Comissões Operárias na Espanha

O movimento operário espanhol montou a organização no local de trabalho através das comissões operárias nos anos 50, estabelecendo um marco decisivo na sua longa luta de resistência à ditadura franquista. Essa forma de organização consolidou-se nas décadas seguintes, sendo fundamental no transição democrática na Espanha nos final dos anos 70.

Foram necessárias duas décadas de resistência e luta para se chegar a esse nível de organização. Com a derrota das forças populares na Guerra Civil espanhola, entre 1936 e 1939, o movimento operário foi desarticulado foi criada uma estrutura sindical oficial.

Contra essa estrutura e para defender os interesses dos trabalha-dores, surgiram organizações paralelas, que atuavam na clandestinidade. Essas organizações eram espontâneas e tinham uma existência rápida: desapareciam ao término da mobilização e luta que lhes haviam dado origem. Nos anos 50, as comissões tornaram-se instituições permanentes.

A principal característica das Comissões Operárias, responsável pelo êxito de sua atuação num contexto de forte repressão ao movimento operário, foi a combina-ção da luta legal com a luta clandestina. Embora disputassem os cargos de direção nos sindicatos oficiais, as Comissões espanholas mantinham seu núcleo e direção na clandestinidade.

Adotando uma estrutura que variava de acordo com as particularidades de cada região, as Comissões também buscavam evitar a dispersão e a fragmentação. Nesse sentido, criaram comissões que coordenavam as lutas no âmbito regional, como ocorreu em Vizcaya, ou comissões que articulavam um setor produtivo, como a comissão dos metalúrgicos de Barcelona. Uma coordenadoria inter-ramos unificava a ação das comissões dos diferentes ramos. Nas bases, organizavam-se comissões operárias por empresa.

Foi essa organização que permitiu, com a queda da ditadura franquista, o florescimento de uma estrutura sindical nova, democrática, unitária e profundamente enraizada entre os trabalhadores.

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