Comitiva irá conhecer experiência alemã para garantir empregos


Valter Sanches, diretor de Comunicação do Sindicato, que coordenará a viagem. Foto: Rossana Lana / SMABC

O presidente do Sindicato e secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, embarca no final desta semana para a Alemanha com uma comitiva de sindicalistas, representantes do governo federal e empresários.

Eles vão conhecer o funcionamento do Kurzarbeit, que significa trabalho reduzido e é custeado por um fundo criado há mais de 40 anos, para assegurar o emprego dos trabalhadores em tempos de crise econômica naquele país.

“O significado de Kurzarbeit é trabalho reduzido ou semana reduzida e traduz nossa proposta”, disse Valter Sanches, diretor de Comunicação do Sindicato, que também coordena a viagem.

Segundo ele, nos momentos em que o mercado entra em retração na Alemanha e há a necessidade de diminuir a produção, o Kurzarbeit é aplicado, reduzindo a jornada de trabalho.

Essa semana menor é negociada entre o sindicato dos trabalhadores e as empresas e o fundo complementa os salários. 

A iniciativa de conhecer de perto o funcionamento do sistema alemão de garantia de emprego tem como objetivo propor a criação de sistema semelhante no Brasil por meio de uma adequação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). 

“Em vez de pagar o seguro desemprego por meio do FAT, o governo passaria a pagar um ‘seguro emprego’ e a garantir o companheiro em seu posto de trabalho”, explicou Sanches.

Para o diretor do Sindicato, todos os instrumentos de defesa do emprego existentes no País – cancelamento de horas extras, férias coletivas, banco de horas, licença remunerada, redução de contratos de terceiros, suspensão de contratos, entre outros – têm se mostrado insuficientes para manter os postos de trabalho em períodos mais longos de crise.

“O sistema atual é perverso, porque define um grupo como excedente e cria uma ilusão nos companheiros fora do grupo de que o problema foi solucionado”, continuou o dirigente. “Infelizmente, isso muitas vezes não é real”, analisou.

“No modelo alemão de Kurzarbeit, ao contrário, todos os trabalhadores contribuem com a solução da crise de forma solidária”, concluiu Sanches.

Fundo contribuirá para redução da rotatividade
A criação de um fundo que garanta os empregos em tempos de crise contribuirá para diminuir a rotatividade no emprego, já que prevê a preservação dos postos de trabalho.

Estudos do Dieese mostram que a rotatividade da mão de obra no Brasil é usada pela maioria das empresas como um instrumento para reduzir salários e conquistas. 

Isso significa que além da instabilidade e baixa da qualidade de vida do trabalhador, a rotatividade é responsável pelo aumento das despesas do seguro desemprego. 

Os campeões de rotatividade no Brasil são a construção civil (86%); agrícola (74%); comércio (42%); serviços (38%); indústria de transformação (37%) e indústria extrativa mineral (20%).

Da Redação