Conflitos no campo: Assassinatos caem pela metade

Diminuiu pela metade o número de assassinatos em disputas de terra no País se forem comparadas as execuções ocorridas no ano passado com as registradas em 2003. Segundo o relatório Conflitos no Campo no Brasil, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), no ano passado aconteceram 39 mortes nestes confrontos contra 73 computadas em 2003.

Por outro lado, de acordo com o mesmo documento, o número de pessoas envolvidas nos conflitos subiu de 1.690, em 2003, para 1.801 no ano passado. O assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido dia 12 de fevereiro, em Anapu, no Pará, foi lembrado pela publicação.

“A pistolagem naquele Estado virou uma profissão. Em qualquer lugar se encontram pessoas para fazer esse tipo de negócio”, afirmou o coordenador da CPT, José Batista Afonso. 

Dorothy Stang

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Pará gravou na semana passada programas de duas rádios clandestinas de Anapu que atacam Dorothy Stang e o PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) idealizado por ela.

As rádios funcionam ilegalmente e uma delas transmite de dentro dentro da Câmara Municipal. De lá divulgou discurso inflamado do vereador Paulo Anacleto (PPS) contra a missionária. “Eu morreria e morro sendo contra as ações que ela fazia aqui”, disse.

A rádio também transmitiu mensagens de produtores rurais e comerciantes contra o PDS. Em um dos trechos, um comerciante afirma que nada justifica tirar a vida de uma pessoa, exceto num caso de legítima defesa, defesa de terceiros ou defesa de seu patrimônio. “Se eu não posso defender minha propriedade, o que eu estou fazendo aqui?”, declarou.

A OAB denuncia que vereadores e empresários promovem uma campanha para tentar transformar a imagem da missionária. “A idéia é criar um clima para quando o Exército sair de lá eles entrarem com tudo e dominarem os pequenos agricultores”, alerta a entidade.