. De acordo com a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o debate deve envolver o combate à fome, miséria, abandono e desemprego. Ela destacou que também serão discutidas formas de punição aos aliciadores, como tornar inafiançável o crime de tráfico de pessoas.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no ano passado 2,4 milhões de pessoas no mundo foram vítimas de tráfico para trabalhos forçados. Desse total, 43% são exploradas sexualmente e 32% economicamente. O lucro aos exploradores chega a 31 bilhões de dólares (R$ 67 bilhões).