Comissão celebra Dia da Consciência Negra, cobra políticas públicas e chama categoria para atos
"Marchar é também reivindicar o fim dessa escala exaustiva, a redução da jornada sem redução salarial e celebrar avanços"

Em celebração ao Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, feriado que se tornou nacional em 2023, a Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato convoca a categoria a participar de duas importantes atividades: a 22ª Marcha da Consciência Negra, na Avenida Paulista, e o Festival “Vozes Negras em Movimento”, em São Bernardo.
No dia 20, em São Paulo, a tradicional marcha terá concentração às 10h, no Vão Livre do Masp, reunindo movimentos sociais, trabalhadores e trabalhadoras, coletivos culturais e organizações que lutam pela igualdade racial e por políticas públicas de enfrentamento ao racismo.
Já em São Bernardo, entre os dias 20 e 23, acontece o festival “Vozes Negras em Movimento”, nos Estúdios e Pavilhões de São Bernardo, na Avenida Lucas Nogueira Garcez, 856. A programação, sempre das 13h às 21h, inclui shows, apresentações e intervenções artísticas, com entrada gratuita e praça de alimentação.
Pautas e reivindicações

O coordenador da Comissão, Clayton Willian, o Ronaldinho, destacou o momento simbólico para o ABC e reforçou a importância da mobilização. “Fortalecer esse movimento na nossa região é fundamental. Sabemos das dificuldades enfrentadas pela população preta, especialmente quem trabalha na escala 6×1 e não consegue participar das atividades. Por isso, marchar é também reivindicar o fim dessa escala exaustiva, a redução da jornada sem redução salarial e celebrar avanços, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais”, afirmou.
Valorização das trajetórias negras

A diretora executiva do Sindicato, responsável pelas Comissões, Andrea Sousa, a Nega, cobrou mais políticas públicas e valorização das trajetórias negras. “Somos a parte da população que mais sofre discriminação, mas queremos sair desse lugar. Queremos mostrar nossa potência, nossa beleza e nossas capacidades. Somos professores, universitários, médicos, dentistas, gerentes, economistas, sindicalistas, mães, pais, garis, policiais. Não aceitamos ser vistos apenas pelos números que nos colocam na pobreza ou nos associam à marginalidade. Temos muito a contribuir para a sociedade, e a sociedade nos deve muito. O que cobramos é o nosso direito”.
População Negra no Brasil: Trabalho, Educação e Desigualdade População negra no Brasil Pnad Contínua/IBGE 2025
• 56,4% da população (mais de 120 milhões)
Impacto das cotas no ensino superior (políticas implementadas em 2012)
Dados do livro ‘O Impacto das Cotas: Duas décadas de ação afirmativa no ensino superior brasileiro’ revelam que, enquanto no início dos anos 2000 o ensino superior era majoritariamente branco e de classes altas, em 2021 estudantes pretos, pardos e indígenas já eram maioria (52,4%) nas instituições públicas, assim como alunos das classes D e E.
Renda média mensal
Dados do Dieese 2025
• Mulheres negras: R$ 2.264
• Mulheres não negras: R$ 3.691
• Homens negros: R$ 2.849
• Homens não negros: R$ 4.835
Cargos de gerência e direção
• Pessoas negras ocupam apenas 33% desses cargos
Violência
Atlas da Violência 2025
• Taxa de homicídios entre negros: 28,9 por 100 mil
• Entre brancos: 10,6 por 100 mil