Comissão de Igualdade Racial cobra justiça no caso do jovem congolês assassinado por reivindicar salário
O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, foi espancado até a morte após cobrar salários atrasados no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde trabalhava.
O assassinato do jovem negro causou revolta nas redes sociais e a #JustiçaPorMoise está entre as mais populares.
Moïse, que veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos, como refugiado político, para fugir da guerra e da fome, foi encontrado morto na última segunda-feira, 24, próximo ao local onde trabalhava. A família do ajudante de cozinha denunciou o crime e pede justiça.
O coordenador da Comissão de Igualdade Racial dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Alberto Queiroz Rita, o Somália, repudiou o assassinato e lembrou que se trata de mais um caso bárbaro de racismo, além de descaso e preconceito com o trabalhador estrangeiro.
“É nosso dever como cidadãos brasileiros, como trabalhadores e como povo preto, denunciar as atrocidades feitas com Moïse Kabangale e cobrar justiça. Estamos todos indignados e consternados. Outro homem negro morto de forma brutal. E neste caso chama atenção também o fato de ele ser um imigrante, precisamos cobrar tratamento digno ao imigrante no nosso país, e de ser um trabalhador reivindicando o seu direito mínimo que é o pagamento pelos dias trabalhados. Vamos acompanhar o caso de olhos atentos e cobrar, junto à sociedade e movimentos sociais, que os responsáveis sejam punidos”.
Nota de repúdio
A comunidade congolesa no Brasil divulgou uma nota de repúdio afirmando que Kabangale foi espancado por 5 pessoas, entre elas o gerente do estabelecimento, que usou um taco de baseball. “Esse ato brutal não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas contra os estrangeiros”.
Investigação
Até ontem, a Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga o caso, estava analisando imagens das câmeras de segurança para tentar esclarecer o crime. Pelo menos oito pessoas já haviam sido ouvidas e nenhuma detida.