Companheiros na Darka querem montar cooperativa em fábrica falida
Empresa foi lacrada pela justiça há quase três meses
Fotos: Rossana Lana / SMABC
Sem receber desde que a empresa foi lacrada há quase três meses, os cerca de 40 companheiros na Darka, em Diadema, passam por sérias dificuldades financeiras porque não tiveram baixa na carteira e não podem trabalhar.
A fábrica de filtros e bombas hidráulicas foi fechada em 27 de agosto pela Justiça, que acatou pedido de falência por dívidas, surpreendendo os trabalhadores.
Os companheiros na Darka, contudo, acreditam que a fábrica pode ser reaberta e tocada por um sistema de cooperativa comandado pelos próprios trabalhadores.
Eles aguardam apenas os trâmites jurídicos legais para isso acontecer, enquanto torcem pela liberação do FGTS para poderem pagar o aluguel atrasado, colocar comida em casa ou bancar a passagem de ônibus dos filhos até a escola.
“Comecei a depender dos outros. Tenho quatro filhos e o mais velho está indo a pé até o Senai”, disse o torneiro mecânico Luiz Antonio Gonçalves de Almeida, na Darka há 24 anos. “O pior é que o dinheiro do FGTS, que é meu, está bloqueado”, protestou.
Antonio Ferreira está numa situação melhor, já que mora numa casinha própria, não tem filhos e a mulher trabalha.
Pedidos por telefone
“Estou fazendo uns bicos, quando aparecem”, comentou. Já seu companheiro José Ferreira está com problemas sérios. Após três meses de atraso no aluguel, é ameaçado de despejo.
Dona Alice, uma espécie de faz tudo na Darka, comentou que o neto pediu um panetone e não compreendeu o porquê da avó não atender seu desejo. “É um momento difícil, muito sofrido”, afirmou.
E o torneiro Carlos Antonio de Oliveira, que trabalha a 24 anos na empresa, disse que está se virando para bancar o mês.
“Tenho certeza de que, reabrindo, os trabalhadores tocam sozinhos a fábrica, num sistema de cooperativa, sem precisar do patrão. Até hoje o telefone não para de tocar com empresas querendo fazer pedidos”, afirmou.
Da Redação