Comissão reforça que violência contra mulheres é problema de todos

Uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de agressão durante a pandemia, seja ela verbal, física ou sexual, segundo o Instituto Datafolha.

Uma menina ou mulher é estuprada a cada 10 minutos, aumento de 3,7% nos casos, com 56.098 registros de boletins de ocorrência em 2021, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Aumento de agressões físicas, com 632 casos por dia, ou seja, 26 mulheres agredidas por hora no país no ano passado, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A coordenadora da Comissão das Mulheres Metalúrgicas do ABC, Maria do Amparo Travassos Ramos, destaca que esses são apenas alguns dados oficiais, sendo que muitos casos não são notificados.

Foto: Adonis Guerra

“Este mês é conhecido como Agosto Lilás de combate à violência contra a mulher, mas a situação no Brasil é tão alarmante que é preciso reforçar que essa luta é de todos e todas, o ano inteiro. Denuncie a violência, ligue 180”, afirmou.

Agosto é marcado pela Lei Maria da Penha, que foi sancionada em 7 de agosto de 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

“Não há perfil específico de mulheres que sofrem violência. Essas são violências que matam, mas existe ainda a violência estrutural que as mulheres sofrem do dia a dia, no mercado de trabalho e na sociedade pelo simples fato de ser mulher. Mesmo tendo condições e qualificações, somos muitas vezes desacreditadas e o tempo todo precisamos provar e lutar para mostrar que somos capazes”, disse.

“Precisamos mudar essa situação, temos um governo que ataca rotineiramente as mulheres, desrespeito, machismo e agressividade não podem ser aceitos nem normalizados pela população. As mulheres precisam estar atentas neste ano, somos mais de 50% da população e podemos mudar o futuro do país nas eleições”, defendeu.

Disque 180

O 180 é o telefone da Central de Atendimento à Mulher, criado para combater a violência com três tipos de atendimento: registro de denúncias, orientações para vítimas de violência e informações sobre leis e campanhas.

Mitos da violência doméstica

“As mulheres apanham porque gostam ou porque provocam.”

Quem é vítima de violência doméstica passa muito tempo tentando evitá-la para assegurar sua própria proteção e a de seus filhos. As mulheres ficam ao lado dos agressores por medo, vergonha ou falta de recursos financeiros, sempre esperando que a violência acabe, e nunca para manter a violência.

“É fácil identificar o tipo de mulher que apanha.”

Não existe um perfil específico de quem sofre violência doméstica. Qualquer mulher, em algum período de sua vida, pode ser vítima desse tipo de violência.

“Se a situação fosse tão grave, as vítimas abandonariam logo os agressores.”

Grande parte dos feminicídios ocorre na fase em que as mulheres estão tentando se separar dos agressores. Algumas vítimas, após passarem por inúmeros tipos de violência, desenvolvem uma sensação de isolamento e ficam paralisadas, sentindo-se impotentes para reagir, quebrar o ciclo da violência e sair dessa situação.