Comissão homenageia jovem negro assassinado em Santo André

Caso de Felipe reflete a realidade denunciada pelo Atlas da Violência 2025: pessoas negras são a maioria absoluta das vítimas de homicídio

No dia 9 deste mês, a Comissão promoveu uma roda de conversa na Sede do Sindicato, em São Bernardo, em homenagem ao jovem negro Felipe Moraes Oliveira, de 29 anos, morto a tiros por um segurança do Supermercado Loyola, no Jardim do Estádio, em Santo André. O crime ocorreu em 26 de agosto, após uma discussão motivada pela tentativa de Felipe entrar no local com seu cachorro.

Artista visual, músico, artesão, percussionista e capoeirista, Felipe teve sua trajetória interrompida de forma brutal. O autor dos disparos se entregou à polícia e permanece preso.

O encontro reuniu representantes de diferentes religiões, que acolheram a esposa de Felipe, Evelyn Silva, profundamente emocionada com a solidariedade recebida.

A CSE (Comitê Sindical de Empresa) na Apis Delta, Valéria da Silva, ressaltou a importância desse acolhimento e fez um desabafo: “Esse não é caso isolado, é parte de um sistema que insiste em tratar corpos negros como descartáveis. O encontro foi uma maneira emocionante para ouvirmos e acolhermos a Evelyn, que vive uma história semelhante à de tantas outras mulheres”.

Atlas da Violência

O caso de Felipe reflete a realidade denunciada pelo Atlas da Violência 2025: pessoas negras seguem sendo a maioria absoluta das vítimas de homicídio no Brasil. Dos 45 mil assassinatos registrados em 2023, mais de 35 mil eram de pessoas pretas e pardas, o que representa 76% dos casos. São 96 vidas negras perdidas por dia, com uma taxa de 29,7 homicídios por 100 mil habitantes desse grupo.