Conflito no Mar Vermelho vai atrasar entrega de peças no Brasil

Redesenho do fluxo de navios feito por embarcadores aumenta o tempo de chegada de carga ao país

Nos últimos dias as montadoras de veículos voltaram a enfrentar problemas logísticos em suas operações globais, uma realidade que parecia ter ficado para trás com o fim da pandemia de coronavírus. Desta vez, conflitos armados na região do Mar Vermelho, uma importante via de navegação que liga a Ásia à Europa, refletiu na produção de montadoras como Volkswagen, Volvo e Tesla. E há mais por vir, inclusive envolvendo o Brasil.

Segundo Rafael Cristelo, gerente geral da operadora de transporte marítimo K Line, o entrave na região não deverá provocar falta de peças nas montadoras e seus fornecedores no curto prazo. Por outro lado, é possível atrasos nos desembarques de componentes importados. Como o acesso à Europa via Canal de Suéz deixou de ser usado por alguns embarcadores, a opção para chegar na Europa foi a utilização da rota que passa pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.

Estima-se que este caminho acrescente dez dias a mais em navegações que, antes, utilizavam o acesso pelo Mar Vermelho. Com isso, um navio que, por exemplo, seria usado para trazer carga ao Brasil, passa a ficar alocado em outra rota, e por mais tempo, por causa do conflito. O segundo efeito, ainda de acordo com o executivo, é a falta de espaço para cargas, uma vez que os navios da frota global estão dedicados no transporte mais longo entre Ásia e Europa.

O atraso na entrega dos componentes importados, e, eventualmente, até uma situação de falta de peças no caso de um agravamento do conflito, pode vir a ser uma boa notícia para fabricantes locais. Para Carlos da Silva, analista do setor automotivo na América do Sul da S&P, o cenário poderia representar uma oportunidade para parte da indústria local. “Existe uma possibilidade de que esse problema se torne positivo para uma parte da indústria automotiva brasileira. Fornecedores localizados no Brasil poderiam começar a ver parte de a demanda europeia de peças migrar para eles, mesmo que de maneira parcial e temporária”.

Do Automotive Business