Comércio internacional: Agora, a guerra dos carros

No mesmo dia em que a Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmou a condenação da União Européia por sua política de subsídios à exportação de açúcar, a Argentina anunciou a suspensão da liberação do mercado automotriz, previsto para 2006.

A medida contraria o que havia sido acordado pelos países do Mercosul. A decisão pode abrir um novo conflito comercial entre Brasil e Argentina, que já se desentenderam no episódio conhecido como guerra das geladeiras, sobre a comercialização de geladeiras, fogões e máquinas de lavar-roupa.

O presidente Néstor Kirchner disse que a Argentina não pode ser inundada por produtos importados e que poderá adotar restrições caso não haja uma limitação das vendas dos automóveis brasileiros.

Pelo acordo em vigor, para cada carro exportado por um país, o outro pode exportar no máximo dois. Hoje, cerca de 65% do mercado argentino de automóveis é abastecido por produtos brasileiros.

Três vitórias na OMC
A Organização Mundial do Comércio foi favorável ao Brasil, Austrália e Tailândia, que questionaram os subsídios da União Européia (EU) na exportação de açúcar.

A OMC aceitou a alegação de que o programa de subsídios abaixa artificialmente o preço do açúcar exportado pela EU, prejudicando outros países produtores. As perdas são calculadas em 400 milhões de dólares ao ano, cerca de 1,2 bilhão de reais.

Também ontem, a OMC detalhou decisão determinando que os Estados Unidos eliminem os subsídios à exportação do algodão até julho de 2005.

O Brasil alega que o governo americano pagou 13 bilhões de dólares em subsídios aos produtores de algodão em quatro anos, provocando queda artificial do preço da fibra no mercado mundial.

Sem sobretaxa
Na semana passada, a União Européia, o Brasil e mais seis países ganharam o direito de aplicar sanções comerciais de 150 milhões de dólares (450 milhões de reais) ao ano contra os Estados Unidos pelo uso de lei considerada ilegal pela Organização Mundial do Comércio.

A chamada Emenda Byrd, aprovada em 2002 e coordenada pela OMC, permite a aplicação de uma sobretaxa a determinados produtos, principalmente ao aço, e depois a distribuição desse dinheiro às empresas que se consideram prejudicadas com as importações.