Concentração de renda: Os ricos cada vez mais ricos
A extrema concentração de renda fez dobrar o número de famílias ricas no Brasil em 20 anos. No mesmo tempo o número de pobres aumentou 18%. Em 1980, o País tinha 505 mil famílias ricas, número que saltou para 1,162 milhão em 2000.
Essa é uma das conclusões do Atlas da Exclusão Social – Os ricos no Brasil, elaborado por quatro universidades utilizando dados do Censo de 2000 feito pelo IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios. São consideradas ricas as famílias que ganham mais de R$ 10.982,00 mensais.
Para o economista Márcio Pochmann, organizador do Atlas, o aumento do número dos ricos mostra a incapacidade do Brasil de realizar reformas que mudem o padrão de distribuição de renda.
>> Faltou reforma tributária
Ele explicou que em países como França e Estados Unidos a diferença entre ricos e pobres é menor por causa das reformas feitas na estrutura tributária. “Os ricos pagam mais impostos do que os pobres”, disse.
Pochmann comentou que no no Brasil é diferente: “O Estado, ao invés de promover a distribuição de renda através de tributos progressivos, impõe uma carga tributária maior sobre os mais pobres”.
O estudo confirma a desigualdade social quando mostra que apenas 8,7% das famílias de alta renda são negros ou pardos.
Os dados do Atlas também mostram que, junto com o aumento do número de ricos, há um esvaziamento da classe média e um número maior de pobres.
Por fim, o economista explicou que a economia foi financeirizada. “Antes, o padrão de riqueza era fundiária, baseada na terra. Depois passou para a riqueza da indústria e hoje temos a riqueza financeira, obtida com a especulação”.