Companheiros na Karmann-Ghia fazem assembleia e entram no 6° dia de ocupação

(Foto: Edu Guimarães)

Durante assembleia realizada na manhã de ontem, os trabalhadores na Karmann-Ghia, em São Bernardo, decidiram por unanimidade dar continuidade ao acampamento dentro da fábrica, iniciado na última sexta-feira, dia 13.

O movimento visa garantir direitos dos companheiros a partir de parecer favorável obtido pela ex-diretoria da empresa na justiça.

“Vamos mostrar para os empresários que a categoria é unida e está disposta a lutar. É importante mostrar para a sociedade que nós estamos aqui em defesa dos nossos direitos e salários”, reforçou o coordenador de São Bernardo, Nelsi Rodrigues, o Morcegão.

“Nós precisamos fazer uma articulação para que todos os companheiros se somem a esse conjunto de trabalhadores”, continuou.

O principal motivo que levou a crise na Karmann-Ghia foi a indefinição sobre os donos. A respeito desse processo de compra emperrado, Morcegão declarou: “Quem é o dono dessa fábrica? Somos nós, os trabalhadores e vamos continuar resistindo para buscar o que é nosso”. “É grande a nossa responsabilidade à frente de uma negociação difícil como essa, de uma empresa tão importante para a região. É preciso aumentar essa militância, porque se a fábrica é importante, o trabalhador é mais importante, já que é ele quem produz a riqueza”, reforçou o diretor de Organização do Sindicato, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho.

Sobre a atual situação da Karmann-Ghia, o diretor do Sindicato, Carlos Caramelo, que também acompanha as negociações, explicou: “São 260 trabalhadores demitidos sem indenização.

Atualmente estão em vigor seis acordos, com blocos diferentes de trabalhadores, nos quais a empresa assume a dívida. Há também casos individuais, e todas essas ações movidas pelo Sindicato correm na justiça. Continuam em atividade na fábrica 320 companheiros em situação indefinida, com salários atrasados há três meses”.

Durante a assembleia, os trabalhadores decidiram enviar representantes hoje à sessão da câmara dos vereadores para colocar a questão em pauta.

Os trabalhadores na Karmann-Ghia também receberam o apoio de CSEs na Mercedes, Scania, Ford, Selco, Mahle, Rassini, Otis, ZF, RCastro, Panex e Fiam.

Luta em família

A falta de pagamento coloca em dificuldade muitas famílias. “É importante justificar que alguns companheiros não vêm pra a fábrica porque não têm o dinheiro do vale trans-porte”, lamentou o diretor do Sindicato, Carlos Caramelo.

Em momentos como esse, o apoio da família é fundamental. É assim que pensa a manicure Maria Edilanea Oliveira, 36, que junto a filha de cinco anos, Yasmin, acompanhou o marido Paulo Dias, soldador na Karmann-Ghia, durante a assembleia.

É com o dinheiro que ganha, que Maria está sustentando a família, o casal tem mais um filho de 13 anos. Paulo está em casa desde janeiro sem receber nada.

“Acho importante estar aqui com ele, porque o homem sem a força da mulher esmorece e fica desanimado. A mulher precisa estar junto e atenta ao que está acontecendo, porque do jeito que atinge ele, atinge a gente também, nós sofremos a necessidade dentro de casa”.

Da Redação