Comércio de armas: Decisão será da população

No dia 23 de outubro, um domingo, os eleitores vão às urnas decidir se proíbem ou não o comércio de armas no País.

Esse será o primeiro referendo na história do Brasil e o primeiro no mundo em que a população será consultada sobre a proibição da venda de armas de fogo.

Caso o referendo seja aprovado, só poderão andar armados os responsáveis pela segurança pública, o pessoal das Forças Armadas, policiais, agentes de inteligência e agentes de segurança privada. Ou então civis com porte concedido pela Polícia Federal.

Será preso quem for pego armado e sem o porte. Pelo Estatuto do Desarmamento, o porte ilegal é crime inafiançável e a pena varia entre 4 e 8 anos de reclusão.

Mais mortes que nas guerras

Estudo da ONU mostra que  diariamente 104 pessoas são vítimas de armas de fogo no Brasil.

Nos últimos 25 anos foram contabilizadas 550 mil mortes. Quase metade das vítimas tinha entre 15 e 24 anos.

Como comparação, basta ver que desde o começo da invasão do Iraque, em março de 2003, cerca de 25 mil civis morreram. No Brasil se mata mais que na guerrilha na Colômbia ou no conflito entre judeus e palestinos.

Pelos números da polícia, 80% das armas usadas em crimes de morte entram legalmente no mercado e, com o tempo, são extraviadas ou roubadas e acabam nas mãos de criminosos.

Contrariando o senso comum, a maior parte das armas apreendidas em situação ilegal é nacional e não contrabandeada.

Menos armas em circulação significa menos mortes. A campanha nacional de desarmamento fez cair em 8% as internações por ferimento a bala no Estado de São Paulo.

Lucro ou vida

Esses números estarão presentes na campanha gratuita no rádio e tevê que vai começar em setembro, com as campanhas sendo custeadas pelos partidários das duas posições.

Para o representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein, o referendo vai opor o lobby da indústria de armas e as entidades civis que querem o fim do comércio.

“Um grupo defende o lucro e outro defende a vida”, conclui ele.