Concessionárias já negociam com Banco do Brasil financiamento de automóveis

BB procura revendas para apresentar planos de financiamento para irrigar o crédito no mercado, como pediu o presidente Lula

O Banco do Brasil já começou as conversas com as concessionárias de automóveis para incrementar sua participação nos financiamentos do setor. A iniciativa ocorreu cinco dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunir com os dirigentes das montadoras e escutar as dificuldades que o setor vem passando com a retração de crédito no país.
Segundo Marcos Leite, gerente de vendas da Amazon, concessionária da Volkswagen em São Paulo, os representantes do Banco do Brasil procuraram a revenda e ficaram de apresentar os planos de financiamento da instituição nos próximos dias. Já sobre a Caixa Econômica Federal (CEF), que também participará da irrigação de crédito no mercado, o executivo informou que não houve contato.

“Por enquanto foram só conversas. Ainda não dá para saber com que vontade eles [Banco do Brasil] vão chegar”, disse. De acordo com Leite, as vendas durante outubro na concessionária recuaram 9,5% por conta da dificuldade de financiamentos.

Para ele, o resultado do mês poderia ter sido pior se os bancos das montadoras não tivessem subsidiado as taxas de juros. “O Banco Volkswagen, por exemplo, chegou a manter juros de 0,99% ao mês para quem tivesse 50% do valor do veículo para dar de entrada”, informou.
Amanhã, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulga o balanço das vendas em outubro, que caíram 2,12% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mas em relação a setembro, a queda foi de 10,8%. No total, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, o número de emplacamentos do mês foi de 239.267 unidades.
No acumulado do ano, o volume de licenciamentos chegou a 2,44 milhões, o que significa um crescimento de 23,42% sobre igual intervalo de 2007, quando foram emplacadas 1,98 milhão de unidades. A Fiat se mantém na liderança, com 23,5% do mercado, seguida pela Volkswagen, com 22,3%, a General Motors (20,01%) e a Ford (9,80%).
Uma parte da diferença entre os volumes de vendas de setembro e outubro deveu-se à paralisação das compras de locadoras de veículos e grandes frotistas, que dependem do crédito para renovar a linha de produtos.

Ontem os presidentes das montadoras deveriam se reunir na sede da entidade do setor, a Anfavea, para discutir formas de receber os recursos do BB e CEF.

 

Do jornal Valor Econômico (4/11/2008)