Confiança da indústria sobe e indica recuperação

Os dados de setembro da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), reforçam a percepção de que a recuperação do setor está em curso. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 0,9% no mês, consolidando o movimento de alta iniciado em agosto, quando o indicador avançou 1,4% sobre julho, descontados efeitos sazonais. O indicador alcançou 105 pontos em setembro e se aproximou da média dos últimos 60 meses (105,4 pontos).

“Existem sinais de melhora que não eram percebidos no segundo trimestre”, afirma Aloísio Campelo, coordenador do estudo, citando a produção prevista para os próximos três meses e a expectativa dos empresários em relação aos negócios nos seis meses seguintes.

Segundo ele, os empresários já estão contando com novas encomendas, o que explica o salto de 4,1% na produção prevista pela indústria para o próximo trimestre. Com o avanço, o indicador atingiu 130,9 pontos em setembro, superando a média dos últimos 60 meses, de 127,2 pontos.

Entre agosto e setembro, o percentual de empresas que afirmam que irão produzir mais nos próximos meses passou de 38,8% para 42,8%, enquanto a fatia das que dizem que irão reduzir a produção caiu de 13% para 11,9%. “Não só as medidas voltadas especificamente para a indústria ajudam na recuperação do setor, mas também a politica monetária. O conjunto de ações adotadas pelo governo está tendo impacto maior agora”, diz Campelo. Prova disso, segundo ele, é a melhora disseminada da confiança entre os setores industriais.

Em setembro, 8 dos 14 setores pesquisados pela FGV apresentaram melhora na confiança. Houve queda em três setores e estabilidade em outros três. No mês passado, o cenário era praticamente o oposto, com piora da confiança em oito setores, aumento em quatro e estabilidade em dois. “Antes, a confiança estava concentrada nos setores que receberam benefícios fiscais do governo. Agora, a política monetária está fazendo mais efeito, possibilitando melhora generalizada”, diz Campelo.

O otimismo dos empresários se deve à avaliação do futuro. O Índice da Situação Atual (ISA) ficou estável (-0,1%) na comparação com agosto, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 1,7% sobre ao mês anterior, feitos os ajustes sazonais.

O percentual de empresas que vislumbram melhoras nos negócios nos próximos seis meses passou de 51,9% em agosto para 53,7% em setembro, ao passo que os empresários que estimam piora nos resultados recuou de 8,7% para 8% no período. Com esse panorama, o indicador que mede a situação futura dos negócios atingiu em setembro o maior patamar do ano, marcando 145,7 pontos e superando a média dos últimos 60 meses, de 139,6 pontos.

A retomada da atividade industrial, entretanto, deverá ocorrer em meio a poucas contratações de trabalhadores, na avaliação de Campelo. Segundo ele, como as empresas evitaram demitir no período de desaceleração econômica, não haverá grande necessidade de ampliação no quadro de funcionários para suportar o aumento da produção.

O indicador que mede o emprego previsto para os próximos três meses na indústria recuou 0,7% em setembro, na comparação com o mês anterior, feitos ajustes sazonais. Foi o terceiro mês consecutivo de retração, levando o indicador aos 109,9 pontos, abaixo da média dos últimos 60 meses, de 114 pontos.

O nível de utilização da capacidade instalada, por outro lado, se manteve estável. Ficou em 84,1% em setembro, mesmo patamar de agosto (84%) e ligeiramente acima da média dos últimos 60 meses, de 83,7%.

 

Do Valor Econômico